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Animais noturnos: características do morcego, coruja e mais animais

O dia acaba, o Sol se vai e é nessa hora que vários animais saem de suas tocas e ninhos para procurarem comida. A escuridão da noite é o momento perfeito para a vida de muitos tipos de animais, que acabaram adquirindo habilidades especiais como: super visão, super audição, super olfato, entre outros, justamente por viverem durante esse período do dia.

Cada tipo de animal tem a sua habilidade especial, que os diferencia dos demais. Essas habilidades foram surgindo com o tempo, ou seja, os animais foram se adaptando ao estilo de vida noturno até conseguirem tais características.

Algumas dessas características são usadas para caçar a presa, enquanto outras surgiram para que esses animais pudessem se defender.”

Raposa caçando a noite

Os animais noturnos desenvolveram a predileção pela noite para caçarem ou não serem a caça (Foto: depositphotos)

Por que alguns animais são noturnos?

Mas porquê alguns animais passaram a viver ativamente durante a noite? Pesquisadores afirmam que determinados ambientes, durante o dia, não oferecem condições favoráveis para algumas espécies viverem.

Um exemplo disso são as rãs e sapos, que possuem uma pele muito sensível a altas temperaturas e ao ficarem muito tempo expostos ao Sol, podem acabar se machucando. Sendo assim, esse tipo de animal melhor se adaptou a viver durante a noite.

Outro possível motivo, para alguns animais viverem a noite, seria porque essa foi a forma encontrada para fugirem dos seus predadores. Animais que eram caçados sempre durante o dia, passaram a viver de noite na tentativa de não mais serem presas.

Exemplos de animais com hábitos noturnos

Morcegos

Morcego voando

Devido a baixa visibilidade da noite, os morcegos desenvolveram bem a audição (Foto: deposipthotos)

O morcego talvez seja o animal que melhor representa a vida noturna. Durante o dia ficam escondidos em cavernas ou brechas escuras, descansando. Quando a noite chega, saem à procura de alimentos. Nem todos os morcegos são hematófagos, ou seja, se alimentam de sangue, a maioria gosta de pequenos insetos e frutas.

Por viverem a noite, eles adquiriram uma habilidade bastante peculiar, a “ecolocalização”. Funciona como um tipo de radar no qual o morcego emite um som numa frequência muito alta (imperceptível aos ouvidos humanos) e esse som, ao tocar em alguma superfície, dá ao animal a percepção necessária para que ele desvie do obstáculo ou avance ao mesmo, caso seja uma presa.

Os morcegos em geral apresentam alta longevidade se comparados a mamíferos de mesmo porte: enquanto um rato de 40 g vive até dois anos, um morcego pode viver até 20 anos na natureza.

Por ter hábitos noturnos, tem poucos cones na retina, uma estrutura relacionada com a percepção de cores. Mas não são cegos! E embora todas as espécies brasileiras usem a ecolocalização para se orientarem, alguns frugívoros maiores também se localizam pela visão.

Por utilizar primariamente o sistema de ecolocalização, os olhos são pequenos, as orelhas são grandes e as ornamentações nasais e faciais muitas vezes estão presentes. Na maior família brasileira, Phyllostomidae, a folha nasal proeminente toma parte importante no direcionamento dos ultrassons que saem pelas narinas.

Durante o processo de ecolocalização, eles transmitem sons de alta frequência pela boca ou pelo nariz, que são refletidos por superfícies do ambiente, indicando a direção e a distância relativa dos objetos.

Para esses animais noturnos, uma coloração viva seria de pouca utilidade e, por isso, há apenas variações entre o preto e o pardo, com algumas espécies ruivas ou amareladas. Mesmo assim, podem ocorrer pelagens brancas como nas espécies de Diclidurus.

Corujas

Coruja ao luar

A coruja tem uma super visão, o que lhe ajuda a ver e a caçar durante a noite (Foto: depositphotos)

Outro animal bastante conhecido por sua vida noturna são as corujas. Essas, por sua vez, detém a habilidade da super visão. Elas não enxergam colorido, no entanto, isso não é problema, quando se pode enxergar um pequeno alvo a cerca de 10 metros de distância e com baixa luminosidade. Por essa habilidade a coruja é uma eximia caçadora.

De hábitos noturnos, a coruja tem preferência em fazer ninhos em buracos de árvores, fendas em rochas e também em torres de igrejas. Ela se alimenta de pequenos mamíferos e aves, morcegos, ratos e insetos grandes.

Para caçar, fica camuflada em galhos de árvores. Com visão noturna e audição extremamente aguçadas, quando percebe qualquer movimento, ela se aproxima silenciosamente até cercar e capturar sua presa entre suas garras.

Mais leve do que a de outras aves, a pelagem das corujas permite que ela mova as asas quase sem ruído, o que facilita esses ataques sorrateiros e, quase sempre, fatais para as presas. Essa é uma das características que, ao longo do tempo, ajudou a alimentar mitos e crendices sobre as corujas, muitos deles associados ao mau agouro e à morte.

As corujas são um bom exemplo dos processos de diversificação das espécies. Atualmente estão descritas um total de 250 espécies em todo o mundo, distribuídas em todos os ambientes, com exceção da Antártida e das ilhas oceânicas.

A maioria das espécies são arbóreas e de hábitos noturnos, mas existem espécies terrestres, que caçam e se alimentam durante o dia. Seu tamanho também varia consideravelmente. A espécie com menor tamanho tem 14 centímetros ou menos e a maior chega a 80 centímetros de altura.

Apesar de estarem dispersas em quase todos os continentes, a maioria vive em áreas tropicais, sendo que um terço em áreas neotropicais.

São as únicas aves com olhos dirigidos para frente, com visão estereoscópica altamente desenvolvida que, a despeito da pequena mobilidade, apresentam um amplo campo visual porque podem mover a cabeça até 270 graus.

Algumas espécies desenvolveram um sistema de audição com orelhas assimétricas, provavelmente para melhorar as estratégias de localização de presas em ambientes noturnos com vegetação densa. Podem capturar vertebrados de vários tamanhos. No estômago ocorre a separação de pelos e ossos que, em forma de pelotas, são regurgitados. Os restos ficam depositados debaixo dos ninhos.

Seus hábitos noturnos impõem bastante dificuldade de observação e registro, por isso várias espécies ainda não foram suficientemente estudadas. As corujas apresentam grande valor ecológico para os ecossistemas em que habitam porque ocupam o último nível da cadeia trófica. O conhecimento sobre essas populações é uma medida para regular o tamanho das populações de suas presas.

Outros exemplos

No mundo animal ainda existem muitos outros animais que preferem a noite, ao invés do dia. A maioria dos felinos é um exemplo. Jaguatirica, gato-do-mato, onça pintada, lobo-guará, entre outros. O escorpião, texugo, vaga-lume, tarântula, rato, toupeira, gambá, lobo, também são animais noturnos.

E essa lista ainda é muito vasta. Cada tipo de animal tem suas próprias características, que lhes ajudam a sobreviver durante a noite. Seja para caçar ou não ser a caça.

Referências

» ESCLARSKI, Priscilla; MENQ, Willian; GARUTTI, Selson. Corujas: verdade e mitos. Uma análise das crendices populares envolvendo as corujas. Anais eletrônico. VII Encontro Internacional de Produção Científica, 2011.

» DOS REIS, Nelio R. et al. (Ed.). Morcegos do brasil. Univesidade Estadual de Londrina, 2007.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.