Atlantismo

Derivado da Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN), o atlantismo surge uma proposta que tem como base a cooperação entre os Estados Unidos, o Canadá e a Europa Ocidental. Nascida no contexto da defesa da Europa Ocidental de uma possível expansão comunista, posteriormente adquiriu um sentido mais amplo, como uma verdadeira doutrina política de viés liberal.

Como sujeito de contrapartida principal quanto ao pensamento dominante no contexto da OTAN, surgiu na época o Pacto de Varsóvia, os quais apesar de rivais, nunca entraram em combate militar de forma direta, representados mais fielmente pelos Estados Unidos de um lado (capitalista) e a União Soviética de outro (Socialista).

Com a derivação do Atlantismo, expandem-se as intenções de cooperação, tendo como pilares a União Europeia e a Comunidade Norte-Americana.

O que é o Atlantismo?  

O Atlantismo ganha esse nome justamente porque se estabelece em ambos os lados do Oceano Atlântico, com o continente americano de um lado e a Europa de outro. O Atlantismo intensifica-se diante do processo de globalização, quando parece emergir uma necessidade de cooperação entre os países, como forma de fortalecimento de suas economias, bem como de seus domínios militares e políticos.

Vetor de duas mãos se apertando

O atlantismo é a cooperação entre os Estados Unidos, o Canadá e a Europa Ocidental (Foto: depositphotos)

Assim, o Atlantismo pode ser entendimento como uma doutrina política que tem como base a cooperação entre os Estados Unidos, o Canadá os países do continente europeu, entendendo-se que estes tenham valores em comum. Neste sentido, os dois pilares do Atlantismo seriam a União Europeia e a Comunidade Norte-Americana, cada qual com suas especificidades, mas buscando fortalecer-se mutuamente através de cooperação geopolítica.

Como acontece igualmente com outros pactos de cooperação, o Atlantismo encontra posicionamentos favoráveis, mas também muitas críticas. Um exemplo disso é que o Reino Unido, os países bálticos e a Polônia são favoráveis ao Atlantismo, bem como outros países europeus.

No entanto, grandes potências como a Alemanha e a França mostram-se descontentes, ou nem tão favoráveis com as políticas do Atlantismo, isso porque há um fortalecimento da presença dos Estados Unidos em assuntos que dizem respeito a organização europeia. Esse posicionamento varia em conformidade com os parlamentares que se encontram no governo no momento, os quais, dependendo de sua visão política, concordam em menor ou maior grau com essa cooperação com a América do Norte.

O mesmo ocorre com a Espanha e a Itália, onde também há uma inconstância quanto ao acordo, dependendo dos governos que estão no poder. A Rússia é forte opositora ao Atlantismo já que entende que essa cooperação entre os Estados Unidos e a Europa é uma forma de criar mecanismos para barrar o crescimento russo, impondo uma dominação estadunidense e uma imposição mundial de políticas liberais

Origem

As bases da doutrina que ficou conhecida como Atlantismo surgem durante o contexto da Guerra Fria (1947-1991) quando a Europa Ocidental, em conjunto com os Estados Unidos e o Canadá, fundaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para criar bases estratégicas para defesa contra a expansão das ideias comunistas que eram propagadas pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URRS) no contexto.

A URRS criou como forma de contrapartida o chamado Pacto de Varsóvia em acordo com a Albânia, a Alemanha Oriental, a Bulgária, a Polônia, a Tchecoslováquia, Romênia e ainda a Hungria em 1955. Eram países observadores do Pacto de Varsóvia também China, a Coreia do Norte, Cuba, o Egito e a Índia. O Pacto foi criado com a intenção de contrapartida, ou defesa, contra os ataques possíveis da OTAN mas, apesar disso, ambos nunca entraram em efetivo combate militar. O Pacto de Varsóvia foi desfeito em 1991, com a dissolução da União Soviética. 

Já a Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN) foi criada em 1949 pelos Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental, e suas ideias permanecem até os dias atuais, embora tendo mudado o viés de atuação.

A ideia central de criação da OTAN foi a defesa dos países membros da organização no caso de um ataque por parte dos países de vertente socialista que dominavam a parte Oriental da Europa durante a Guerra Fria. A OTAN continua existindo, diferentemente do Pacto de Varsóvia, e hoje é constituída por Albânia, Alemanha, Bélgica, Canadá, Croácia, Dinamarca, Espanha, os Estados Unidos, a França, Grécia, os Países Baixos, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal, Reino Unido, Turquia, Hungria, Polônia, República Checa, Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e a Eslovênia.

Da OTAN deriva um pensando político de cooperação entre a América do Norte, principalmente representada pelos Estados Unidos, e a Europa Ocidental. Diante disso, emerge a doutrina que ficou conhecida como Atlantismo. 

Reflexões sobre a cooperação

Há uma tendência, especialmente no mundo globalizado, de aproximação e políticas de cooperação entre os países. Exemplos disso são os blocos regionais, em sua ampla maioria, de viés econômicos, que estabelecem medidas de fortalecimento através de redução ou eliminação das taxas alfandegárias, livre circulação de pessoas e capitais, e até mesmo o uso de uma moeda única, como no caso da União Europeia.

A relação entre os países no contexto da globalização é bastante complexa, já que ao mesmo tempo em que são flexibilizadas as barreiras de comunicação existentes entre estes, são também criadas estratégias de promoção de agrupamentos. Assim, a regionalização não desaparece no contexto da globalização ou mundialização.

Os Estados Unidos continuam sendo uma peça central nas dinâmicas mundiais, seja na economia, na política, na questão bélica e mesmo na tomada de decisões de ordem ambiental. A Europa é igualmente um sujeito importantíssimo em relação aos acontecimentos mundiais, e destaca-se no âmbito econômico pela União Europeia.

Desse modo, é esperado que os Estados Unidos, ou a América do Norte como um todo, envolvendo principalmente o Canadá, e a Europa definam acordos de cooperação, sendo que a expressão “região Europa-América” é um debate profícuo no âmbito das discussões geopolíticas. Entre a América e a Europa está o Oceano Atlântico, por isso, não raro, os acordos levam em consideração a importância de um fortalecimento de ambos os lados do Atlântico, onde o eixo euro-americano tenta se impor como dominante. 

Referências

» AUMENTE, José. Del ‘atlantismo-OTAN’ a un ‘neutralismo activo’. El País. Disponível em: https://elpais.com/diario/1985/08/05/espana/492040811_850215.html. Acesso em: 24 de novembro de 2017.  

» HILLARD, Pierre. L’architecture du bloc euro-atlantique. Disponível em: https://www.diploweb.com/forum/hillard07022.htm. Acesso em: 24 de novembro de 2017. 

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).