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Ciclo da borracha no Brasil

A borracha teve seu uso desenvolvido em função de diversas descobertas científicas no século XIX. O látex era usado inicialmente na fabricação de borrachas escolares, seringas e galochas e, anos mais tarde, estudos do cientista Charles Goodyear foram responsáveis pelo desenvolvimento de um processo de vulcanização por meio do qual a resistência e a elasticidade do material foram aprimoradas. Esse processo permitiu a ampliação dos usos do material para produção de correias, mangueiras, pneus e sapatos. Com a indústria automobilística em plena expansão, aumentou ainda mais a demanda da borracha, uma vez que era a matéria-prima usada para a fabricação de pneus.

Ciclo da borracha no Brasil

Foto: Reprodução

A produção

Uma das maiores produtoras de látex é a região amazônica, que aproveitou a extensão dos usos do material para transformar-se no maior polo de extração e exportação de látex do mundo. Em três décadas, entre 1830 e 1860, a exportação de látex da região subiu de 156 para 2673 toneladas. A extração nos seringais era feita com a contratação de trabalhadores principalmente da região nordeste, que fugiam da seca e buscavam empregos e condições melhores de vida. As técnicas usadas eram indígenas, e retiravam uma seiva branca que, em contato com o ar, se transforma em uma goma utilizada na produção da borracha.

Desenvolvimento econômico

O grande uso e a exportação desse material permitiram um rápido desenvolvimento econômico na região amazônica, representado principalmente pelo desenvolvimento da cidade de Belém, posteriormente atingindo Manaus. Houve um grande desenvolvimento urbano, muitas cidades surgiram e outras se desenvolveram, aumentando o comércio interno e melhorando a renda dos habitantes. Este período de transformações foi chamado de belle époque amazônica.

O declínio

O poder da indústria da borracha brasileira sofreu grande declínio no início do século XX, quando começou a concorrência promovida pelo látex explorado no continente asiático pelos empresários holandeses e ingleses. O valor baixou e fez com que muitos aviadores, como eram chamados os empresários que contratavam seringueiros, vendessem toda a sua produção a valores muito inferiores aos investidos. A crise da seringa entre 1910 e 1920 levou a falência muitos empresários, além de endividar os cofres públicos que estocavam o material para elevação de preços.

A ocorrência deste declínio e do golpe que os produtores da borracha sofreram pode ser entendida como consequência da falta de estímulo do governo imperial que não criou programas de desenvolvimento e proteção aos produtores de borracha, pois estavam atrelados ao interesse econômico dos cafeicultores.

Após a Segunda Guerra Mundial, passou-se a adotar o uso de uma borracha sintética, de produção mais rápida, nos setores industriais. A tecnologia desta borracha fez com que a exploração de seringa diminuísse ainda mais. Até os dias de hoje a exploração faz parte da economia da região norte do Brasil.