Como a música pode influenciar no desenvolvimento de uma criança

Usada com o propósito de diversão ou relaxamento, o fato é que a música funciona como uma verdadeira terapia para o cérebro, sobretudo quando são levados em consideração o estresse do dia-a-dia e também o desenvolvimento das crianças.

No geral, a música faz o cérebro evoluir de modo único. A constatação é da neuropsicóloga Catherine Loveday, da Universidade de Westminster.

Essa afirmação só vem reiterar aquilo que educadores e famílias já sentem na prática: o ensino musical contribui para o desenvolvimento infantil em diversos aspectos. Ao afetar as emoções, a música é capaz de estimular profundamente o cérebro, como nenhuma outra forma de manifestação artística. “Trata-se de um forte estímulo cognitivo e há fortes evidências de que a prática musical melhore a memória e a linguagem”.

O efeito da música no cérebro

Como a música pode influenciar no desenvolvimento de uma criança

Foto: depositphotos

O cientista do Instituto canadense Rotman, Sylvain Moreno, liderou uma pesquisa que avaliou o efeito da prática musical no desenvolvimento do cérebro de crianças de oito anos. Elas receberam aulas gratuitas de música por um período de seis meses e foram avaliadas antes e depois. Os testes mediram habilidades cognitivas, auditivas e de leitura.

Na avaliação final, as crianças demonstraram melhora nas habilidades de leitura e eram mais capazes de conectar palavras escritas com seus sons falados – um componente crítico da alfabetização. Além disso, foram identificadas mudanças de entonação ou emoção durante uma conversa. Os pesquisadores também monitoraram as ondas cerebrais das crianças usando técnicas de neuroimagem, o que comprovou um aumento da atividade em regiões associadas com escuta cuidadosa, fala e música.

“Desde o útero da mãe, as crianças respondem a estímulos musicais. A partir da 21ª semana de gravidez, os bebês já podem perceber estímulos sonoros, como sons internos do corpo da mulher, batimento cardíaco, respiração e a voz da mãe”, aponta a diretora Educacional Claudia Freixedas. Nos primeiros meses de vida, o bebê já demonstra interesse pelos sons ao seu redor e se assusta facilmente com ruídos altos.

No entanto, essa relação fica ainda mais forte a medida que a idade da criança vai avançando. “Entre os 4 e 6 meses de vida, já começa a tentar identificar de onde vem o som e qual a fonte sonora, demonstrando grande sensibilidade auditiva. Por isso, destacamos a importância da valorização do estímulo musical a crianças desde os primeiros anos”, afirma a diretora educacional.

Relação da música com algumas doenças

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é conhecido como sendo uma condição neurobiológica, de causas genéticas, que aparece na infância. Nesse caso, a música também pode ajudar a criança a conviver melhor com o transtorno. Em alguns casos, na maioria deles para ser mais exato, acompanha o indivíduo por toda a vida. Os principais sintomas são entendidos como desatenção, inquietude e impulsividade.

Além dessa condição, a epilepsia e déficits de aprendizado também podem ser melhorados a partir da inclusão da música no dia-a-dia. Ela vai atuar, principalmente, no desenvolvimento da concentração e autoestima. Nos casos em que as crianças estejam frequentando a escola, o envolvimento com a música também pode ser reflexo na melhora das condições de aprendizado.

A comprovação dos fatos

De acordo com a Pesquisa de Avaliação de Impacto, encomendada à Ipsos Public Affairs pela Associação Amigos do Projeto Guri de 2011 a 2013, em São Paulo, as atividades musicais incentivam e impactam de forma positiva o comportamento dos alunos. Os familiares que responderam à entrevista avaliaram o comportamento de seus filhos comparando antes e depois do início da prática musical no programa.

Mais de 60% notaram um aumento da disciplina e organização das crianças. Já no quesito relação com os amigos e família, 80% declararam que sentiram seus filhos mais sociáveis e abertos para compartilhar momentos em família. “Esses dados confirmam que a prática musical, principalmente quando realizada coletivamente, pode promover a desenvoltura, além de possibilitar novas formas de pensar e ver o mundo, de ter uma visão crítica e reflexiva de si mesmo e dos outros e trabalhar questões de solidariedade, formando, assim, pessoas mais tolerantes”, comenta Claudia.

Sobre o autor

Formado em Jornalismo pela UniFavip | Wyden. Já trabalhou como repórter e editor de conteúdo em um site de notícias de Caruaru e em três revistas da região. No Jornal Extra de Pernambuco e Vanguarda de Caruaru exerceu a função de repórter nas editorias de Economia, Cidades, Cultura, Regional e Política. Hoje é assessor de imprensa do Shopping Difusora de Caruaru-PE, Seja Digital (entidade responsável pelo desligamento do sinal analógico no Brasil), editor da revista Total (com circulação em Pernambuco) e redator web do Estudo Prático.