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Consequências ambientais do desastre natural em Mariana

Nesse artigo você vai entender um pouco melhor sobre as consequências ambientais do desastre natural em Mariana. Acompanhe!

A história da humanidade é marcada por vários momentos tristes em relação ao descuido com as questões socioambientais. O desenvolvimento econômico tem o seu custo, e muitas vidas já foram ceifadas pela imprudência de empreendimentos que visam lucro, mas que não consideram as populações residentes no local.

Isso aconteceu durante a implantação de grandes indústrias e hidrelétricas no território brasileiro, e como se não bastassem os danos vistos historicamente, as populações continuam a ser afetadas por ações inconsequentes, gerando expropriações, contaminações e mortes.

Um dos casos mais conhecidos e discutidos recentemente é o acontecido em Mariana, no estado de Minas Gerais, problema ainda não bem resolvido.

Principais consequências do desastre em Mariana-MG

Várias foram as consequências do acontecido em Mariana-MG em 2015, no entanto, alguns danos podem ser explanados, como: a deposição de rejeitos de minério de ferro e manganês, misturados basicamente com água e areia, oriundos do derramamento com o rompimento da barragem.

Lama em Mariana

O desastre ambiental em Mariana aconteceu no ano de 2015 (Foto: Divulgação | Corpo de Bombeiros (MG)

Água contaminada

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu-ES emitiu um documento afirmando que existem metais pesados na água do Rio Doce, com evidente risco de contaminação humana e animal. Essa contaminação pode não gerar mortalidade direta, mas afeta o organismo, podendo causar inúmeras doenças, pelo acúmulo nos tecidos dos seres vivos.

Vegetação soterrada

A vegetação da região foi amplamente afetada, tanto pela presença de elementos tóxicos, quanto pelo próprio soterramento, o que faz com que não seja possível a fotossíntese. A Mata Atlântica da região já havia sido bastante devastada pelas ações humanas, principalmente pela expansão do agronegócio, sendo ainda mais destruída com o rompimento da barragem e lançamento da lama sobre as espécies da flora na região.

Rio Doce estéreo

Um dos aspectos mais impactantes em relação ao meio ambiente em Mariana foi o estado em que ficou o rio Doce, especificamente pela presença da lama oriunda do rompimento da barragem. A água turva e barrenta impede a passagem de raios solares, escurecendo o rio e impedindo que as algas façam fotossíntese. Foram toneladas de peixes mortos pelo desastre, milhares de pessoas afetadas diretamente pela falta de água, outras tantas afetadas pela impossibilidade do uso das águas para irrigação de suas plantações nas cidades vizinhas.

Afluentes com água tóxica

O desastre não afetou apenas o rio Doce, mas seus afluentes, os quais eram amplamente utilizados como recursos hídricos pelas populações da região. Na bacia do rio Doce, além da água ter ficado suja, lamacenta, ainda apresentava índices bem mais altos do que o tolerável de metais como ferro, os quais fazem muito mal para a saúde dos seres humanos quando em excesso.

População desamparada

Os danos foram diretos e indiretos aos seres vivos da região, cerca de 200 famílias perderam suas casas e 19 pessoas morreram na ocasião.

Febre Amarela

Além disso, um surto recente de febre amarela no Brasil tem relacionado o acontecido com o desastre de Mariana, em Minas Gerais. A febre amarela afetou com maior intensidade a região Sudeste do Brasil, especialmente as áreas próximas ao local afetado pelo rompimento da barragem, o que levou cientistas a relacionarem os fatos.

Apesar de ainda existirem questionamentos sobre isso, é evidente que os danos ambientais em Mariana perdurarão por anos, já que foi uma extensa área afetada, causando danos de vários níveis, muitos dos quais de difícil resolução. A questão que fica agora é de como evitar que novos eventos como este aconteçam no território brasileiro!

Lama em Mariana

A barragem se rompeu lançando mais de 30 milhões m³ de lama na região de Mariana – MG (Foto: Reprodução | Antonio Cruz/Agência Brasil)

Entendendo o caso de Mariana-MG

O dia 05 de novembro de 2015 trouxe consigo uma profunda tristeza aos brasileiros que acompanharam pelas mídias um gravíssimo acontecido no estado de Minas Gerais, quando uma barragem denominada de “barragem do Fundão” se rompeu, lançando no meio ambiente mais de 34 milhões de m³ de lama.

A referida barragem está localizada na cidade histórica de Mariana, em Minas Gerais, e a empresa responsável pelas atividades na região é a Vale, juntamente com a britânica BHP Billiton, as quais controlam as atividades da Samarco naquele local. A Samarco Mineração S.A. é uma empresa mineradora brasileira, a qual foi fundada em 1977, sendo atualmente controlada através da Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton, estando sua sede localizada em Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Segundo dados do Governo do Brasil, na ocasião, foram contaminados cerca de 663 quilômetros de rios e córregos, bem como 1469 hectares de vegetação, além de mais de 200 edificações apenas no distrito de Bento Rodrigues, local este que foi totalmente destruído e encontra-se abandonado pelos danos que foram gerados. Estes foram os dados fornecidos pelo Governo brasileiro em um primeiro momento, mas pesquisadores afirmam que os dados foram ainda mais expressivos.

Ao que tudo indica, mais de 500 mil pessoas tiveram o abastecimento de água comprometido na região atingida, além disso, 263,1 km² é a área mínima de espelho d’água afetada pela lama, bem como 379,73 km² de áreas de agricultura e pastagens estão a até 2 km do Rio, assim como 1.469 ha foram completamente devastados antes mesmo que a lama chegasse ao Rio Doce, segundo dados do CBH Doce, Marcos Ummus, e do IBAMA.

O acontecido em Mariana já é considerado como o maior desastre ambiental registrado no território brasileiro, pelo alcance dos danos socioambientais.
A lama despejada pelo rompimento chegou ao rio Doce, cuja bacia é a maior da região Sudeste do País, com uma área total de 82.646 quilômetros quadrados, ocasionando uma turbidez das águas, o que ocasionou na mortalidade de milhares de animais na região, especialmente de peixes.

Muitos dos peixes que morreram na região eram de espécies nativas, dentre as quais, várias em processo de extinção. A lama chegou ao estado do Espírito Santo em apenas cinco dias, alcançando o mar em Linhares, onde foram colocados blocos para conter um impacto ainda maior, caso toda a lama chegasse ao mar.

Para o IBAMA, Instituto Brasileiro Meio Ambiente, “o nível de impacto foi tão profundo e perverso, ao longo de diversos estratos ecológicos, que é impossível estimar um prazo de retorno da fauna ao local, visando o reequilíbrio das espécies na bacia”, segundo consta em seus documentos oficiais.

• Toda documentação do IBAMA sobre o caso Mariana, pode ser acessada pelo seu site oficial.

• Veja um curto vídeo sobre o estado em que ficou o rio.

Referências

» BRASIL. Meio ambiente. Entenda o acidente de Mariana e suas consequências para o meio ambiente. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2015/12/entenda-o-acidente-de-mariana-e-suas-consequencias-para-o-meio-ambiente. Acesso em 18 mar. 2018.

COSTA, Camila. BBC Brasil. O que já se sabe sobre o impacto da lama de Mariana? 2015. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151201_dados_mariana_cc. Acesso em 18 mar. 2018.

SANTOS, Caio. Mariana: as consequências do maior desastre ambiental do Brasil. Pragmatismo Político. Disponível em: https://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/11/mariana-as-consequencias-do-maior-desastre-ambiental-do-brasil.html. Acesso em 18 mar. 2018.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).