A língua portuguesa possui um riquíssimo vocabulário e é uma das mais difíceis de aprender como um segundo idioma. Com tantas palavras e expressões que recebem diferentes significados, é comum o surgimento de algumas dúvidas quanto ao seu emprego, função e concordância na frase.
Uma dúvida comum sobre a gramática portuguesa é o emprego da palavra “que” e os seus mais diversos significados, como ela pode ser empregada e que sentido pode dar à frase de acordo com o contexto em que se encontra.
O “que” pode fazer a vez de substantivo, pronome adjetivo, pronome interrogativo, pronome relativo, preposição, advérbio de modo e de intensidade, partícula expletiva e interativa, interjeição, conjunção coordenativa e subordinada. Veja abaixo exemplos de cada uma de suas funções.
Funções e uso da palavra “que”
Substantivo
Para que seja empregado como substantivo a palavra “que” necessita do acompanhamento de um artigo indefinido (um) ou de uma preposição (de) além de receber a acentuação. Ela terá o sentido de “qualquer coisa” ou “alguma coisa”.
Confira no exemplo:
Os protestos no Brasil tiveram um quê de violência.
Pronome Adjetivo
Neste caso o “que” poderá ser empregado como indefinido, interrogativo ou exclamativo. Confira os exemplos:
-Que show maravilhoso! – exclamativo
-Que horas, por favor? – interrogativo
-Que coisa horrível este incidente. – indefinido
Pronome Relativo
Quando a palavra “que” puder ser substituída por “o qual”, “a qual”, “os quais” ou “as quais” ela terá a função de pronome relativo. Veja o exemplo:
-Peguei o livro que – o qual – estava na última prateleira da biblioteca.
-É lindo o vestido que – o qual – eu usei ontem no jantar.
Preposição
Sempre que o “que” for equivalente ao “de” terá a função de preposição, em locuções adverbiais como auxiliar de ‘”ter” ou “haver”. Veja o exemplo abaixo:
-Ela teve que levar todos os livros.
-Todo o material terá que ser reutilizado.
Advérbio de modo e intensidade
Como advérbio de modo o “que” pode ser substituído por “como”.
Exemplo: Que prato mal feito era aquele! (Como aquele prato era mal feito!)
Como advérbio de intensidade a palavra pode ser substituída por “quão” ou “muito”.
Exemplo: Que feias eram aquelas ruas! (Quão feias eram aquelas ruas!)
Que estranha a roupa dela. (Muito estranha a roupa dela.)
Partícula expletiva e interativa
Como partícula expletiva não possui função na oração, serve apenas para enfatizar algo citado. Nesse caso, a retirada da palavra “que” não altera o sentido da frase.
Confira o exemplo:
-Há dias que não o vejo.
Como partícula interativa o “que” sofre a repetição para dar ênfase à frase.
Exemplo:
-Que coisa que ele fez!
-Que roupas lindas que ela comprou!
Conjunção Coordenativa
– Aditiva
Anda que anda e não chega a lugar algum.
– Alternativa
Que fossem ou que não fossem, eu estaria lá.
– Adversativa
Pode andar o quanto quiser que não vai a lugar algum.
– Explicativa
Eles não podem ir até lá, que é muito perigoso.
Conjunção Subordinativa
– Integrante
Aparece sempre no início de uma oração subordinada substantiva.
Havia dito que estaria lá, mas não estava.
– Comparativa
Aparece sempre no início de uma oração subordinada adverbial comparativa.
Não há nada melhor que comer chocolate com os amigos!
– Causal
Aparece sempre no início de uma oração subordinada adverbial causal.
É melhor prestar atenção, que este trecho é muito perigoso.
– Concessiva
Neste caso o “que” expressa uma concessão, ou seja, uma exceção à regra.
Leia, moço, um pouco que seja!
– Consecutiva
O “que” expressa uma consequência do que acaba de ser afirmado.
É tão grande que mal passa na porta.