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Babilônia: tudo sobre o império babilônico

A Babilônia foi uma cidade rica que tinha como grande marco a sua arquitetura gigante, seus palácios, templos e jardins. Vários povos passavam por ali, já que o grande imperador que a construiu também conquistou todo o território no entorno.

A cidade ficava em uma região conhecida como o berço da civilização, a Mesopotâmia. A região situada entre os rios Tigre e o Eufrates, corresponde ao que hoje conhecemos como Iraque, estando a 100 km de Bagdá.

O que foi a Babilônia?

Mapa do império da Babilônia

(Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

A cidade era cosmopolita, com grande diversidade de povos e cultura, tinha na educação e na ciência sua fonte de enriquecimento. A Babilônia impressionava de cara pela sua arquitetura e urbanismo.

Uma sociedade complexa que admirava as artes como nenhuma outra, e que mostrava a sua potência na ostentação das mesmas. Sabe-se que ainda na antiguidade milhares de pessoas passavam pela Babilônia apenas para conhecer a majestosa arquitetura. Seriam nossos primeiros registros de um tipo de turismo.

Os babilônicos adoravam vários deuses, ou seja, eram politeístas, o que fazia com que templos magníficos fossem construídos. E mantinha uma relação próxima entre o Estado e o divino, sendo um totalmente inserido no outro. Apesar dos registros serem pouco precisos quanto a sua estratificação social, sabe-se que a alta nobreza e o clero comandavam a maior parte da administração pública.

Contexto bíblico

Na Bíblia conta-se que a primeira construção do que depois chamaríamos de Babilônia começou com Noé, quando ele e sua família se estabeleceram naquela região, anteriormente conhecida como Shainar.

Sob a liderança do bisneto de Noé, aquela população teria construído uma edificação que chegasse até os céus, em uma tentativa de mostrar o seu domínio divino e de deixar o povo unido sob a sua tutela.

A origem bíblica da Babilônia nos remete ao começo do mundo, uma analogia a criação de tudo. O homem estaria cumprindo o seu papal de criador, e a torre que chegará aos céus é a sua tentativa de encontrar o divino. Na Bíblia está registrado um dos mitos mais conhecidos do mundo, a Torre de Babel.

Torre de Babel

Torre de Babel

Representação de como teria sido a Torre de Babel (Foto: depositphotos)

Na descrição, a Torre de Babel tem a forma de um zigurate, uma pirâmide-templo muito comum aos assírios, e encontrada em toda grande civilização. Na Bíblia, o grande momento da Torre de Babel é quando Deus não gosta do que está sendo feito e desce para tomar providencias.

Como amostra de sua grande imponência e da pequenez dos homens, Deus muda a língua dos construtores, cada um falará uma diferente e uma grande confusão acontece deixando a torre inacabada.

O nome Babel vem do hebraico balal, que significa confundir, e Babilônia é a forma grega de escrever a palavra Babel. O que nos dá o contorno do significado que essa palavra tem. Babilônia é mais do que uma cidade histórica, ela carrega um sentido, e um sentido que vai contra aos propósitos do deus bíblico. Babilônia é a cidade dos homens orgulhosos, que ostentam riqueza, que amam o exagero. O lugar que depois será queimado pela sua rebeldia.

A antiga Babilônia

Entre os séculos XXVI a.C. até o XXII a.C., a cidade da Babilônia era um povoado. Uma pequena aldeia sob o domínio de outro reino, um pedaço do império de Ur. Em seguida foi conquistada pelos amoritas e logo se tornou independente.

O que chamamos de império Paleobabilônico é a primeira grande posição da cidade, quando ela se torna uma potência na Mesopotâmia, tendo inclusive, um grande processo de expansão, que faria com que ela dominasse grande parte do território.

Hamurabi

Seu primeiro apogeu coincide com o reinado de Hamurabi, no século XVIII a.C.,  fundamentador do Código de Hamurabi, primeira grande aglomeração de leis que regeria a sociedade, uma espécie de pré-constituição.

Código de Hamurabi

Código de Hamurabi

Pedra onde está escrito o Código de Hamurabi, exposta no Museu do Louvre, França (Foto: depositphotos)

O código de Hamurabi foi escrito em um pilar de pedra com mais de dois metros de altura. Nele, em escrita cuneiforme, estão mais de 300 disposições legais contendo crimes, disputas legais, território agrário, repartição de bens e tudo mais que se encontrava na sociedade.

Com a falta de regulamentação, a Babilônia vivia uma epidemia crescente de crimes, uma vez que também era a maior cidade da região, recebendo pessoas e culturas do mundo todo. Hamurabi foi o responsável por organizar essa vida social. Seu código prevê punições severas para os infratores, ficando conhecido como “Olho por olho, dente por dente”, a chamada Lei de Talião.

No entanto, a estratificada socialmente não permitia uma igualdade em punições. Se um servo roubasse um nobre ele perderia as mãos, já se um nobre fizesse algo contra um servo ele poderia apenas pagar uma pequena indenização. As leis já privilegiavam a nobreza nesse período.

Características da Babilônia

Militarismo

Hamurabi foi o rei que impulsionou o militarismo na Babilônia, fazendo com que a sua expansão atingisse o golfo pérsico até os confins superiores do Rio Tigre.

Matemática

A Babilônia se tornou também a referência de sociedade intelectual e cientifica. Dos vestígios dessa civilização encontram-se textos matemáticos diversos e estudos astronômicos aprofundados. A hora de 60 minutos e o círculo de 360º foi uma criação babilônica.

Comércio

A cidade também se tornou a principal rota de comércio na época. A expansão babilônica não foi apenas de território dominado, mas de comércio exterior.

Religião

A religião era associada aos fenômenos da natureza. Os deuses eram adorados com rituais, sacrifícios e com a construção de monumentos.

Estado

Os monarcas eram totalitários, tinham o poder pelo Estado e pela religião, sendo considerados como os intérpretes máximos da lei e como pequenos deuses na Terra. A dominação da sociedade era uma ferramenta de duração de reinado, isto também porque a Babilônia foi construída por mãos escravizadas que precisavam ser extremamente controladas.

Ataques

Por ser rico e próspero, o império era visado e, por isso, foi barbaramente atacado. Por volta de 1.600 a.C., a Babilônia foi queimada e saqueada pelos povos hititas, levando a riqueza da Babilônia para o que hoje conhecemos como Turquia. Logo depois os assírios conquistaram a Babilônia, e sob o seu domínio ela conheceu séculos de crise, até que se tornou independente novamente.

Fim do 1º grande império da Babilônia

Os assírios eram reconhecidos como o povo mais cruel e dominador da região. Quando tomaram a Babilônia retiraram todo o seu poder, subjugaram os povos e detiveram todos as insurreições que poderiam. Em um último conflito com os babilônicos, os invasores saquearam a cidade, atiraram os restos mortais no Rio Eufrates e atearam fogo em tudo.

Deixaram registrado que aquilo determinaria o seu fim e que nem mesmo os seus deuses seriam lembrados, e foram embora. Levando ao fim o primeiro grande império babilônico.

O Retorno da Babilônia

Os caldeus pouco a pouco reconstruíram a Babilônia, se mantendo na região, afastando os assírios e reconstruindo o seu império. Em 612 a.C., os caldeus atacaram Nínive, a capital da Assíria, deixando-a completamente destruída.

Em 605 a.C., a Babilônia ressurgiu como potência e confrontou o Egito, que agora dominava todo o Oriente Médio. O Egito saiu com muitas perdas, inclusive o seu controle absoluto, e a Babilônia vencedora.

O príncipe caldeu que foi responsável por esse ressurgimento militar da Babilônia se tornou o rei mais poderoso e importante da Babilônia e de todo o Oriente Médio, o rei Nabucodonosor.

Nabucodonosor

Nabucodonosor

Nabucodonosor foi o rei responsável para ascensão da segunda fase do império da Babilônia (Foto: depositphotos)

Nabucodonosor ficou conhecido não só pelo seu militarismo, mas por ser um governante estrategista. Em muitos aspectos também era um rei cruel, que abatia os que eram contrários a ele e os que não o respondiam como queria.

Ele reconstruiu a Babilônia em todo o seu esplendor, e até mais, ele foi muito além dos muros da cidade. Sua maior tentativa era a de agradar os deuses.

Conquistas

O imperador conquistou Jerusalém e o reino de Judá ficou completamente submetido a Babilônia. Os judeus resistiram a tomada da sua região, porém o ataque de Nabucodonosor foi implacável e sitiou Jerusalém, a cidade sagrada dos judeus.

Nabucodonosor levou embora o herdeiro do trono e colocou um rei de sua confiança, Zedequias, no lugar. Tudo isso foi encontrado em registros nas ruídas da Babilônia. Esses registros também são encontrados na Bíblia.

Uma década depois, Zedequias se junta aos egípcios e tenta tomar para si Jerusalém, mas Nabucodonosor o enfrenta e o reino de Judá fica sitiado por mais de um ano e meio, quando finalmente é totalmente destruído, inclusive os seus templos. Nabucodonosor leva os tesouros e o povo judeu para a Babilônia. É a primeira vez que os judeus se tornam um povo em exílio, um marco importante na sua história.

Jardins Suspensos da Babilônia

Jardins Suspensos da Babilônia

Os Jardins Suspensos da Babilônia é uma das sete maravilhas do mundo antigo (Foto: depositphotos)

A Babilônia contava com Inúmeros parques, jardins, palácios e templos. Sua população estava estimada entre 100 e 200 mil, era a maior cidade do mundo. Existia um zigurate tão grande quanto a estátua da liberdade dos EUA.

A oeste do palácio central de Nabucodonosor, ao longo do Rio Eufrates, estavam os Jardins Suspensos da Babilônia, considerado uma das 7 maravilhas do mundo antigo.

Segundo a lenda, esse jardim teria sido construído por Nabucodonosor para agradar a sua esposa favorita que sentia fortes calores e precisava de um lugar que conseguisse se refrescar, já que não estaria acostumada com o clima da região. Algumas estruturas foram encontradas parecidas com o que foi descrito sobre os Jardins da Babilônia, mas nada completamente comprovado.

Morte de Nabucodonosor

Em 562 a.C., depois de um reinado de 43 anos, Nabucodonosor morreu e foi sucedido por vários reis em um período de sete anos. A imponência da Babilônia gerava grandes conflitos e nenhum outro imperador conseguia mantê-la de forma estável.

Declínio da Babilônia Antiga

O último rei da Babilônia antiga foi Nabonidus, que governou de 555 a.C. até 539 a.C., ele era considerado um rei exótico. Durante o seu reinado ele ficou em Tema, um oásis na Arábia, estudando religião e história, enquanto seu filho governava efetivamente a Babilônia.

Ruínas da Babilônia

Ruínas do antigo império da Babilônia no Iraque (Foto: depositphotos)

Cilindro de Ciro

Em 539 a.C., os persas atacaram a cidade da Babilônia sob o comando do rei Aqueménida Ciro II, a cidade não resistiu e todo o império foi dominado pelos persas. A Babilônia perdeu completamente a sua independência.

Diferentemente dos seus antecessores, os persas não queriam destruir a cidade da Babilônia, eles se apressaram em dizer isso para a população e em se manterem aliados do clero. Nesse momento construíram um decreto que foi escrito em um cilindro encontrado nas ruínas da Babilônia, o Cilindro de Ciro.

Alexandre, O Grande

Aqueménidas sabia da importância econômica e política da região, então a mantinha em ótimas condições. Quando o rei macedônio Alexandre, O Grande, conquistou a Pérsia, os babilônicos o receberam com os portões abertos.

Alexandre implementou a divisão de território pelos seus generais, os diádocos, que após a morte de Alexandre vão guerrear entre si para a dominação dos territórios, o que acabará afetando brutalmente a Babilônia.

Quando Seleuco I tomou posse da Babilônia, sob o domínio de Alexandre, ele estendeu seu território e transferiu a capital babilônica para uma região próxima, o que não enfraqueceu completamente a cidade. Vários imperadores selêucidas reconstruíram a cidade e a mantiveram forte durante os seus reinados.

Babilônia repartida

O declínio é gradativo, quando os seus centros de poderes começam a ir para as margens do Rio Tigre, a Babilônia começa a perder seu status de centro administrativo importante e então ela é repartida. Os templos se mantiveram, não com a glória que tiveram antes, mas como resistência daquele povo.

O templo principal do zigurate maior permaneceu em funcionamento até o século III quando foi definitivamente abandonado, a Babilônia então desaparece junto com a cultura mesopotâmica. Atualmente, as ruínas do poderoso império estão localizadas na cidade de Al-Hillah, capital de Babil, no Iraque.

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • A Babilônia existiu onde hoje fica o Iraque.
  • A Babilônia foi um poderoso império, centro comercial e intelectual.
  • O Rei Hamurabi foi o responsável pelo Código de Hamurabi.
  • Nabucodonosor foi o maior rei da Babilônia.
  • Os Jardins Suspensos da Babilônia está entre as sete maravilhas do mundo antigo.

Exercícios resolvidos

1- O que foi a Babilônia?
R: Poderoso império, centro comercial e intelectual.
2- O que defendia o Código de Hamurabi?
R: Aplicava punições de acordo com os crimes cometidos.
3- Onde estava localizada a Babilônia?
R: Onde hoje é o Iraque.
4- Quem foi Nabucodonosor?
R: Rei responsável pela ascensão do segundo império da Babilônia.
5- Por que a Babilônia entrou em declínio?
R: Devido as sucessões de ataques, saques e repartições do território.
Referências

» SANTOS, António Ramos dos. O microcosmos da teocracia na antiga Babilónia. Revista Lusófona de Ciência das Religiões, [S.l.], n. 7-8, dec. 2013. ISSN 2183-3737. Disponível em: https://revistas.ulusofona.pt/index.php/cienciareligioes/article/view/4150. Acesso em: 31 de outubro de 2019.

» SANTOS, António Ramos dos. A historiografia e o tempo na Mesopotâmia. Cultura [Online], Vol. 23 | 2006. Disponível em: http://journals.openedition.org/cultura/1308. Acesso em: 30 de outubro de 2019.

» GUARINELLO, Norberto Luiz. Uma morfologia da História: as formas da História Antiga. Politeia, 2003.

Sobre o autor

Historiadora e professora, com formação pela UNESA do Rio de Janeiro. Pós-graduada em edição editorial. Trabalha no ensino básico, cursinhos, ministra oficinas, é revisora e editora de livros. Sua pesquisa central é sobre livros, cinema e ditadura militar na América Latina.