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Níveis de linguagem

A fala e a escrita, em uma determinada situação de comunicação, apresentam os ditos “níveis de linguagem”. Esses dizem respeito à concordância em que o emissor e o receptor estão para que possam ser compreendidos, e para tanto, existem linguagens diferentes para ocasiões distintas.

A gramática normativa dita as regras de coerência, entretanto, na fala e escrita, especialmente informal, podemos usar elementos que não estão gramaticalmente corretos, mas que são de entendimento para o receptor.

Um grande exemplo é a linguagem regional, que usa de elementos selecionados para determinadas situações. Veja o exemplo da fala caipira abaixo:

Níveis de linguagem

Foto: Pixabay

“Aos 18 anos, pai Norato deu uma facada num rapaz, num adjutório, e abriu o pé no mundo. Nunca mais ninguém botou os olhos em riba dele, afora o afilhado.
— Padrinho, eu vim cá chamá o sinhô pra mode i morá mais eu.
— Quá, flo, esse caco de gente num sai daqui mais não.
— Bamo. Buli gente num bole, mais bicho… O sinhô anda perrengado…”
(Bernardo Élis, Pai Norato)

Conseguiu entender bem de que se tratam os níveis de linguagem? A ideia principal não é ter a gramática correta, mas ter um contexto compreensível entre os falantes. Vamos conhecer os tipos a seguir:

Linguagem regional

Refere-se aos falares locais, variações na fala que ocorrem de acordo com o local geográfico onde os falantes estão ou são naturais. O Brasil é um país com extensa faixa territorial e com muitos falares regionais distintos. Algumas das falas características mais conhecidas são a nordestina, a fluminense, a mineira, a sulista e a baiana.

Linguagem popular

É também chamada de linguagem coloquial. Trata-se daquela que é usada de forma espontânea e fluente pelas pessoas. Raramente segue as regras da gramática normativa e é carregada de vícios de linguagem, tais como pleonasmo, cacofonia, barbarismo e solecismo. Gírias e expressões vulgares costumam aparecer com frequência neste tipo de linguagem. Ela está presente nas conversas entre amigos, familiares e também em programas de televisão.

Gíria

A gíria é um estilo linguístico que está integrado à linguagem popular. Ela está relacionada ao cotidiano de certos grupos sociais, em especial os estudantes, os esportistas e também os ladrões, por exemplo. Utilizada como meio de expressão cotidiana, a gíria existe dentro de grupos para diferenciá-los, pois só os inseridos naquele determinado contexto sabem o seu significado. Bem, pelo menos foi assim que ela começou e ainda é usada em alguns grupos atualmente. Entretanto, a fala se encarrega de espalhar a gíria e seus significados e, muitos grupos, ainda que não tenham ligação entre si,  podem falar a mesma gíria.

Linguagem vulgar

Indo de encontro com a linguagem culta, a vulgar é extremamente fora do padrão gramatical e faz parte da fala dos analfabetos ou semianalfabetos. As estruturas gramaticais são “bagunçadas” e barbarismos são frequentes. A exemplo temos os vícios “Nóis vai”, “vamo ir”, “pra mim comer”.

Linguagem culta

O total oposto da linguagem tratada anteriormente. A língua padrão é aquela ensinada nas escolas, usada em livros didáticos e, muitas vezes, é a usada nos telejornais. É mais comum usar esse tipo de linguagem na escrita. Ela reflete prestígio social e cultural, mas não é só isso que deve definir um indivíduo.

Sobre o autor

Formada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas) pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), com certificado DELE (Diploma de Español como Lengua Extranjera), outorgado pelo Instituto Cervantes. Produz conteúdo web, abrangendo diversos temas, e realiza trabalhos de tradução e versão em Português-Espanhol.