Por que o dia da mentira foi criado?

Você sabe explicar por que o dia da mentira foi criado? A data é lembrada no dia 1 de abril de cada ano e é comum provocar brincadeiras entre as pessoas. Mas uma data aparentemente irrelevante tem uma história curiosa.

Neste artigo você descobrirá a origem do dia 1 de abril no mundo e entenderá como um fato histórico influenciou na criação desse dia. Confira agora.

História da criação do Dia da Mentira

O Dia da Mentira começou no início do século 16 e o que o influenciou foi um fato histórico ocorrido na França e logo disseminado na Europa inteira.

Nessa época, o ano novo era comemorado no dia 25 de março, período em que chegava a primavera no Velho Continente. Essa data era bastante celebrada, algo bem comum nas viradas dos anos. Tanto, que os festejos se estendiam até a semana seguinte, acabando mais ou menos no 1º dia do mês de abril.

A data teve início na França e logo se espalhou por todo o continente europeu

O Dia da Mentira começou no início do século 16 (Foto: depositphotos)

Porém, houve uma alteração imposta pela igreja católica que ameaçou essa tradição. O papa Gregório 13 criou um novo calendário, que posteriormente ficou conhecido como o calendário Gregoriano. Nele, o ano novo passou a ser comemorado no dia 1º de janeiro anualmente.

Depois disso, o rei Carlos 9º, cujo reinado durou entre 1560-1574, acabou adotando o calendário gregoriano no ano de 1564. Dessa forma, a França passava a celebrar o primeiro dia do ano em 1 de janeiro.

Apesar do decreto real, uma grande parte dos franceses continuavam a celebrar o ano novo na antiga data que tinha início em 25 de março e seguia até 1 de abril. Eles passaram a resistir às novas comemorações e, com isso, passaram a ser alvo de chacotas.

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Apesar do calendário novo ser lançado para um público cristão, nesta época, o poder da Igreja Católica se espalhava por todo o mundo e acabou influenciando a despedida de um ano velho no final de dezembro.

Porém, aquelas pessoas que resistiram à nova data, passaram a chamar atenção nas ruas entre o final de março e começo de abril, pois elas insistiam em comemorar a chegada do ano novo.

“Bobos de abril”

Com o passar do tempo, esses europeus resistentes passaram a receber gozações das pessoas por não aceitarem a nova data e passaram a ser chamados de “bobos de abril”. Além disso, muitas pessoas os convidavam para festas que não existiam, um jeito irreverente de chamá-los para comemorar o ano novo que não era mais comemorado naquela data.

Daí nasceu a associação do dia 1 de abril com algo que não existe, mentiroso, que não faz sentido.

A brincadeira virou praticamente uma tradição em toda a França. E sempre no dia 1 de abril começavam as chacotas com aqueles que ainda queriam celebrar o ano novo naquela data.

Foi então que o hábito migrou para a Inglaterra. Na Terra da Rainha, o Dia da Mentira ganhou fama e se espalhou pelo restante do planeta. Lá, a coisa é levada a sério e até os jornais de grande circulação colocam manchetes mentirosas e matérias inteiras satirizando com o dia.

Na China, as coisas são bem diferentes. As brincadeiras do dia 1 de abril, o Dia da Mentira, são proibidas por determinação do Governo Chinês.

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Maiores mentiras já contadas “oficialmente” no dia 1 de abril

O dia da mentira foi criado como simbolo de gozação e hoje é o motivo de muitas brincadeiras

Grandes empresas aderem à brincadeira e pregam peças nessa data (Foto: depositphotos)

Jornais e instituições do mundo inteiro costumam brincar com o Dia da Mentira. Na Inglaterra é praticamente uma tradição as publicações de grande circulação produzirem reportagens inteiras divagando sobre supostas verdades.

Recentemente, um jornal de Londres deu um “furo”: o príncipe Harry havia se casado com a atriz Meghan Markle. A cerimônia teria sido secreta e ganhou às manchetes do dia 1 de abril. O fato foi logo foi desmentido, mas ainda pegou os mais desavisados de surpresa.

No Brasil, também ficou famoso o caso ocorrido ainda em 1848. Um jornal noticiou que Dom Pedro II havia morrido. Claro que se tratava de uma mentira, mas o fato da falta de comunicação na época levou muita gente a acreditar e mesmo após a publicação desmentir, os rumores permaneceram. Na verdade, Dom Pedro só viria a falecer 43 anos depois.

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E as brincadeiras não só funcionam no Ocidente. O jornal do filho do ditador Saddam Hussein noticiou, em 1998 e depois no ano 2000, que o presidente americano, na época Bill Clinton havia acabado com as sanções contra o Iraque.

Também ficou famosa a estória que foi criada por um dos empresários mais poderosos da Inglaterra, Richard Branson. Ele chegou a desenvolver um balão em formato de disco voador, cujo condutor era um homem vestido de et. O fato correu Londres e até a polícia foi chamada para lidar com o objeto estranho. Mas tudo não passava de uma pegadinha, que se tornou famosa em todo o mundo.

Marcas e empresas que aderiram à brincadeira

E as mentiras não param por aí. Marcas famosas também divulgaram inverdades e acabaram caindo no gosto popular. A Netflix, por exemplo, usou toda a sua influencia para mentir sobre a inclusão da série Game of Thrones na sua grade.

A famosa marca Cheetos aproveitou o Dia da Mentira para anunciar um novo produto: um perfume com a essência do seu salgadinho. A marca foi além e até lançou um vídeo de lançamento.

A Samsung também entrou na onda e criou um celular tão fino que pode ser usado como faca para cortar legumes. O produto ganhou até um nome: Galaxy Blade Edge.

A Google, gigante da internet, também não deixa o dia 1 de abril passar em branco. As piadinhas da empresa já viraram tradição e ela sempre dá um jeito de inovar para brincar com seus usuários.

Em um determinado ano, se você digitasse http://com.google no dia 1 de abril era possível acessar o site todo invertido e espelhado. Outras brincadeiras semelhantes foram feitam também pela marca.

Uma marca de meias também fez uma piada em forma de promessa: pelo fim das meias perdidas! Pois, segundo a publicação, cada peça viria com um chip para ser localizada por GPS.

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A loja Amazon também brincou e no dia 1 de abril transformou a sua home em uma versão bem antiga da plataforma. Os caracteres e toda a interface mudaram ficando com uma cara “retrô” do início da internet.

Sobre o autor

Jornalista formada pela Universidade Federal da Paraíba com especialização em Comunicação Empresarial. Passagens pelas redações da BandNews e BandSports, TV Jornal e assessoria de imprensa de órgãos públicos.