Toda e qualquer poluição provocada por quantidades indesejáveis de matéria ou energia, prejudicando o meio ambiente, é considerada poluição ambiental. São vários os poluentes que contaminam o nosso ambiente.
A água, o ar, o solo são contaminados por substâncias não biodegradáveis, que permanecem nas cadeias alimentares por longo tempo.
A queima de combustíveis fósseis em fábricas, usinas e veículos motorizados lança uma série de produtos tóxicos no ar, além do dióxido de carbono, principal gás poluidor e causador do aquecimento global.
Índice
Poluição do ar: principais poluentes
Um dos principais produtos, formados na combustão incompleta de combustíveis fósseis e liberado, por exemplo, na fumaça do cigarro, é o monóxido de carbono (CO). O CO combina-se com a hemoglobina, reduzindo o transporte de oxigênio pelas hemácias e dificultando a oxigenação dos tecidos.
Em altas concentrações, o CO pode fazer uma pessoa perder a consciência e morrer asfixiada.
Os veículos são responsáveis por cerca de 90% das emissões de gases poluentes no ar (Foto: depositphotos)
O CO lançado pelos escapamentos dos automóveis e em outras combustões é um composto tóxico por causa de sua grande afinidade com a hemoglobina. Essa combinação forma um composto estável, a carboxiemoglobina, que impede o transporte de oxigênio para as células.
Concentrações altas de CO, que podem ocorrer, por exemplo, com veículos ligados em ambientes fechados, podem levar uma pessoa à falta de oxigênio (anoxia) e à morte.
A combustão em veículos e fábricas que usam combustíveis fósseis, como o carvão mineral e os derivados de petróleo, pode produzir também gases com nitrogênio e enxofre, como o dióxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre, que irritam os olhos e prejudicam as vias respiratórias e pulmões.
Além desses gases, o dióxido de carbono também é liberado, sendo um dos principais poluentes atmosféricos. Esse gás resulta da respiração aeróbica e da fermentação, sendo necessário para o processo da fotossíntese, mas a uma taxa de 0,03% do ar atmosférico; acima desse percentual, pode se tornar tóxico, causando problemas à saúde e ao meio ambiente.
Outros poluentes do ar são os hidrocarbonetos, compostos de carbono e hidrogênio emitidos pelas fábricas e resultantes da queima de combustíveis automotores, que, ao evaporarem, produzem benzeno e benzopireno.
O dióxido de enxofre (SO₂), que deriva da manipulação de minérios sulfurosos e da queima de combustíveis que contêm enxofre, também está presente no ar, e é um dos responsáveis pelas chuvas ácias e pelas doenças no sistema respiratório.
Chuva ácida
Vegetação danificada após chuva ácida (Foto: depositphtos)
Quando o dióxido de nitrogênio (NO2) e o dióxido de enxofre (SO₂) se combinam com o vapor de água, geram ácidos, como o nítrico (HNO₃) e o sulfúrico (H2SO4), provocando a formação de chuva ácida.
Essa chuva destrói e contamina o meio ambiente, levando à morte de muitos animais aquáticos e a destruição da vegetação. Além disso, a chuva ácida pode destruir monumentos, mármore, grades metálicas e carrocerias de carros.
A água da chuva sem esses poluentes já é ligeiramente ácida por causa do ácido carbônico, formado a partir do gás carbônico do ar, mas a chuva ácida tem o pH menor que 5,6 e por isso altera a composição da água e do solo, prejudicando plantações, florestas e a vida aquática.
Poluentes mutagênicos e cancerígenos
Os poluentes da queima de combustíveis das fábricas são cancerígenos (Foto: depositphotos)
Alguns poluentes, como o benzeno e benzopireno, quando agem sobre a pele são mutagênicos e cancerígenos. Há ainda os poluentes de material particulado, que ficam em suspensão na atmosfera na forma de poeira, fuligem, etc. Esse tipo de material pode irritar os olhos e causar ou agravar doenças respiratórias.
Inversão térmica
Em situação normal, a temperatura do ar diminui com o aumento da altitude, uma vez que as camadas inferiores de ar são aquecidas pelo reflexo dos raios solares no solo. Com o aquecimento, o ar próximo ao solo fica menos denso que o ar frio das camadas superiores, o que faz surgir correntes de convecção, que facilitam a dispersão dos poluentes: uma de ar quente, que sobre; outra de ar frio, que desce e substitui o ar que subiu.
A convecção é uma forma de transmissão do calor, estudada em Física, que ocorre principalmente em líquidos e gases. Quando esquentamos água numa panela, por exemplo, a camada do fundo se aquece primeiro, fica menos densa (a distância média entre as moléculas aumenta) e sobe, enquanto a água da parte de cima, mais fria, desce e substitui a água que subiu. O processo se repete formando correntes de convecção.
Porém, em certas condições atmosféricas, como após a passagem de uma frente fria, uma camada de ar quente pode ficar sobre uma camada de ar frio próxima ao solo. Em cidades situadas em vales rodeados de montanhas, por exemplo, o ar próximo ao solo pode se tornar mais frio que o das camadas superiores. Essa situação é conhecida como inversão térmica e ocorre com mais frequência no inverno.
Como os raios solares são mais fracos nessa estação do ano, eles não aquecem suficientemente o ar próximo ao solo para que se formem as correntes de convecção, dificultando a dispersão do ar frio das camadas em baixa altitude (100 a 300 metros), nas quais os poluentes estão sendo produzidos.
Com isso, a concentração de poluentes nessa região aumenta, agravando problemas respiratórios, entre outros prejuízos à saúde.
Medidas para evitar ou diminuir a polução do ar
- Investimento em transportes coletivos, pois os carros são responsáveis por 90% da poluição do ar (um ônibus transporta em média trinta vezes mais pessoas que um carro).
- Substituição dos veículos movidos a combustíveis derivados de petróleo por outros menos poluentes, movidos a eletricidade, biocombustíveis ou gás natural.
- Substituição da queima de combustíveis fósseis (carvão mineral e petróleo) por fontes renováveis de energia (eólica, solar, hidrelétrica, biomassa), o que diminui a emissão do principal gás responsável pelo efeito estufa, o gás carbônico.
- Controle da qualidade dos combustíveis e da emissão de poluentes pelos veículos automotores.
- Construção de vias expressas e gerenciamento do tráfego para diminuir os congestionamentos.
- Implantação de áreas verdes e de lazer em centros urbanos, pois os vegetais absorvem alguns gases tóxicos.
Consequências da poluição do ar
Saúde humana
A poluição do ar pode afetar o homem e seu ambiente de diversas maneiras. O principal alvo dessa poluição é o nosso trato respiratório e consequentemente, o surgimento ou agravamento de várias doenças respiratórias.
Os poluentes do ar podem causar ataques de asma, bronquite, tosse, dor de cabeça, irritação na garganta, espirros alérgicos, ardência e lacrimejamento dos olhos, visão embaçada, tontura e até diminuição do desempenho corporal. Além disso, se o sistema respiratório é afetado, o circulatório também pode ser.
Caso o sistema respiratório seja alvo de alguma doença e ele não consiga trocar os gases no sangue completamente, o coração precisa trabalhar mais intensamente para bombear sangue suficiente para repor as perdas de oxigênio.
Como resultado, o coração e os vasos sanguíneos estarão sob “stress” e poderão surgir algumas mudanças, como o aumento do tamanho do coração, por exemplo.
Vegetação
Várias espécies de vegetais são sensíveis aos poluentes do ar. Algumas são até mesmo utilizadas como indicadores de poluentes porque elas demonstram um tipo característico de dano para um poluente específico. Os poluentes atmosféricos entram nas folhas das plantas principalmente através de seus poros ou estômatos.
A agricultura também acaba sendo prejudicada, visto que os poluentes podem diminuir o valor do produto (a qualidade pode ser afetada e a época da comercialização pode adiantar ou atrasar), ou aumentar o custo da produção (decréscimo do valor da plantação pela necessidade do uso de fertilizantes e irrigação, etc)
Materiais
Os poluentes do ar podem corroer e escurecer metais, quebrar a borracha, sujar roupas, erodir prédios e monumentos, descolorir vários tipos de materiais, enfraquecer o algodão, a lã, a fibra de seda e destruir o nylon.
Os gases reativos, tais como o ozônio e o dióxido de enxofre, assim como os ácidos, tais como o nítrico e o sulfúrico, são os principais responsáveis por tais acontecimentos.
Poluição do ar no Brasil e o aumento de doenças
A poluição do ar representa um dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Crianças, idosos e portadores de doenças cardiorrespiratórias, compõem a população mais suscetível aos efeitos da poluição atmosférica.
Além da poluição presente nos grandes centros urbanos, provocada pelas indústrias e veículos, regiões como a Amazônia que sofrem com a queima de biomassa, vêm apresentando um aumento de doenças respiratórias e hospitalizações.
Os quadros clínicos mais frequentes são: bronquite, asma, pneumonia, tosse, dor torácica, expectoração, coriza e dores de garganta.
- A poluição do ar é causada pelo aumento da quantidade de gases poluentes na atmosfera.
- A queima de combustíveis fósseis é a maior causa da poluição do ar.
- Os maiores poluidores são as fábricas, usinas, queimadas florestais e veículos motorizados.
- A poluição do ar acarreta na chuva ácida.
- A poluição do ar causa problemas no trato respiratório.
Exercícios resolvidos
» BRAGA, Alfesio et al. Poluição atmosférica e saúde humana. Revista USP, n. 51, p. 58-71, 2001.
» BRANCO, Samuel Murgel. Poluição do ar. Moderna, 2004.
» NARDOCCI, Adelaide Cassia et al. Poluição do ar e doenças respiratórias e cardiovasculares: estudo de séries temporais em Cubatão, São Paulo, Brasil. Cadernos de saude publica, v. 29, p. 1867-1876, 2013.
