Prosa Medieval é a denominação dada a um ciclo de histórias, em geral de cavalaria, que dominaram o período medieval, isto é, da Idade Média. A atividade literária predominante no primeiro período medieval foi o Trovadorismo, representado principalmente pelas cantigas trovadorescas, estas demarcadas pela poesia. Os primeiros registros da prosa medieval remetem ao final do século XIII, sendo que alguns tinham um perfil religioso; outros, um perfil histórico e genealógico; e, ainda, alguns deles apresentaram-se como narrativas. A prosa dos séculos XII a XIV era anônima, geralmente feita sob encomenda de nobres ou de religiosos, sem pretensões artísticas, apenas para diversão ou com a finalidade de registro documental ou místico.
As divisões da Prosa Medieval
A Prosa Medieval pode ser subdividida em categorias específicas, a saber:
Cronicões
Caracterizavam-se como narrativas de fatos históricos importantes em uma ordem cronológica, intercalados por fatos fictícios. Possuíam natureza não-religiosa, com tendências ao heroísmo e ao sobrenatural. As mais significativas produções de caráter histórico cabem ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e são as seguintes: Crônicas Breves e Memórias Avulsas, Crônica Breve do Arquivo Nacional, Crônica da Conquista do Argárve e Crônica da Fundação do Mosteiro de São Vicente de Lisboa;
Hagiografias
Palavra derivada do grego hagio + grafia = escrita, as hagiografias caracterizavam-se como narrativas da vida de santos (biografias), tendo um objetivo moralizante e exemplar. Estes relatos foram produzidos dentro dos mosteiros e várias delas escritas em latim;
Nobiliários ou livros de linhagem
Eram relatórios sobre a vida de um nobre e a linhagem genealógica de sua família. Constava de sua árvore genealógica (antepassados), relação das riquezas, títulos de nobreza e, muitas vezes, eram demarcados relatos de episódios ou feitos de origem lendária;
Novelas de cavalaria
Fruto das mudanças das canções de gesta (poemas que narravam as aventuras heroicas de cavaleiros andantes), as novelas de cavalaria caracterizavam-se como narrativas literárias, feitas em capítulos, que contavam grandes feitos de um herói e seus cavaleiros, intercaladas com célebres histórias de amor. As histórias de amor das novelas de cavalaria, ao contrário do que aparece nas cantigas, não são platônicas e melancólicas: o herói cultua a amada, quer ser e é correspondido por ela. Os obstáculos incentivam o herói a conquistá-la.
Os ciclos das novelas de cavalaria
As novelas de cavalaria foram produzidas em lugares diferentes da Europa, fato que contribuiu para que fossem subdivididas em três ciclos:
- Ciclo bretão ou arthuriano: narram os feitos do rei Arthur e os cavaleiros da távola redonda;
- Ciclo carolíngio ou francês: faz referência ao rei Carlos Magno e aos doze pares de cavaleiros da França;
- Ciclo clássico: narram as façanhas de heróis da Antiguidade grega e romana.