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Realismo mágico

Realismo mágico é uma corrente artística, que inclui literatura e pintura, surgida em meados do século XX na América Latina. Também conhecido como realismo fantástico ou realismo maravilhoso (termo utilizado na Espanha), o movimento se define por sua preocupação estilística e o interesse em mostrar o irreal como algo cotidiano e comum.

O termo foi cunhado em 1925, pelo crítico de arte e historiador alemão Franz Roh, para descrever uma pintura que demonstrava uma realidade alterada, incorporando aspectos mágicos à realidade. Mais tarde, Arturo Uslar Pietri empregou a expressão para referir-se a uma nova tendência na literatura hispano-americana, na qual a realidade coexiste com a fantasia.

Características do Realismo mágico

O realismo mágico é característico da literatura latino-americana da segunda metade do século XX, que funde a realidade narrativa com elementos fantásticos e fabulosos, principalmente para expor a sua aparente discordância.

Esse movimento tem como uma das principais características a união do mundo mágico e fantástico ao mundo real, mostrando coisas irreais e estranhas como algo que constantemente aparece em nosso dia a dia, sendo corriqueiro e habitual. Desta maneira, os elementos mágicos da obras do realismo mágico são apreciados como reais pelos personagens, que aceitam a fantasia instantaneamente.

Fantasia

O colombiano Gabriel García Márquez foi o maior representante do denominado Realismo Mágico (Foto: depositphotos)

Existe ainda uma intensa representação dos elementos mágicos como algo sem explicação, de maneira totalmente intuitiva. O tempo é cíclico e não linear, além de distorcido. Os sonhos também são importantes nessa corrente, uma vez que os protagonistas das tramas desenvolvem, com freqüência, o terreno do onírico.

Narração

Com relação à forma de narrar, os relatos do realismo mágico latino-americano podem ser em primeira, segunda ou terceira, sendo também comum a existência de narradores múltiplos, que vão se alternando no decorrer da estória.

Temas

Quanto aos temas, há uma variedade de épocas históricas, uma essência cultural da miscigenação e utilização dos Ç. Além disso, as tramas do realismo mágico costumam desenvolver-se em ambientes mais pobres e marginais, proporcionando o conhecimento de diferentes realidades, a partir da postura social do escritor.

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Contexto histórico

O realismo mágico surgiu em um período muito conturbado da América Latina: os processos ditatoriais entre as décadas de 1960 e 1970. É algo como uma forma de reagir usando o fantástico para reforçar palavras contrárias aos regimes de ditadura.

Outra grande influência ao movimento foi a diferença entre a cultura da tecnologia e a cultura da superstição que estava em alta na América Latina neste período.

O movimento, inclusive, se expandiu, influenciando alguns escritores europeus. Havia uma preocupação estilística, além de um grande interesse em mostrar o irreal e utópico como sendo algo não só possível, mas cotidiano e bastante comum.

O realismo mágico, por incrível que pareça, carrega algumas características em comum com o realismo épico: a verossimilhança interna ao fantástico e ao irreal indo contra as atitudes niilistas que eram assumidas por vanguardas do começo do século XX, como o surrealismo, por exemplo.

Obras do Realismo mágico

A consagrada obra “Cem Anos de Solidão”, do colombiano Gabriel García Márquez, por exemplo, é uma obra do realismo mágico em que alguns personagens ficam surpresos quando se deparam com elementos fantásticos, mas ainda assim suas atitudes demonstram que aquilo era algo totalmente possível de acontecer de forma natural.

A peste de insônia e de esquecimento que atinge a população, assim como a morte e o retorno à vida de um cigano e uma mulher que vai ao céu, entre muitas outras partes do livro demonstram esse realismo fantástico.

Autores

Os principais autores do movimento são Gabriel García Márquez, da Colômbia; Manuel Scorza, do Peru; Julio Cortázar, da Argentina; Horacio Quiroga, do Uruguai; Isabel Allende, do Chile; Arturo Uslar Pietri, da Venezuela – este considerado o pai do realismo mágico -; Murilo Rubião e José J. Veiga, do Brasil; Alejo Carpentier, de Cuba; Miguel Angel Astúrias, da Guatemala; e Juan Rulfo, do México.

Saiba mais sobre alguns dos escritores a seguir:

Gabriel García Márquez

Considerado um dos escritores mais importantes do século XX, o colombiano Gabriel García Márquez foi o maior representante do denominado Realismo Mágico na literatura latino-americana.

Dentre as obras consagradas do Prêmio Nobel de Literatura (1982) estão “Cem Anos de Solidão” (1967), “Crônica de uma morte anunciada” (1981), “O Amor nos Tempos do Cólera” (1985), “Ninguém escreve ao coronel” (1961), “Memórias de minhas putas tristes” (2004), dentre outras.

Gabriel Garcia Marquez

Gabriel García Márquez já recebeu o Prêmio Nobel de Literatura (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Julio Cortázar

Considerado um dos escritores mais inovadores e originais de seu tempo, Cortázar também utiliza-se de características do realismo mágico em vários de seus contos, como em “Axolotl”, por exemplo. Dentre as suas principais obras estão “Rayuela” (1963), “Carta uma senhorita em Paris” (1963), “História de Cronópios e de Famas” (1962), “Bestiário” (1951), “Todos os fogos o fogo” (1966), dentre outros.

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Alejo Carpentier

Nascido em Havana, Cuba, Alejo Carpentier é considerado um dos criadores do realismo mágico. Ao abordar a realidade americana, demonstrou como o maravilhoso podia ser encontrado a cada passo no continente. Suas obras incluem “O reino deste mundo” (1949), “O recurso do método” (1974), “A consagração da primavera” (1978) e “A harpa e a sombra” (1979).

Juan Rulfo

Apesar de ter publicado apenas duas obras em vida, a influência do mexicano Juan Rulfo na narrativa latino-americana foi enorme, sendo sentida na obra de vários escritores que protagonizaram o denominado “boom latinoamericano”. É considerado um dos principais precursores do realismo mágico, com o título “Pedro Páramo”, publicado em 1955.

Isabel Allende

A escritora chilena Isabel Allende também é considerada uma representante do realismo mágico latino-americana. Suas principais obras incluem “A Casa dos Espíritos” (1982), “De Amor e de Sombra” (1984), “Eva Luna” (198), dentre outras.

*Débora Silva é graduada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas).

Referências

» aboutespanol.com/realismo-magico-2206549

» ecured.cu/Realismo_mágico

» caracteristicas.co/realismo-magico/

Sobre o autor

Formada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas) pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), com certificado DELE (Diploma de Español como Lengua Extranjera), outorgado pelo Instituto Cervantes. Produz conteúdo web, abrangendo diversos temas, e realiza trabalhos de tradução e versão em Português-Espanhol.