Revolta da Chibata

A Revolta da Chibata foi um movimento que aconteceu no Rio de Janeiro, em 22 de novembro de 1910, com a revolta dos marinheiros que sofriam maus tratos, sendo açoitados com chibatadas como uma forma de tentar discipliná-los. Sobrevivendo a uma rotina de muito trabalho e baixos salários, eles eram submetidos a diversos castigos físicos sempre que não cumprissem uma determinada ordem, e, mesmo com a prática dos açoites sendo proibida desde  final do império, as chibatas ainda continuavam a acontecer de forma comum, como se tudo estivesse ocorrendo dentro da lei.

Revolta da Chibata

Imagem: Reprodução

O estopim da revolta

Os Marinheiros não conseguiam mais suportar aquela situação de violência que lhes era imposta, qualquer detalhe seria capaz de causar uma verdadeira revolução para aqueles homens, que já estavam revoltados com a prática das punições. A revolta aconteceu depois de um fato em especial, o número de chibatadas designada para cada pessoa que descumprisse uma ordem era de 25, porém, certo dia o marinheiro Marcelino Rodrigues feriu um amigo de trabalho por distração, dentro do encouraçado Minas Gerais, que estava indo em direção ao Rio de Janeiro. Isso deu a ele a maior punição já vista, recebendo 250 chibatas, dez vezes mais que o normal. Ele foi açoitado na presença de todos, e mesmo depois de ter perdido os sentidos, continuou a ser chicoteado. Os superiores do navio não imaginaram que isto fosse desencadear tal revolta, e foi justamente o que aconteceu. Os revoltosos se rebelaram e chegaram a matar três oficiais, assim como o comandante do navio. Quando chegaram a Bahia de Guanabara eles conseguiram mais apoio para sua causa, com os marinheiros do encouraçado São Paulo.

O líder e suas reivindicações

O primeiro a esboçar uma reação diante da crueldade dos atos que envolviam as práticas de castigos, e chibatadas foi um marujo negro e analfabeto chamado João Cândido  ele liderou o protesto, que tomou o controle dos couraçados de Minas e de São Paulo. Depois de tomado o controle de ambas embarcações, enviaram um telegrama ao presidente contendo todas as suas reivindicações.

Entre seus pedidos estavam:

  • Fim dos castigos físicos aos marinheiros.
  • Melhora dos salários, que eram terrivelmente baixos.
  • Folga semanal para todos os marinheiros.

Caso o governo negasse seus pedidos eles iriam usar de toda a força que tinham em mãos para bombardear a capital.

O fim da Revolta da Chibata

Com a situação cada vez mais alarmante, que fazia com que os grupos políticos oposicionistas aproveitassem a situação em favor próprio, o governo decidiu atender aos pedidos, e em poucos instantes o Congresso votou a lei que abolia a prática dos castigos físicos e absolvia todos os envolvidos na revolta, fazendo assim com que eles não viessem a sofrer nenhum tipo de punição.

Quatro dias após o conflito, o então Presidente Hermes da Fonseca decretou  o fim de toda prática violenta e o perdão aos marinheiros, e após a entrega das armas e embarcações, Hermes da Fonseca solicitou que alguns revoltosos fossem expulsos. Isso provocou grande insatisfação entre os marinheiros, que se enxergando como os vitoriosos de uma primeira guerra contra o governo decidiram fazer um outro motim, desta vez na Ilha das cobras.

Mas nem tudo ocorreu tão bem quanto eles imaginavam, já que o governo de Hermes era autoritário, e mesmo descumprindo suas próprias ordens, não perdoou os revoltosos e ordenou a prisão de alguns participantes da revolta. O governo agiu fortemente, reprimindo os marinheiros, muitos deles foram presos nas próprias celas subterrâneas da ilha da Fortaleza da Ilha das Cobras, o que levou muitos prisioneiros a morte, devido as terríveis condições de vida do local. Outros foram enviados para a Amazônia, onde passaram a prestar trabalho forçado, quase como escravos, na produção de borracha, nos seringais.

João Cândido, o líder da revolução, foi expulso da marinha e internado em um Hospital de alienados, sendo declarado como louco. Um local que conseguia ser pior do que qualquer prisão. Em 1912 ele e outros marinheiros foram absolvidos das acusações referentes a revolta, e em 1969 ele morreu acometido por um câncer, pobre e esquecido.