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Sistema ABO: resumo do que é, tabela e como funciona

Você sabe qual seu tipo sanguíneo? Sabe o que diferencia um tipo sanguíneo do outro? Na espécie humana existem quatro grupos sanguíneos do sistema ABO (A, B, AB e O), relacionados à presença de certos antígenos na membrana das hemácias.

As hemácias são os elementos figurados mais numerosos presentes no sangue. Cada ser vivo possui um grupo de proteínas diferente de qualquer outro ser.

Assim, quando, por exemplo, uma bactéria ou um organismo estranho penetra no corpo, suas proteínas não são reconhecidas (antígenos) e inicia-se a produção de proteínas chamadas anticorpos, que neutralizam os antígenos. Os anticorpos são específicos: para cada tipo de antígeno é produzido apenas um tipo de anticorpo, com forma complementar à do antígeno.

Sistema ABO e Rh

Tipos de sangue

Existem quatro tipos de sangue e dois fatores (Foto: Pixabay)

Sistema ABO de grupos sanguíneos

O sistema ABO engloba os tipos sanguíneos A, B, AB e O. Pessoas do grupo A apresentam um antígeno chamado aglutinogênio A; as do grupo B, o antígeno aglutinogênio B; as pessoas do grupo AB apresentam os dois antígenos; e as do grupo O não apresentam nem A nem B.

O grupo O (letra “O” maiúscula) foi inicialmente chamado de “grupo zero” (grupo 0), por não ter antígeno A ou B, mas atualmente é mais comum usar a letra “O” para esse grupo, embora em algumas parte da Europa ainda se use o número zero (0).

Sistema Rh de grupos sanguíneos

Outro sistema de classificação de grupos sanguíneos é chamado de sistema Rh (iniciais de Rhesus, o gênero de macaco no qual esse antígeno foi descoberto inicialmente).

Cerca de 85% dos seres humanos possuem em suas hemácias o antígeno Rh e são chamadas Rh positivas (Rh+). As que não tem esse antígeno são Rh negativas (Rh-).

Embora vários alelos não estejam envolvidos na herança do fator Rh, para efeito de incompatibilidade de grupos sanguíneos podemos considerar apenas um par de alelos: R (dominante, faz aparecer esse antígeno) e r (recessivo).

  • Fenótipos: Rh+ / Rh-
  • Genótipos: RR ou Rr / rr

Ao contrário dos antígenos do sistema ABO, o antígeno Rh não é encontrado em bactérias e, a princípio, um indivíduo negativo não possui anticorpos no plasma.

Em geral, os indivíduos Rh- produzem anticorpos correspondentes quando recebem hemácias com o antígeno Rh, o que pode ocorrer durante a gravidez, no parto ou em transfusões.

Tabela do sistema ABO

Tabela ABO

(Imagem: Reprodução | Wikimedia Commons)

 

 

Como funciona

Os antígenos são polissacarídeos presos à membrana da hemácia e sua presença é controlada por três alelos localizados no par do cromossomo 9. Esses alelos promovem a síntese de enzimas que acrescentam açúcares específicos a uma substância precursora na membrana da hemácia.

O alelo A ou Icondiciona a formação do aglutinogênio A; o alelo B ou IB condiciona a formação do aglutinogênio B; o alelo O ou i não forma essas substâncias (a letra I vem de isoaglutinação, que é a aglutinação ocorrida na transfusão de sangue de indivíduos da mesma espécie).

Os alelos Ie IB são dominantes em relação a i. Por isso pessoas de genótipos IAIe IAi apresentam o aglutinogênio A, e pessoas de genótipos IBIB  e IBi,o aglutinogênio B.

Os indivíduos ii não possuem nem um nem outro aglutinogênio. Entre os alelos Ie IB há codominância, assim, cada um fornece o seu efeito e aparecem as duas substâncias.

Além dos aglutinogênios nas hemácias, podem ser encontrados no plasma anticorpos contra esses aglutinogênios, chamados aglutininas ou isoglutininas.

O termo aglutinina é usado para indicar que esses anticorpos provocam a aglutinação das hemácias. Desse modo, os anticorpos impedem que as hemácias se espalhem no organismo, auxiliando no processo de fagocitose pelos glóbulos brancos.

Transfusões sanguíneas

Transfusão

As transfusões podem ser parte do tratamento de algumas doenças (Foto: Reprodução | Freepik)

Uma das principais razões pelas quais o sangue é testado para o tipo sanguíneo é a necessidade de transfusão.

A transfusão sanguínea é feita quando um paciente perde muito sangue e seu organismo não é capaz de repor sozinho o que foi perdido. Transfusões também podem ser parte do tratamento de algumas doenças.

O sangue que será doado para transfusões é separado em diversos elementos: concentrado de hemácias, plasma (por sua vez, separado em vários componentes), concentrado de plaquetas etc.

Cada um poderá ser usado conforme a situação específica: em certos casos de anemia ou hemorragia aguda, por exemplo, há necessidade de transfusão de concentrado de hemácias.

Já o plasma pode ser usado quando há deficiência de múltiplos fatores de coagulação e quando não estiverem disponíveis concentrados comerciais desses fatores (obtidos por técnicas de engenharia genética).

Antes da transfusão, deve ser observado se o sangue do doador é compatível com o sangue do receptor. É feita a mistura do soro do receptor com as hemácias do doador para investigar a presença de anticorpos contra os antígenos presentes nas hemácias deste último.

A pessoa portadora do tipo de sangue O não tem aglutinogênios A ou B nas hemácias, por isso, dizemos que esse grupo é um doador universal, uma vez que seu sangue, na forma de concentrado de hemácias, pode ser doado para pessoas com sangue A, B, AB ou O.

Na prática, as pessoas recebem preferencialmente sangue do mesmo tipo que o seu. As hemácias de sangue tipo O devem ser usadas em pacientes de outro grupo sanguíneo apenas em situações de emergência.

De modo semelhante, pessoas do grupo AB, por não terem aglutininas anti-A ou anti-B no plasma, aceitam transfusões de hemácias de pessoas com sangue A, B, AB ou O, sendo chamadas receptores universais.

Veja abaixo o esquema de compatibilidade de grupos sanguíneos para a transfusão de hemácias:

Eritroblastose fetal

A eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido (DHRN) pode ocorrer em filhos de mãe Rh-. Se o filho for Rh-, terá o mesmo padrão da mãe e não haverá incompatibilidade entre eles. Se for Rh+, alguns dias antes do nascimento e principalmente durante o parto, uma parte do sangue do feto escapa para o organismo materno, que é estimulado a produzir anticorpo anti-Rh.

Como essa produção não é imediata, o primeiro filho nascerá livre de problemas. Entretanto, em uma possível segunda gestação, os anticorpos maternos, já concentrados no sangue, atravessam a placenta e podem provocar aglutinação das hemácias do feto.

Para prevenir a eritroblastose fetal, até três dias após o parto da primeira criança Rh+, a mãe Rh- deve receber uma aplicação de anticorpos anti-Rh.

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • O sistema ABO é constituído por 4 grupos sanguíneos.
  • Os grupos sanguíneos são: A, B, AB e O.
  • Outro sistema de classificação é o sistema Rh.
  • Saber o tipo sanguíneo é importante para casos de necessidade de transfusão.

Exercícios resolvidos

1- Quais tipos sanguíneos existem?
R: Quatro tipos: A, AB, B e O.
2- No que os tipos sanguíneos se diferem?
R: Quanto a presença de certos antígenos na membrana das hemácias.
3- Qual o nome do antígeno do sangue tipo A?
R: Aglutinogênio A.
4- Qual o nome do antígeno do sangue tipo B?
R: Aglutinogênio B.
5- Qual o antígeno do sangue tipo O?
R: Não apresenta nem o aglutinogênio A nem o B.
Referências

» BATISSOCO, Ana Carla; NOVARETTI, Marcia Cristina Zago. Aspectos moleculares do sistema sangüíneo ABO. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 25, n. 1, p. 47-58, 2003.

» DA SILVA, Mikaíla Luana Alves; DA SILVA, José Onício Rosa; MELO, Hugo Christiano Soares. Eritroblastose fetal: diagnóstico e aspectos imunológicos. 2016.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.