Oficialmente em vigor desde janeiro de 2016, o Novo Acordo Ortográfico tem por objetivo a padronização da ortografia da língua portuguesa. Dentre as principais mudanças está o uso correto do hífen.
O emprego correto do hífen é matéria complexa e, por isso, exige bastante atenção dos falantes.
Emprego correto do hífen
De acordo com a “Novíssima Gramática da Língua Portuguesa”, do gramático Domingos Paschoal Cegalla, emprega-se o hífen nos seguintes casos:
Palavras compostas
Palavras compostas cujos elementos conservam sua autonomia fonética, mas perderam sua significação individual para formar um conceito único.
Exemplos: amor-perfeito, beija-flor, quinta-feira, sempre-viva, bem-te-vi, vitória-régia, decreto-lei, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, conta-gotas, etc.
É importante observar as seguintes diferenças de significação: meio dia (= metade do dia), ao meio-dia (= às 12 horas), pão duro (= pão endurecido), pão-duro (= sovina).
Adjetivos compostos
Exemplos: mato-grossense, rio-grandense, latino-americano, sem-vergonha, cor-de-rosa, etc.
Pronomes átonos
Para ligar pronomes átonos a verbos e à palavra “eis”.
Exemplos: deixa-o, dir-se-ia, ei-lo, obedecer-lhe, etc.
Adjetivos de origem tupi
Em vocábulos formados pelos adjetivos de origem tupi “açu”, “guaçu” e “mirim”, se o elemento anterior acabar em vogal acentuada ou nasal.
Exemplos: sabiá-guaçu, capim-açu, socó-mirim, etc.
Observe que não há hífen em jiboiaçu, Mojimirim, etc.
Encadeamentos vocabulares
Exemplos: ponte Rio-Niterói, linha aérea Rio-Paris.
Elementos com acentuação própria
Em vocábulos formados por elementos e prefixos com acentuação própria.
Exemplos:além- (além-mar, além-túmulo);
aquém- (aquém-mar);
pós- (pós-escolar, pós-operatório);
pré- (pré-nupcial);
pró- (pró-alfabetização);
recém- (recém-nascido).
Depois de circum-, mal- e pan-, antes de vogal, m, n ou h
Exemplos: pan-americano, mal-educado, mal-humorado, circum-navegação, etc.
Prefixo bem-
Depois do prefixo bem-, antes de palavras que têm vida autônoma e quando a pronúncia o exigir
Exemplos: bem-amado, bem-aventurado, bem-vindo, bem-estar, bem-me-quer, etc.
O hífen nas formações por prefixação
O hífen deve ser utilizado nas palavras formadas com os prefixos gregos e latinos aero-, agro-, ante-, anti-, arqui, auto-, bio-, inter-, infra-, entre-, hiper-, sub-, extra-, geo-, pan-, pseudo-, retro-, semi-, supra-, vice-, etc., obedecendo-se às seguintes regras:
a) Quando o segundo elemento começa por h.
Exemplos: anti-higiênico, super-homem, pré-história, pan-helenismo, sub-humano, etc.
b) Quando o prefixo termina com a mesma vogal com que começa o segundo elemento.
Exemplos: anti-ibérico, micro-onda, auto-observação, semi-interno, etc.
Atenção! Excetua-se o prefixo co-, que se une sem hífen ao segundo elemento iniciado por o. Exemplos: coordenar, coordenação, cooperar, etc.
c) Com o prefixo sub- antes de b, h e r.
Exemplos: sub-humano, sub-raça, sub-bibliotecário.
d) Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando o segundo elemento começa por r.
Exemplos: hiper-realismo, inter-racial, inter-relacionar, super-requintado, etc.
e) Nas formações com os prefixos ex-, sota-, soto- e vice-.
Exemplos: ex-diretor, vice-presidente, sota-piloto, soto-mestre.
O emprego do hífen realmente é um ponto crítico da nossa ortografia, e muitos estudiosos defendem que as regras listadas acima deveriam ser urgentemente revistas. Lembre-se que a “memória fotográfica” nos ajuda a lembrar a grafia correta das palavras, o que pode ser bastante útil na hora de empregar corretamente a notação léxica denominada hífen.