A atriz norte-americana Ellen Page, protagonista do filme Juno, foi a realizadora do documentário Gaycation, trabalho onde a realidade da comunidade LGBT em diversas partes do mundo, entre elas, no Brasil é mostrada.
Ellen começa parte da trajetória no Brasil alegando que o país possui “uma relação com a comunidade LGBT que é complexa e extremista, pois ao mesmo tempo que é um lugar que tem as leis de igualdade mais progressivas da América Latina é, também, o que possui um maior número de assassinatos movidos pela homofobia”.
Ao lado de Ian Daniel, Ellen entrevistou alguns homossexuais na tentativa de entender o que causa um número tão alto de crimes em um país que é conhecido mundialmente por ser tão feliz e pacífico.
A norte-americana ainda entrevistou o deputado filiado ao Partido Social Cristão (PSC), Jair Bolsonaro, a qual o intitula como “uma das principais vozes do movimento anti gay do Brasil”. Na entrevista, o político defendeu que ser homossexual é algo que foge a normalidade e que grande parte disso é algo apenas comportamental, influenciado por terceiros. “Antigamente existiam poucas pessoas LGBTs e o número aumentou depois de certas libertinagens, drogas e com a mulher também trabalhando”, alega. Ele ainda defendeu a ideia de dar um corretivo nas crianças para que “certos comportamentos” sejam evitados no futuro.
Muito precisou ser marchado, lutado e sonhando para que a comunidade LGBT pudesse ter um espaço próprio para dançar e se divertir sem precisar se esconder para isso. Apesar do Brasil ser comprovadamente o país onde mais se mata gay no mundo, os crimes de homofobia não se restringem somente a ele.
A casa noturna Pulse, em Orlando, Estados Unidos, funciona como uma boate gay e foi na madrugada do último domingo (12) que tanto brilho e purpurina acabou virando cinzas. Um atirador de 29 anos, Omar Siddique Mateen, deixou 50 mortos e 53 feridos por um crime motivado pelo ódio e intolerância, sendo esse o pior ataque nos Estados Unidos desde o 11 de Setembro.
Omar Siddique Mateen é filhos de muçulmanos. O pai do atirador contou que o crime não teve nenhum tipo de relação com religião, mas de caráter homofóbico. Ainda segundo o pai, Omar estava revoltado e enfurecido desde que viu dois homens se beijando algumas semanas antes do ataque.
Os crimes de homofobia, muitas vezes, são mascarados com “em nome da família tradicional ou de Deus”, mas não passam de ódio gratuito disfarçado. Não é preciso pegar uma arma e matar um homossexual para que a intolerância ocorra; ela está presente nas piadas de bar, personagens estereotipados de novelas, apelidos na escola e enraizado em uma cultura onde algumas (poucas) vezes é até “aceitável” você ser gay, contato que não pareça um.