Existe a matemática vivenciada pelos vendedores de praças públicas, pelo artesão, donas de casa, costureira, na geometria da cultura indígena etc. Cada situação é completamente distinta, pois está em função do contexto cultural e social na qual estão inseridas. Assim sendo, para ampliar a compreensão da realidade, é necessário ultrapassar a noção de matemática apenas como uma maneira de resolver questões de ordem prática.
A etnomatemática defende que se enfatizem as ações pedagógicas construídas dentro do contexto sociocultural dos educandos, levando-se em consideração os distintos grupos culturais. Assim sendo, são enaltecidos os conceitos matemáticos informais desenvolvidos pelos alunos através de seus conhecimentos, fora da vivência escolar. Nesta perspectiva, os conteúdos e os objetivos devem variar de acordo com a cultura, as necessidades, as aspirações e a realidade social de cada grupo.
Os povos em suas diferentes culturas possuem inúmeras maneiras de trabalharem o conceito matemático e todos os conhecimentos produzidos pelos grupos sociais são válidos. A etnomatemática valoriza as diferenças e defende que toda construção do conhecimento matemático está intimamente relacionado com a tradição, sociedade e cultura de cada povo.
O estudo das atividades fora da sala de aula proporciona um rico conhecimento prático do educando e que não perde o caráter acadêmico desta ciência dos números. A linguagem matemática está presente nas mais diversas atividades humanas, como nas artes, arquitetura, música, dança, esporte, engenharia etc., e faz parte do contexto da sociedade na qual o indivíduo está inserido, estando, assim, relacionada ao social e cultural.
O ensino da matemática na perspectiva etnomatemática contempla as experiências cotidianas e, por isso, enriquece a relação entre teoria e prática.