Diante de todo este contexto histórico, surge um novo produto que promete movimentar a economia do país: o café. A partir de então o Brasil tem a oportunidade de fazer riqueza com esse produto que desvinculou a produção agrícola da região Nordeste, onde se tinha o açúcar, e passou a trabalhar em terras do Sudeste, como São Paulo, Minas e Paraná. Portanto, é a partir da produção do café e da emancipação política que se dá origem a industrialização brasileira.
De acordo com o professor João Machado, que produz vídeos com conteúdos específicos para o Enem através do canal no YouTube chamado de TV Poliedro, são exatamente a produção do café e a independência do Brasil os pontos mais fortes para que inicie-se o processo de industrialização no país. “A gente destaca o café justamente porque ele é o elemento da criação de riqueza que estabelece um novo padrão, um novo centro econômico, uma relação maior com o exterior já dentro de uma voga (sic) mais capitalista, internacionalizada do que o açúcar, sem as restrições que o açúcar tinha por sermos colônia”, explica o docente.
Portanto, vale ressaltar que o primeiro grande surto industrial no Brasil surgiu devido à força econômica que o café tinha, proporcionando assim mais capital para o império brasileiro; novos centros econômicos como São Paulo e Minas Gerais; a criação de elo com o capital externo, visando atingir os mercados internacionais; o desenvolvimento e crescimento das cidades; a criação e expansão da malha ferroviária; e a diversificação de investimentos.
Além do poder que o café possuía, os primeiros passos da industrialização foram dados, também porque o Brasil se encontrava independente. Assim, as demais nações tinham interesse em comercializar com o império brasileiro que, em tese, não era mais uma colônia de Portugal.
Com todo este aparato, os barões do café e o governo brasileiro, com o intuito de alavancar a economia no Brasil, passam a procurar uma mão de obra qualificada para os serviços industriais que não era encontrada no Brasil. Assim, ofereceram terra, trabalho e a possibilidade de crescimento para pessoas pobres que moravam em outros países, como Itália, Alemanha e Espanha.
Neste sentido, a mão de obra escrava muito utilizada na região nordeste para o cultivo do açúcar foi substituída pela mão de obra especializada trazida de fora do país. Além dos estrangeiros, outro ponto contribui para o crescimento da indústria no Brasil, isto é, as estradas de ferro. Isto porque, elas serviam para transportar os produtos agrícolas das cidades produtoras, para as cidades portuárias.
A partir de 1914 a industrialização no Brasil teve um grande crescimento, uma vez que as indústrias europeias e americanas estavam focadas na 1ª Guerra Mundial e por isso não estavam exportando seus produtos. Para suprir a necessidade interna, os brasileiros passaram a investir em suas próprias indústrias que mesmo sendo pequenas, teriam como grande desafio suprir as demandas do país.
De acordo com João Machado, o crescimento deste segmento no Brasil foi de 8,5% ao ano a partir de 1914 até aproximadamente 1920. “São quase 10 anos numa faixa de crescimento altíssima, porque tínhamos que suprir o mercado interno carente de importações”, explica o professor.
Contudo, ao mesmo tempo em que há um crescimento de demanda e de indústrias, há também o aumento de serviços para os funcionários, sem que com isso houvesse uma melhoria no ambiente e nas condições de trabalho. Todo este cenário criou uma revolta no operariado que tinha como característica, além de boas técnicas de trabalho, a consciência de seus direitos.
Por serem imigrantes, em sua grande maioria, os operários das fábricas tinham noção de todos os seus direitos pois carregavam as ideologias de seus países com relação as reivindicações. Desta forma, levando em consideração o descaso dos patrões e do governo, os trabalhadores iniciaram uma Greve Geral, a primeira da história do país.
Assim, em 1917, muitos que constituíam o operariado brasileiro, em sua maioria mulheres, saíram nas ruas em busca de seus direitos. O Governo, sem experiência para lidar com revoltas desta classe e pressionados pelos patrões, tomou algumas medidas para conter a greve. Desta forma, todo grevista era visto como ameaça e deveria ser preso. No final, quase não houve melhorias, mas muitos trabalhadores acabaram na prisão.
Assista ao vídeo da aula na íntegra aqui: