Os dados feitos pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, apontam que por medo e vergonha apenas 10% dos casos de violência sexual são denunciados e, mesmo assim, só em 2014 foram registrados mais de 50 mil casos, em que 70% das agressões são cometidas por parentes e conhecidos da vítima: isso é cultura de estupro.
O estupro é algo abominável, mas antes do agressor atuar como monstro ele é um homem. E em algum momento da sua vida ele aprendeu que era correto agredir uma mulher e força-la ao sexo.
Desde comerciais de desodorante a letras de músicas, a mulher é objetificada. Mesmo que diretamente esse pensamento nunca tenha sido ensinado, aprende-se que desde cedo a mulher foi feita para servir e o homem para ser servido.
Obviamente existem diversos casos de homens estupradores que são mentalmente desequilibrados, mas você realmente acha possível que, por exemplo, os que participam de agressões coletivas sofriam, todos, algum tipo de distúrbio? Ou será que eles viviam em um ambiente que foi ensinado que, dependendo do “tipo” de mulher, não há problema em dopá-la e penetrá-la sem o consentimento dela. Desvio de conduta e de caráter irá sempre existir, mas quantos casos de mulheres que estupram homens são noticiados?
A castração química é uma forma temporária de redução da libido, através de medicamentos hormonais. Mas o estupro não é apenas sobre sexo é, principalmente, sobre poder e dominação. Pois um homem que acha quem uma mulher está pedindo para ser estuprada vai fazer isso seja com o pênis ou, por exemplo, com qualquer objeto semelhante.
É preferível sair na rua segura por saber que seu estuprador terá a libido anulada por algum tempo ou ter a certeza que ele, se quer, existe? Mas é muito mais fácil colocar a culpa na vítima ou tentar ações que funcionem parcialmente do que tentar lutar para mudar o pensamento de toda uma sociedade ainda em determinadas situações, machista.