A realidade dos presídios brasileiros femininos

“A situação dos presídios femininos é inadequada”. A constatação é da jornalista Nana Queiroz, que mantém um blog e livro que tratam do assunto. No ‘Presos que Menstruam’, a especialista em Relações Internacionais com formações na USP, Nova York e Finlândia, relata como é a estrutura e o dia a dia das penitenciárias voltadas para mulheres.

Segundo a autora, oficialmente existem 53 penitenciárias femininas no país, 4 colônias agrícolas, 7 casas de albergados, 9 cadeias públicas e 5 hospitais de custódia para presas com problemas mentais, porém devido a falta de estrutura ou super lotação, muitas delas permanecem em delegacias de polícia.

Nana Queiroz destaca em seu blog uma entrevista concedida ao Portal Humanitas. Nela, ela fala como é tratado o público feminino nos cárceres. “O poder público parece ignorar que está lidando com mulheres e oferece um ‘pacote padrão’ bastante similar ao masculino, nos quais são ignoradas a menstruação, a maternidade, os cuidados específicos de saúde, entre outras especificidades femininas”.

A realidade dos presídios brasileiros femininos

Foto: depositphotos

Segundo ela, os dados de 2012 do Ministério da Justiça informam que 31.552 mulheres estavam presas no país. Dessas, 3.733 tinham Ensino Médio incompleto, 13.584 não haviam completado o Ensino Fundamental, 2.486 tinham sido apenas alfabetizadas e 1.382 eram analfabetas. Só 272 haviam concluído a faculdade.

Esse número de presas deu um salto nos últimos anos. Em 2004 era 16.473 contra os mais de trinta mil atuais, sendo mais de seis mil detidas por crimes contra o patrimônio e mais de dezessete mil por tráfico de drogas.

As condições são tão precárias que já foi alertada pelo Conselho de Diretos Humanos das Nações Unidas. A especialista afirma: “policiais e carcereiros resistiram até o último minuto para levar mulheres em trabalho de parto para o hospital, e em alguns casos, as mulheres deram à luz na própria cadeia”.

Uma denúncia que parte das detentas e que são descritas pela autora é em relação à prescrição desnecessária de remédios controlados, como antidepressivos e calmantes. “A administração dos presídios e os médicos responsáveis receitam remédios controlados para mantê-las ‘dóceis’. Mulheres dopadas dão muito menos trabalho”, explica Nana Queiroz.

Outros problemas que agravam a situação dos presídios brasileiros femininos é o machismo dos agentes, administradores e carcereiros que dificultam ao máximo a visita íntima para as mulheres. Além de situações especificas quanto à gravidez, higiene íntima, parto, amamentação e presença dos recém-nascidos no cárcere multiplicam ainda mais as dificuldades relacionadas às detentas femininas no Brasil.

Sobre o autor

Jornalista formada pela Universidade Federal da Paraíba com especialização em Comunicação Empresarial. Passagens pelas redações da BandNews e BandSports, TV Jornal e assessoria de imprensa de órgãos públicos.