História

A tragédia do Challenger

A missão STS-51-L do ônibus espacial americano de pôr em órbita um satélite de comunicações era rotineira: o chamado Challenger já havia viajado ao espaço nove vezes. Mas dessa vez, a missão também envolvia um exercício de relações públicas, com o qual, a NASA pretendia provar que as viagens espaciais eram seguras. Seriam dois marcos históricos, pois teria – pela primeira vez – um cidadão comum na tripulação, e ainda mais: uma mulher. A candidata, selecionada entre mais de 10 mil concorrentes, foi a professora de 37 anos Christa McAuliffe.

Condições de pré-lançamento

A decolagem foi adiada duas vezes devido a problemas técnicos. No dia 28 de janeiro de 1986, fazia muito frio, e a tripulação pensou que o lançamento voltaria a ser adiado. No entanto, antes do café da manhã, eles receberam a comunicação de que o ônibus espacial decolaria por volta das 11h.

Dos tripulantes, cinco eram astronautas experientes. Tinha ainda a professora McAuliffe e o engenheiro Greg Jarvis, que apesar de estar no programa há bastante tempo, participava de uma missão espacial pela primeira vez.

A tragédia do Challenger [5]

Foto: Divulgação/ NASA

A tragédia em segundos

Quando os astronautas chegaram à plataforma viram que havia placas de gelo ao redor da estrutura de lançamento. Começaram a contagem regressiva para a decolagem, mas detiveram a manobra para avaliar os riscos. Então decidiram que não havia perigo, e retomaram contagem regressiva às 11h e 29 minutos.

Trinta e seis segundos após a decolagem, o Challenger atravessou a barreira do som, e foi atingido por um violento vento lateral, que obrigou o sistema de navegação de bordo a corrigir a potência dos foguetes propulsores.

Quando alcançou a potência máxima, uma chama começou a queimar as junções do foguete propulsor de estibordo. Aos 72 segundos do voo, o hidrogênio que se filtrava do depósito de combustível se incendiou, e o foguete propulsor tombou, perfurando assim, o tanque de combustível, que foi estilhaçado. Toneladas de combustível líquido envolveram a nave em uma verdadeira bola de fogo, os foguetes propulsores foram lançados para fora, e a explosão soltou o ônibus espacial.

Tudo ocorreu tão depressa que não houve tempo para iniciar nenhuma manobra de emergência.

Sobre os tripulantes

Acredita-se que alguns tripulantes não tenham morrido na primeira explosão. Enquanto o Challenger se desintegrava no ar, alguns tentaram ativar suas provisões de oxigênio de emergência, mas, embora a cabine tenha se conservado praticamente intacta ao cair no oceano, a forte pressão aerodinâmica matou aqueles que sobreviveram à explosão inicial.

A causa

O então presidente norte-americano Ronald Reagan encarregou uma comissão para investigar o acidente. A investigação provou que os O-rings – juntas de borracha em forma de anel – que deveriam vedar as junções entre os segmentos do foguete propulsor haviam falhado, permitindo que o gás quente sob pressão de dentro do motor vazasse, e alcançasse a parte externa, e invadisse o anexo das ferragens adjacentes e o tanque de combustível externo. O acidente ocorreu devido a um possível defeito de fabricação.