Porém, ao contrário do que se possa imaginar devido a dimensão desta tragédia, ainda existe vida em Chernobyl.
Esta foi a conclusão que os estudiosos da Polesky State Radioecological Reserve, na Bielorússia, e da Universidade de Portsmouth, na Grã-Bretanha, chegaram ao publicarem os resultados de uma pesquisa sobre a fauna da região na revista Current Biology.
De acordo com os pesquisadores, é fato que a explosão nuclear alterou o conteúdo genético dos animais, assim como ocorreu no caso dos seres humanos. Contudo, a interferência do acidente é menos significativa em termos de diminuição da população animal do que a caça e desflorestamento.
Em outras palavras, pode-se dizer que a ação humana é bem mais prejudicial a vida dos animais do que o maior acidente nuclear do mundo.
A zona de exclusão formada ao redor de Chernobyl totaliza 4.200 quilômetros quadrados, um território que abrange parte da Ucrânia e da Bielorrússia. Nesta área é estritamente proibido o acesso humano, devido as possíveis radiações. Todavia, foi exatamente nesta região que javalis, lobos, cervos e outros mamíferos começaram um processo de repovoação.
“Quando o homem está ausente, a natureza floresce, até mesmo no lugar onde aconteceu o pior acidente nuclear do mundo”, afirma um dos autores da pesquisa, Jim Smith.
Ainda segundo o estudioso, o número de animais nesta área é hoje maior do que se comparado ao número de antes do acidente, o que claramente explica a afirmação do pesquisador.
Após 10 anos do acidente, os pesquisadores recolheram dados estatísticos dos animais da região de Chernobyl através de imagens feitas por helicópteros. Além disso, entre 2008 e 2010, os mesmos estudiosos acompanharam pistas relativas aos animais nesta mesma área.
Como resultado, os autores da pesquisa perceberam que a existência da fauna aumentou após o acidente, evidenciando que a caça, o desflorestamento e outras ações humanas são mais prejudiciais a vida dos animais, do que o próprio acidente.
Vale ressaltar, porém, que os estudiosos sabem e confirmam que as radiações não são benéficas aos animais. Por isso, foi possível observar que logo nos primeiros anos após o acidente, o número de animais mortos ou com doenças genéticas foram altos.
“Sem dúvida os animais nas imediações de Chernobyl e Fukushima sofreram danos ao nível genético”, esclarece Smith. Mas, a não intervenção humana ao longo do tempo favorece o desenvolvimento de várias espécies de seres vivos e foi o que ocorreu e ainda ocorre em Chernobyl.
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