Ao todo são 20 mil espécies de abelhas no mundo, sendo algumas mais conhecidas que outras. A mais famosa é a Apis mellifera, popularmente chamada de abelha europeia.
Um outro tipo de abelha é a africana, que é considerada a mais perigosa do mundo. Para se ter uma ideia, este inseto já fez mais de mil vítimas fatais em apenas cinco décadas. Isto porque essas últimas abelhas podem perseguir um alvo por até 1 km.
O modelo de organização social da abelha é fascinante. Dentro da colônia, cada uma tem sua função específica, que é executada sempre em benefício do bem-estar da coletividade.
A abelha é um inseto trabalhador, disciplinado, que convive num sistema de extraordinária organização: em cada colmeia existem 40.000 a 80.000 abelhas, dependendo da atividade da rainha. E cada colônia é constituída por uma única rainha, dezenas de zangões e milhares de operárias.
Dentro da colmeia existem três classes: a rainha, os zangões e as operárias.
Há apenas uma rainha dentro de cada colônia e ela é a única fêmea responsável pela reprodução, chegando a colocar até três mil ovos por dia. Seu tempo de vida é em torno dos cinco anos.
A abelha rainha de uma colmeia é facilmente identificada, pois ela é visivelmente mais longa do que as operárias e mais comprida que os zangões. Seus movimentos são lentos, sempre circundada por uma corte de operárias que a servem, alimentando-a com a geleia real.
Ela nasce de um ovo fertilizado e de uma célula com formato especial chamada realeira. Este ovo é tratado com geleia real pelas operárias, para desenvolver o aparelho reprodutor da futura rainha, que demora 16 dias para nascer.
Após nove dias do seu nascimento, ela é perseguida e fecundada por zangões. Esse momento é chamado de voo nupcial. Esse voo é de vários quilômetros e só os zangões mais fortes e velozes conseguem fecundá-la. Durante o voo nupcial, a rainha pode copular com até 20 zangões.
Uma abelha rainha põe dois tipos de ovos: fertilizados (operárias) e não fertilizados (zangões). Quando a sua fertilidade cai, o que ocorre após 3 ou 4 anos, as abelhas operárias providenciam a sua substituição, repetindo-se o processo.
Curiosidade: Nas épocas em que há bastante alimento, uma rainha produtiva bota de 2 a 3 mil ovos por dia, o equivalente a duas vezes seu peso.
Importância: A abelha rainha é muito importante à colônia, pois é a única abelha fêmea fecundada. Põe todos os ovos necessários à continuidade da família, mantendo a organização e união do enxame.
Os zangões
Os zangões são abelhas machos, sendo mais largos e fortes que qualquer outra abelha. Eles nascem do ovo não fecundado, nas células maiores chamadas zanganeiras. Não possuem ferrão, não coletam pólen ou néctar, não produzem cera, não possuem glândulas odoríferas.
É dotado pela natureza de órgãos adequados para cumprir eficazmente sua única função que é fecundar a rainha (princesa virgem), vindo a morrer após o ato. Sua quantidade por enxame é de algumas centenas, variando em função da quantidade de alimento disponível e se for época de acasalamento ou não.
Costumam se agrupar em locais próximos às colmeias, esperando as princesa. Quando a descobrem, partem todos em perseguição para copular em pleno voo, o que acontece sempre acima de 11 metros de altura. Os que não desempenham bem suas funções são expulsos da colmeia, morrendo pouco tempo depois de fome e frio.
As operárias são as que mantêm a colmeia, pois são responsáveis pela busca do néctar e pólen e por transformar estes materiais em mel (um tipo de açúcar de alto valor energético). As operárias espalham o néctar ao longo dos favos de mel para que a água possa evaporar, assumindo assim, uma consistência mais espessa, o mel. Quando o mel é formado a partir do néctar de diversas flores diferentes, temos o mel silvestre.
Apesar das operárias serem bem menores, podem suportar cargas de 300 vezes a mais que seu peso. Em um único dia, elas podem visitar de 50 a mil flores e acabam vivendo menos, em média um mês e meio.
Embora constituam o maior número de população, entre 50 a 80 mil por enxame, são as de menor porte da família. Sua estrutura corporal compreende: cesta de pólen, vesícula melífera, glândulas cerígenas, glândulas odoríferas, glândulas de veneno, ferrão etc.
São responsáveis por todo o trabalho da colmeia, obedecendo a uma rígida distribuição de serviços de acordo com sucessivas transformações que se ocorrem em seu organismo no decorrer do seu tempo de vida. Assim, até o 21º dia ficam dentro da colmeia.
– Do 1º ao 3º dia: fazem a limpeza da caixa e reformam os favos onde nasceram, recebendo o nome de faxineiras.
– Do 4º até o 14º dia: preparam o alimento para as larvas. Nessa fase de vida elas possuem dois pares de glândulas que produzem a geleia real. Esse geleia, alimento das larvas, é chamada de pão de abelhas.
– Do 14º ao 18º dia: são chamadas de carpinteiras. Nesse período elas se preocupam em construir favos à base de cera, produzida por glândulas cerígenas, localizadas no abdome. Cada abelha tem quatro pares dessas glândulas. As abelhas carpinteiras precisam de muito mel para produzir cera: 1 kg de cera requer até 7 kg de mel.
– Do 18º ao 20º dia: as operárias são chamadas de guardiãs. Nessa fase elas defendem a família contra inimigos, impedem a entrada de outras abelhas na colmeia para roubar mel e atacam até o apicultor despreparado.
– Do 21º dia até morrer: são chamadas de campeiras. No primeiro dia de campeira elas fazem a revoada ao redor da colmeia para conhecer o local. Daí em diante, trabalham recolhendo o néctar e o pólen das flores.
O néctar trazido pelas campeiras dentro do papo ou falso estômago, é entregue para as abelhas com idade de 4 a 14 dias. Essas abelhas transformam o néctar em mel, com fermentos produzidos no estômago. Quando o mel está maduro, as abelhas fecham os alvéolos com tampas de cera chamadas opérculos.
O pólen trazido pelas campeiras nas corbículas, serve de alimento às abelhas adultas e aos filhotes. Eles trazem também a água e a resina para fechar frestas da caixa. Essa resina misturada com a saliva das abelhas resulta no chamado própolis.
O mel é constituído essencialmente de vários açúcares, predominantemente D-frutose e D-glicose, como também de outros componentes e substâncias como ácidos orgânicos, enzimas, e partículas sólidas coletadas pelas abelhas. A aparência do mel varia de quase incolor a marrom escuro.
Pode ser fluido, viscoso, ou até mesmo sólido. Seu sabor e aroma variam de acordo com a origem da planta. Variedades de mel podem ser identificadas por sua cor, gosto, sabor e maneira de cristalização. Em circunstâncias excepcionais, o sedimento de mel é analisado pelo conteúdo de grãos de pólen.
O mel é um alimento muito rico e de elevado valor energético, consumido mundialmente e de extrema importância para a saúde do organismo humano quando puro, por apresentar diversas propriedades: antimicrobiana, curativa, calmante, regenerativa de tecidos, estimulante, entre outras.
Por ser constituído de açúcares simples, como glicose e frutose, sua passagem do tubo digestivo para a corrente sanguínea e desta para o interior das células onde é metabolizado, não requer muitas transformações por sucos, enzimas etc, e a sua entrada no metabolismo celular é relativamente rápida.
A ação do mel sobre o organismo humano deve-se não só à sua alta ação energética, mas principalmente às enzimas, vitaminas e a presença de elementos químicos importantes para o bom funcionamento do organismo, os oligoelementos. O mel possui a maioria dos elementos minerais essenciais para nós, especialmente o selênio, manganês, zinco, cromo e alumínio.
Ele é considerado o produto apícola mais fácil de ser explorado, sendo também o mais conhecido e aquele com maiores possibilidades de comercialização. Além de ser um alimento, é utilizado também em indústrias farmacêuticas e cosméticas, pelas suas conhecidas ações terapêuticas.
Por causa dos benefícios que o mel traz à saúde, o homem ficou incentivado a criar as abelhas de uma maneira racional, que hoje é conhecida como apicultura. O trabalho da abelha não é importante apenas para a obtenção de mel, através da polinização existe a perpetuação de milhões de espécies vegetais. Assim, com a apicultura a agricultura passou a ser a grande beneficiada.
» DE CARVALHO, Carlos Alfredo Lopes et al. Mel de abelhas sem ferrão: contribuição para a caracterização físico-química. Insecta-Núcleo de Estudos dos Insetos, 2005.
» WOLFF, Luis Fernando et al. Abelhas melíferas: bioindicadores de qualidade ambiental e de sustentabilidade da agricultura familiar de base ecológica. Embrapa Clima Temperado-Documentos (INFOTECA-E), 2008.