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Anfíbios – Reprodução, alimentação e outras características

Os anfíbios foram os primeiros animais vertebrados que conquistaram a vida terrestre. O anfíbio mais antigo que se conhece por meio de registro fóssil é o Acanthostega, que viveu no período Devoniano.

A área da biologia responsável pelo estudo dos fósseis de tais animais é a paleontologia. Os fósseis dos primeiros anfíbios indicam que eles eram animais mais aquáticos do que terrestres, mas muitos deles já apresentavam características indicativas de respiração por pulmões.

Os anfíbios são indivíduos com capacidade de explorarem o meio ambiente aquático e o terrestre.

O que são anfíbios?

Os anfíbios são animais que receberam esse nome pelo fato de serem capazes de viver uma fase da vida na água e outra na terra. Portanto, essa é uma característica própria do grupo.

Sapo verde

Os sapos são anfíbios classificados na ordem Anura (Foto: depositphotos)

A palavra anfíbio significavida dupla” (anfi = duas; bio = vida). Os anfíbios, na verdade, foram os primeiros do filo dos Cordados a fazerem a transição da vida marinha para a terrestre. Porém, essa transição não é completa, pois eles ainda precisaram do ambiente aquático para sua reprodução.

Na época da conquista por um novo ambiente, o restante da fauna terrestre era composto apenas por invertebrados. Os grandes predadores estavam restritos ao ambiente aquático e eram representados principalmente pelos peixes.

Esse conjunto de fatores possibilitou grande expansão dos anfíbios na terra firme, com representantes gigantescos, medindo até 4 metros de comprimento.

Classificações inferiores

Os anfíbios podem ser classificados em três tipos de ordens: Gymnophiona (ápodes), Urodela e Anura.

Os anfíbios do grupo gymnophiona têm corpo alongado, vermiforme e são ápodes, isto é, sem pernas. Vivem enterrados ou em ambientes aquáticos de regiões tropicais. São chamados boiacicas, cecílias ou cobras-cegas, por terem olhos vestigiais, às vezes recobertos por uma membrana.

Os do grupo urodela (uros = cauda) são representados pelas salamandras, anfíbios de corpo alongado, com quatro membros usados na locomoção e cauda.

E, por fim, o grupo anura são aqueles anfíbios que não possuem cauda, como os sapos, as rãs e pererecas. Tais animais possuem o corpo adaptado ao salto, com membros posteriores mais alongados com função de impulsionar o animal.

Anfíbios e a respiração

Nos estágios iniciais da vida dos anfíbios eles apresentam vida aquática (fase larval) denominados de girino, que respiram por brânquias externas. Após passarem por uma metamorfose, surge o anfíbio em forma de adulto, terrestre, com pernas, que respira por pulmões e através da pele.

Durante este processo, as brânquias desaparecem. Os pulmões são simples, possuindo pouca superfície de contato para a realização das trocas gasosas, não sendo tão eficientes, por isso a existência da respiração cutânea.

Esse tipo de respiração realiza-se através da pele e é necessária que a mesma esteja úmida para difusão gasosa. A pele dos anfíbios, por sua vez, conta com uma boa vascularização.

Habitat

O habitat dos anfíbios não é de exclusivamente terrestre. Apesar das estruturas que permitiram a adaptação desse grupo ao ambiente terrestre, os anfíbios permanecem restritos a ambientes úmidos ou aquáticos.

O principal fator responsável por essa restrição é a pele, que é delgada e não possui estruturas que impeçam a perda de água. A pele é rica em glândulas mucosas, que a mantém úmida e permeável.

Sistema nervoso dos anfíbios

O sistema nervoso dos anfíbios é formado pelo cérebro organizado em três partes: telencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. Cada parte do cérebro do animal é responsável por uma área de seu sistema sensorial.

O telencéfalo está ligado ao olfato, o mesencéfalo à visão e o rombencéfalo à audição e equilíbrio. Os animais apresentam uma espinha dorsal que transmite a informação do cérebro às demais partes do corpo por meio de nervos.

Os anfíbios foram os primeiros animais vertebrados a apresentar pálpebras móveis e glândulas lacrimais que lubrificam, limpam e protegem os olhos. Essas são adaptações importantes para a vida em ambiente seco e com partículas em suspensão, como é o caso do ambiente terrestre.

Os olhos dos anfíbios possuem adaptações para as visões diurna e noturna, e conseguem distinguir cores.

Como se reproduzem os anfíbios?

Os anfíbios no geral precisam da água para se reproduzir, mas o local onde se realiza a reprodução vai desde um rio, até mesmo uma simples poça. O ritual de acasalamento começa quando o macho começa a coaxar, assim, atraindo a fêmea.

Ela, por sua vez, está cheia de óvulos, se deixa agarrar pelo macho num abraço até que lance seus gametas na água juntamente com o macho, que irá lançar seus espermatozoides. Então, a fecundação ocorre na água, ou seja, em meio externo – exceto salamandra e cobra cega que têm sua fecundação de maneira interna.

Os ovos fecundados dão origem a larvas, que são os girinos, estes viverão na água até realizarem a metamorfose. Este processo de metamorfose é lento e nele ocorrem diversas transformações até a passagem ao estágio adulto, onde estarão com forma totalmente diferente da que costumavam ter.

Do que os anfíbios se alimentam?

Na maioria das espécies dessa classe, os girinos são vegetarianos e se alimentam de pequenos pedaços de vegetais que ficam suspensos na água.

Porém, ao passar para a fase adulta, passam a ser carnívoros e se alimentam principalmente de insetos e alguns animais invertebrados. Há casos ainda em que os anfíbios adultos comem ovos e girinos de outras espécies.

A língua dos anfíbios tem bastante elasticidade e é bem pegajosa em sua ponta. Isso tudo para favorecer a captura das presas, pois, ao lançar a língua para o inseto que se tem como presa, ela gruda nele e este é logo puxado para dentro da boca.

Tudo isso acontece com uma rapidez tremenda e antes de engolir o inseto, o anfíbio o pressiona contra seu céu da boa.

Alguns dos anfíbios chegam a ter um tipo de dente no céu da boca que é responsável pela mobilização do inseto capturado. Os anfíbios têm o estômago desenvolvido, seu intestino termina na cloaca e há presença de glândulas.

Também possuem substâncias que ajudam a digerir as cascas de insetos. Sua circulação é incompleta, pois nela há mistura do sangue arterial com o venoso. Seu coração apresenta três cavidades, sendo dois átrios e um ventrículo.

Quais os animais anfíbios?

Os anfíbios atuais são comumente animais de pequeno porte. Os maiores anfíbios da atualidade estão restritos às salamandras gigantes que ocorrem em rios do Japão e da China, com cerca de 1,5 metros de comprimento e as que vivem na América do Norte, em água doce, e atingem 60 cm de comprimento.

Os anfíbios mais conhecidos são: sapos, pererecas, rãs, cobras-cegas, cecílias, tritões e salamandras.

Anfíbios e répteis: Quais as diferenças?

Os anfíbios dominaram a fauna terrestre por cerca de 100 milhões de anos, até que surgiram os répteis, com adaptações mais eficientes à vida na terra e que passaram a competir com eles.

Com isso, houve drástica redução do número de anfíbios e grande proliferação de répteis.

A principal diferença entre os anfíbios e os répteis está no fato de que os répteis conseguiram sua independência da água para reprodução.

Com o surgimento do ovo amniótico, o embrião fica isolado do meio externo através de uma casca porosa, permitindo as trocas gasosas.

Do ovo, eclode um jovem que não precisa passar por estágio larval, ou seja, o desenvolvimento é direto.

Curiosidades

Os anfíbios apresentam estruturas de defesa que são as glândulas de veneno na pele. Em certos sapos e salamandras, as glândulas de veneno concentram-se principalmente em um par de estruturas denominadas glândulas parotoides.

O sabor desagradável e o efeito tóxico do veneno fazem com que certos predadores evitem esses animais.

Muitos anfíbios têm pele com um colorido acentuado, que funciona como uma forma de alerta aos predadores, é a chamada coloração de advertência ou aposemática.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.