A palavra anfíbio significa “vida dupla” (anfi = duas; bio = vida). Os anfíbios, na verdade, foram os primeiros do filo dos Cordados [7] a fazerem a transição da vida marinha para a terrestre. Porém, essa transição não é completa, pois eles ainda precisaram do ambiente aquático para sua reprodução.
Na época da conquista por um novo ambiente, o restante da fauna terrestre era composto apenas por invertebrados. Os grandes predadores estavam restritos ao ambiente aquático e eram representados principalmente pelos peixes.
Esse conjunto de fatores possibilitou grande expansão dos anfíbios na terra firme, com representantes gigantescos, medindo até 4 metros de comprimento.
Os anfíbios podem ser classificados em três tipos de ordens: Gymnophiona (ápodes), Urodela e Anura.
Os anfíbios do grupo gymnophiona têm corpo alongado, vermiforme e são ápodes, isto é, sem pernas. Vivem enterrados ou em ambientes aquáticos de regiões tropicais. São chamados boiacicas, cecílias ou cobras-cegas, por terem olhos vestigiais, às vezes recobertos por uma membrana.
Os do grupo urodela (uros = cauda) são representados pelas salamandras, anfíbios de corpo alongado, com quatro membros usados na locomoção e cauda.
E, por fim, o grupo anura são aqueles anfíbios que não possuem cauda, como os sapos, as rãs e pererecas. Tais animais possuem o corpo adaptado ao salto, com membros posteriores mais alongados com função de impulsionar o animal.
Nos estágios iniciais da vida dos anfíbios eles apresentam vida aquática (fase larval) denominados de girino, que respiram por brânquias externas. Após passarem por uma metamorfose, surge o anfíbio em forma de adulto, terrestre, com pernas, que respira por pulmões e através da pele.
Durante este processo, as brânquias desaparecem. Os pulmões são simples, possuindo pouca superfície de contato para a realização das trocas gasosas, não sendo tão eficientes, por isso a existência da respiração cutânea.
Esse tipo de respiração realiza-se através da pele e é necessária que a mesma esteja úmida para difusão gasosa. A pele dos anfíbios, por sua vez, conta com uma boa vascularização.
O habitat dos anfíbios não é de exclusivamente terrestre. Apesar das estruturas que permitiram a adaptação desse grupo ao ambiente terrestre, os anfíbios permanecem restritos a ambientes úmidos ou aquáticos.
O principal fator responsável por essa restrição é a pele, que é delgada e não possui estruturas que impeçam a perda de água. A pele é rica em glândulas mucosas, que a mantém úmida e permeável.
O sistema nervoso dos anfíbios é formado pelo cérebro organizado em três partes: telencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. Cada parte do cérebro do animal é responsável por uma área de seu sistema sensorial.
O telencéfalo está ligado ao olfato, o mesencéfalo à visão e o rombencéfalo à audição e equilíbrio. Os animais apresentam uma espinha dorsal que transmite a informação do cérebro às demais partes do corpo por meio de nervos.
Os anfíbios foram os primeiros animais vertebrados [8] a apresentar pálpebras móveis e glândulas lacrimais que lubrificam, limpam e protegem os olhos. Essas são adaptações importantes para a vida em ambiente seco e com partículas em suspensão, como é o caso do ambiente terrestre.
Os olhos dos anfíbios possuem adaptações para as visões diurna e noturna, e conseguem distinguir cores.
Os anfíbios no geral precisam da água para se reproduzir, mas o local onde se realiza a reprodução vai desde um rio, até mesmo uma simples poça. O ritual de acasalamento começa quando o macho começa a coaxar, assim, atraindo a fêmea.
Ela, por sua vez, está cheia de óvulos, se deixa agarrar pelo macho num abraço até que lance seus gametas na água juntamente com o macho, que irá lançar seus espermatozoides. Então, a fecundação ocorre na água, ou seja, em meio externo – exceto salamandra e cobra cega que têm sua fecundação de maneira interna.
Os ovos fecundados dão origem a larvas, que são os girinos, estes viverão na água até realizarem a metamorfose. Este processo de metamorfose [9] é lento e nele ocorrem diversas transformações até a passagem ao estágio adulto, onde estarão com forma totalmente diferente da que costumavam ter.
Na maioria das espécies dessa classe, os girinos são vegetarianos e se alimentam de pequenos pedaços de vegetais que ficam suspensos na água.
Porém, ao passar para a fase adulta, passam a ser carnívoros e se alimentam principalmente de insetos e alguns animais invertebrados [10]. Há casos ainda em que os anfíbios adultos comem ovos e girinos de outras espécies.
A língua dos anfíbios tem bastante elasticidade e é bem pegajosa em sua ponta. Isso tudo para favorecer a captura das presas, pois, ao lançar a língua para o inseto que se tem como presa, ela gruda nele e este é logo puxado para dentro da boca.
Tudo isso acontece com uma rapidez tremenda e antes de engolir o inseto, o anfíbio o pressiona contra seu céu da boa.
Alguns dos anfíbios chegam a ter um tipo de dente no céu da boca que é responsável pela mobilização do inseto capturado. Os anfíbios têm o estômago desenvolvido, seu intestino termina na cloaca e há presença de glândulas.
Também possuem substâncias que ajudam a digerir as cascas de insetos. Sua circulação é incompleta, pois nela há mistura do sangue arterial com o venoso. Seu coração apresenta três cavidades, sendo dois átrios e um ventrículo.
Os anfíbios atuais são comumente animais de pequeno porte. Os maiores anfíbios da atualidade estão restritos às salamandras gigantes [11] que ocorrem em rios do Japão e da China, com cerca de 1,5 metros de comprimento e as que vivem na América do Norte, em água doce, e atingem 60 cm de comprimento.
Os anfíbios mais conhecidos são: sapos, pererecas, rãs, cobras-cegas, cecílias, tritões e salamandras.
Os anfíbios dominaram a fauna terrestre por cerca de 100 milhões de anos, até que surgiram os répteis [12], com adaptações mais eficientes à vida na terra e que passaram a competir com eles.
Com isso, houve drástica redução do número de anfíbios e grande proliferação de répteis.
A principal diferença entre os anfíbios e os répteis está no fato de que os répteis conseguiram sua independência da água para reprodução.
Com o surgimento do ovo amniótico, o embrião fica isolado do meio externo através de uma casca porosa, permitindo as trocas gasosas.
Do ovo, eclode um jovem que não precisa passar por estágio larval, ou seja, o desenvolvimento é direto.
Os anfíbios apresentam estruturas de defesa que são as glândulas de veneno na pele. Em certos sapos e salamandras, as glândulas de veneno concentram-se principalmente em um par de estruturas denominadas glândulas parotoides.
O sabor desagradável e o efeito tóxico do veneno fazem com que certos predadores evitem esses animais.
Muitos anfíbios têm pele com um colorido acentuado, que funciona como uma forma de alerta aos predadores, é a chamada coloração de advertência ou aposemática.