As viúvas negras podem ser encontradas em pequenos arbustos em teias construídas de forma irregular. Vivem em climas temperados à quente e normalmente não são agressivas. Esses animais têm preferência por pneus velhos, latas vazias e sapatos. São aranhas venenosas e picam quando se sentem ameaçadas. Seu veneno tem ação neurotóxica, ou seja, a toxina atinge e danifica o sistema nervoso da vítima.
Grande parte dos acidentes provocados pela viúva negra acontece nos meses quentes e chuvosos (entre março e maio). Comumente, os membros inferiores, superiores e a região dorsal são as mais atingidas. No local da picada pode ser observado um orifício, seguido de vermelhidão, inchaço e suor. A dor da picada é intensa, como se fosse um alfinete penetrando na pele com sensações de queimadura.
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Em casos mais graves pode ocorrer dores musculares intensificadas duas a três horas após a picada, aceleração dos batimentos cardíacos, seguidas de diminuição dos batimentos cardíacos, fraqueza, tremores, sensação de morte, arritmias e alterações nos níveis de cálcio e potássio.
As aranhas possuem na parte ventral do abdome as aberturas genitais dos órgãos reprodutores, tanto no macho quanto na fêmea. Nas fêmeas, existem duas aberturas que servem para encaixar os êmbolos (órgãos reprodutores do macho).
Durante a época reprodutiva, o macho tece uma teia e ejacula uma porção de sêmen. Agora, ele está pronto para procurar a fêmea e acasalar. Ao encontrar a fêmea, ele realizará a famosa “dança do acasalamento”. Através de movimentos, sensações e vibrações na teia, a fêmea reconhecerá o macho para que ambos se identifiquem e então, copulem.
Durante o processo de cópula, algumas substâncias exaladas chamadas de ferormônios auxiliam na identificação entre macho e fêmea. Após a realização da cópula, a fertilização acontece com a postura dos ovos. Os ovos ficam armazenados dentro de uma bolsa de fio de seda e seu número é variável.
As aranhas, de modo geral, apresentam uma grande importância para a manutenção da dinâmica dos ecossistemas. Assim como a viúva negra, boa parte desses animais são carnívoros, alimentando-se principalmente de insetos e outros invertebrados que se prendem pelas teias.
Algumas também saem ativamente atrás de suas presas. As aranhas, que tecem suas teias, dependem diretamente destas para se alimentar e perceber o ambiente a sua volta. Quando a presa é capturada pela teia, as aranhas injetam seu veneno e as enfaixam em fios de seda para imobilizá-las.
Após o enfaixamento, a ação da saliva sobre a presa juntamente com o veneno, digere os tecidos do animal predado, transformado-os num caldo. Este caldo é sugado e levado ao estômago da aranha, onde é completada a digestão. Algumas espécies abandonam a captura de presas por armadilha e roubam as presas capturadas de outras teias. Os principais predadores das aranhas são os sapos, pássaros e lagartixas.
O ser humano também é considerado um grande inimigo para as aranhas. Muitas tecnologias e usos de agrotóxicos têm destruído o habitat natural destes animais, interferindo assim, nas relações ecológicas.
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Os principais tipos de acidentes peçonhentos são por escorpião, serpentes e aranhas, com respectivamente 39,72%, 30,21% e 19,77%. No Brasil, existem aproximadamente 20 espécies de aranhas, incluídas em três gêneros, que podem causar envenenamentos no ser humano: Latrodectus (viúva negra), Loxosceles (aranha marrom) e Phoneutria (aranha armadeira).
O envenenamento por Latrodectus (viúva negra) provoca dores intensas, contrações musculares, alterações nos batimentos cardíacos e cólicas abdominais violentas. O tratamento correto depende do diagnóstico rápido e preciso do aracnídeo envolvido e a adoção de medidas terapêuticas adequadas. Entre estas, destaca-se a administração de soro específico, principalmente nos acidentes com aranha marrom e a viúva negra.
Quando o indivíduo é picado pela viúva negra denominamos latrodectismo. O primeiro relato de acidentes por viúva negra no Brasil foi feito em 1948 no estado do Rio de Janeiro. Com o decorrer do tempo, novos casos surgiram, sendo na década de 60 nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói e mais recentemente na cidade de Agudos em São Paulo e em alguns estados do Nordeste. Os acidentes por viúva negra têm sido relatados com mais freqüência no Nordeste (BA, CE, RN e SE).
O veneno dessa aranha atua sobre as terminações nervosas sensitivas e sobre o sistema nervoso autônomo através da liberação de neurotransmissores. O tratamento é realizado através da soroterapia com soro antilatrodectus.
» DE OLIVEIRA, José S.; CAMPOS, José A.; COSTA, Divino M. Acidentes por animais peçonhentos na infância. Jornal de Pediatria, v. 75, n. Supl 2, p. S251, 1999.
» CHAGAS, Flávia Bernardo et al. Aspectos epidemiológicos dos acidentes por aranhas no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Evidência-Ciência e Biotecnologia, v. 10, n. 1-2, p. 121-130, 2012.