“Penso, logo existo!”. Certamente em algum momento da vida você já deve ter ouvido essa frase. Pois bem. Tal pensamento foi disseminado pelo filósofo, físico e matemático francês René Descartes, autor das “Meditações Metafísicas” e do “Discurso do Método”. Foi ele o responsável por elaborar um novo método de conhecimento fundamentado na razão, esta considerada como o caminho ideal para que o ser humano consiga atingir um conhecimento perfeito das verdades mais elevadas.
Descartes teve acesso a estudos clássicos, juntamente aos jesuítas de La Fléche. Dotado de largo conhecimento e extenso entusiasmo em se aprofundar em novas descobertas, ele apresentou interesse pelas matemáticas tomando por conceito próprio que representavam a causa da certeza e da evidência de suas razões. De modo que o filósofo criou um sistema cujo embasamento se dava pelo rigor.
A estrutura da ‘árvore’
Ao ler o prefácio da obra “Princípios da Filosofia”, logo se percebe a definição de conhecimento (filosofia) escrita por Descartes, a qual ele afirma se assemelhar a uma árvore. A raiz dessa “planta”, diz o filósofo francês, é representada pela metafísica, em uma simbologia que indica que todo conhecimento do sistema se sustenta na existência de Deus, este considerado o ser revelador e criador das verdades. Assim, o entendimento das regras necessárias para a compreensão do mundo, prescreve a ideia de Descartes, o homem deve buscar em Deus.
Dando sequência a estrutura da “árvore”, o tronco Descartes define como sendo a física, esta que representa a aplicação do conhecimento gerado pela raiz. Já os galhos são representados pelas demais ciências e também pela moral, esta cuja origem se dá com os resultados da pesquisa, por meio da qual extensos tratados são elaborados por Descartes.
Tábua rasa
A ideia dessa concepção traçada por Descartes, enquanto método cartesiano, tem como pontapé inicial a solução da “tábua rasa”. Esse conceito tem como embasamento a negação de toda existência. Entretanto, o ato de negar configura a existência de um pensamento, uma vez que antes de negar é preciso que haja uma ideia pensada, de modo que assim fica comprovada a existência de uma razão. Razão esta, por sua vez, propensa de revelar a verdade, já que a existência de Deus é confirmada paralela ao período que o mesmo criou o Planeta e o meio pelo qual se pode conhecê-lo: o espírito humano.
O método cartesiano foi então estabelecido perante alguns princípios comuns necessários:
- Ter conhecimento que o bom senso é algo que deve ser extensamente compartilhado em todo o Planeta, sobretudo com o propósito de bem realizar julgamentos e separar a verdade do que é falso.
- Método é algo indispensável. Ser dotado de um bom espírito, que seja brando, tranquilo, não é suficiente, pois o principal é a aplicação do mesmo em realizar o bem.
- Existência da probidade intelectual. Não se admite ser recebedor de algo verdadeiro sem que antes se tenha obtido conhecimento prévio e evidente. Prevenção ou precipitação devem ser evitadas.
- Integridade política e conduta moderada. Respeitar e cumprir as leis e seguir os costumes, as tradições do país, sempre dando prioridade a religião a qual Deus possibilitou ao ser humano a oportunidade da instrução religiosa desde a infância, e por meio desses preceitos se autodisciplinar e seguir ideias moderadas e sem cometer excessos.
- Aceitar de forma estoica o mundo, priorizando a superação de si mesmo e deixar de lado a ideia de querer mudar as outras pessoas.
- Priorizar o pensamento e o limite do ceticismo, percebendo que a ideia do “penso, logo existo!” é concreta o bastante ao ponto de não ser enfraquecida por nenhum pensamento cético. E esse deve ser, na filosofia, o princípio número um a ser considerado.
Por fim, entender a realidade de modo a percebê-la como sendo racionalizada, pensada, os princípios do método cartesiano podem auxiliar de forma eficaz na saúde humana, no gerenciamento corporativo, na vida pessoal, entre outras áreas, sempre com a finalidade de tornar o ser humano melhor.