Biologia,Seres vivos

Baratas: vida, tipos e curiosidades. Conheça esse inseto

Seja por medo, nojo ou possibilidade de adquirir alguma doença transmitida por este inseto, a verdade é que a barata é vista com certa repulsa pelos seres humanos.

Apesar disso, esse bichinho está presente na cidade e no campo, nas casas e nos apartamentos, a versatilidade da espécie o faz presente no cotidiano de pessoas que levam tipos de vida distintos. E a partir de agora você vai ter a oportunidade de conhecer mais sobre ele.

Características das baratas

As baratas são insetos e habitam o planeta Terra há, aproximadamente, 380 milhões de anos. Apresentam hábitos noturnos [7] quando saem em busca de alimento e parceiros. No restante do dia, ficam escondidas em seu habitat para acasalar. Não se organizam em sociedade, possuindo o hábito solitário.

Imagem de barata

A maioria das baratas apresenta seis patas, duas antenas e um par de asas (Foto: depositphotos)

Habitat

As baratas vivem em locais com características quentes e úmidas, tais como: redes de esgoto, terrenos abandonados, lugares com lixo, bueiros, ambientes bagunçados e sujos. Nas florestas, elas podem ser encontradas embaixo de pedras e dentro de cascas de árvores.

O que comem

Elas normalmente entram nas residências em busca de alimento, uma vez que comem restos de comida, principalmente doces, alimentos gordurosos e de origem animal. São, por isso, considerados insetos onívoros [8], pois se alimentam do que encontram.

Características físicas

Seu corpo tem a forma oval, achatada e de cor marrom e a maioria das espécies apresenta seis patas, um par de asas e um par de antenas. Mede de cinco milímetros a 10 centímetros, e as fêmeas costumam ser maiores que os machos.

Reprodução das baratas

As baratas se reproduzem de forma sexuada [9], onde a fêmea produz ovos e o macho os fecunda. Em geral, o acasalamento entre as baratas se inicia com os machos sendo atraídos por feromônios sexuais emitidos pelas fêmeas. Quando há o encontro, o casal inicia um contato físico.

Acasalamento

O acasalamento desse inseto começa quando o macho eleva as asas, deixando exposta uma glândula localizada na superfície dorsal do abdome. Essa glândula é responsável por excretar uma substância da qual a fêmea se alimenta. Enquanto a fêmea sobe no macho para se alimentar da tal substância, por baixo, o macho introduz a sua genitália na genitália da fêmea, e assim inicia a cópula.

Ciclo da vida

Este grupo de insetos apresenta metamorfose incompleta, passando pelos estágios de ovo, larva e adulto, com a ausência do estágio imóvel (pupa). Na maioria das espécies, os ovos estão contidos em um estojo denominado de ooteca. Esta estrutura, dependendo da espécie, pode variar quanto à forma, tamanho e número de ovos. Durante sua vida, uma fêmea chega a colocar, em média, 225 ovos.

Quanto tempo vive uma barata?

As baratas podem viver de seis meses a três anos, dependendo da espécie.

Tipos de baratas

Existem cerca de quatro mil espécies de baratas no mundo. No Brasil, são 644 espécies diferentes e a maioria vive em florestas. Poucas espécies são consideradas sinantrópicas, ou seja, que vivem associadas ao ambiente do ser humano.

Destas, as espécies mais conhecidas são: Blattella germanica, Supella longipalpa, Periplaneta americana, Periplaneta australasiae.

Blattella germanica

Também é conhecida como baratinha de cozinha, alemanzinha ou baratinha germânica. Quando adulta, varia de 10 a 15 mm de comprimento, sem as antenas. O macho possui coloração castanho amarelado e a fêmea é um pouco mais escura.

É cosmopolita, sendo considerada uma praga domiciliar e a que mais se espalhou pelo mundo. Essa barata urbana vive em ambientes escuros e de alta umidade, preferencialmente em armários de cozinha e banheiros, mas também pode ser vista em lugares que tenham algum tipo de alimento e água. As fêmeas carregam a ooteca na extremidade do abdômen até o nascimento das ninfas.

Supella longipalpa

Também é conhecida como baratinha de armário, francesinha ou baratinha listrada. Quando adulta, varia entre 10 a 14 mm de comprimento, sem as antenas. Os machos são mais delgados, com as asas ultrapassando a extremidade abdominal. As fêmeas têm um aspecto mais robusto, com asas mais curtas deixando a extremidade do abdômen visível.

Essa espécie de barata é considerada uma praga de distribuição circuntropical, ou seja, nos dois trópicos. É domiciliar e vive em ambientes escuros e, ao contrário da Blatella germanica, pode ser encontrada em todos os compartimentos de uma residência, não tendo preferência por cozinhas ou banheiros.

Periplaneta americana

Também é conhecida como barata de esgoto, barata voadora, barata americana ou barata vermelha. O adulto varia entre 40 a 50 mm de comprimento, sem as antenas. É a espécie urbana mais comum em hotéis, residências e restaurantes.

Tem distribuição circuntropical, ocorrendo em todas as regiões e cidades do Brasil. Tem preferência por ambientes escuros, quentes e úmidos, aceitando qualquer tipo de alimento. Muito comum ser encontrada em caixas de esgoto, tubulações, fossas e latrinas. Tem hábitos noturnos, porém sua ocorrência durante o dia é indício de superpopulação.

Periplaneta australasiae

Essa espécie de barata é facilmente confundida com a Periplaneta americana, embora o adulto seja um pouco menor. Apesar do nome científico indicar a origem na Austrália e Ásia, é uma espécie cosmopolita. O adulto varia entre 30 a 35 mm de comprimento, sem as antenas.

Os machos e as fêmeas possuem coloração castanho avermelhada, com uma faixa amarela estreita na base da margem costal da asa anterior distinta. Foi registrada esporadicamente apenas em barcos regionais, de transporte de mercadorias ou de passageiros, onde encontra ambiente propício à reprodução, abrigo e alimento. Vive em ambientes escuros, quentes e úmidos, e aceita qualquer tipo de alimento. Tem hábitos noturnos.

Pycnoscelus surinamensis

Também é conhecida como barata de jardim ou barata de grama. O adulto varia de 19 a 33 mm de comprimento, sem as antenas. Sua cor é castanha. Se reproduz por partenogênese, sem necessidade de fecundação.

Os machos dessa espécie são raros. É encontrada em áreas externas, onde vive e se reproduz nos jardins, áreas de cultivo ou de acúmulo de matéria orgânica em decomposição. É considerada uma praga de distribuição circuntropical.

São invasoras ocasionais das residências, principalmente em épocas de chuva, quando fogem do excesso de água na parte externa. Não conseguem ter sucesso no ambiente interno das casas.

Apresenta baixa capacidade de voo e é transportada pelo homem, sendo uma espécie restrita às proximidades das habitações humanas. Estão presentes em vários tipos de plantas, onde se enterram no solo sombreado ou detritos acumulados na bainha das folhas, como do coqueiro.

Sua capacidade de adaptação em diferentes áreas é facilitada pelo deslocamento de mudas de plantas pelo ser humano, as quais podem causar sérios danos, mas não tem propensão de invadir ambientes naturais, inalterados.

Blaberus parabolicus

Também é conhecida como barata grande, barata manchada ou baratona. O adulto varia entre 55 e 83 mm de comprimento, sem as antenas. Os machos e as fêmeas possuem coloração castanho amarelada com mancha preta quadrada no pronoto.

Esta espécie pertence ao grupo das “falsas ovovivíparas”, por armazenarem internamente a ooteca num “saco” onde os ovos permanecem até a eclosão das ninfas.

É uma espécie silvestre, amazônica, que está se adaptando às proximidades das habitações humanas. Pode ser encontrada nas áreas externas e, ocasionalmente, dentro de residências. Ela invade as casas em épocas chuvosas para fugir do excesso de água.

Barata morde?

Por incrível que pareça, a barata morde sim! Esse ser vivo não possui dentes, mas ela apresenta mandíbulas resistentes que são utilizadas para raspar a superfície ou o alimento. Sendo assim, ela se alimenta de fezes, sabonete, couro e quando encontradas na superfície do nosso copo, podem “morder”. A barata tem preferência por nossas mãos, pés e boca, na tentativa por encontrar algum resto de alimento para se satisfazer.

Medo de barata

A grande adaptabilidade das baratas ao meio urbano tornou mais frequente sua manifestação em ambientes onde os homens vivem, sobretudo pela proximidade do habitat desse inseto (fossas sanitárias, esgotos e lixeiras).

Além da aparência, os hábitos causam verdadeiro temor nas pessoas. Tanto que existe um nome para indicar o pavor às baratas: catsaridafobia.

As baratas causam doenças?

Baratas em cima de prato com pão

Se a barata passa em cima de objetos que vão à boca do homem, pode transmitir doenças Foto: depositphotos)

A barata doméstica é responsável pela transmissão de várias doenças, através das patas, uma vez que transitam por lugares que há presença de fezes. Por isso, é considerada uma ameaça para a saúde dos seres humanos. Ela pode transmitir doenças relacionadas a várias bactérias, fungos, vermes, vírus e protozoários. Entre as principais, podemos citar: hepatite A, febre tifoide, tuberculose, lepra, diarreia, poliomelite e pneumonia.

A transmissão acontece a partir do contato oral do humano com objetos que a barata passou as bactérias que carrega nas patas. Exemplo: alimentos e utensílios domésticos. O contato com as fezes de barata também pode ocasionar reações alérgicas.

Medicina alternativa

Em contrapartida, segundo alguns estudiosos, a barata possui anticorpos muito mais eficientes do que aqueles encontrados no sistema imunológico da espécie humana. Não é a toa que esses seres vivem há milhões de anos no planeta.

Por essa razão, existem vários relatos na medicina popular de espécies de barata que podem ser usadas para combater certos tipos de doenças. Entre elas, destaque para o alcoolismo, asma, bronquite, cólicas intestinais, dores de cabeça e ouvido, furúnculos, gripe, entre outras.

O uso medicinal é bastante antigo. No século I d. C., acreditava-se que a gordura de uma certa “Blatta“, quando moída com óleo de rosas, tratava dores de ouvido.

Na medicina tradicional da Amazônia, o pó da P. americana dissolvido em vinho, aguardente ou água é utilizado em casos de retenção de urina, cólicas renais e ataques de asma. Ainda existe uma cultura na Indonésia onde as baratas são assadas e comidas para tratamento de asma. Na Austrália, o povo Yolnu realiza o tratamento de pequenos cortes colocando uma porção de baratas esmagadas nas feridas.

Os curandeiros de Zâmbia empregam seis espécies de barata, incluindo a P. americana e B. germanica, para o tratamento de furúnculos e outros problemas de pele. Pílulas de Periplaneta orientalis já foram tomadas para casos de coqueluche, doença de Bright, úlceras e verrugas.

No entanto, ainda não existem comprovações científicas quanto a sua eficácia na saúde do homem.

Como evitar as baratas em casa?

As espécies de baratas que vivem próximas ao ambiente do ser humano proliferam-se abundantemente porque nós fornecemos condições ideais para seu desenvolvimento. Para minimizar tal situação, o melhor método de combate é a limpeza dentro e fora das residências ou estabelecimentos comerciais, evitando acúmulo de lixo e restos de alimento.

Deve-se evitar também ambientes úmidos, escuros e sem ventilação e com muitas frestas, onde as baratas podem se esconder. As baratas domésticas, por exemplo, são muito sensíveis ao ressecamento e têm atividade noturna, fugindo da luminosidade. Além disso, as baratas se alimentam de fungos, que se desenvolvem prioritariamente nesse tipo de ambiente. A aplicação de inseticida só é aconselhável quando houver alto nível de infestação.

Referências

» NETO, Eraldo Medeiros Costa; RESENDE, Janete Jane. A percepção de animais como “insetos” e sua utilização como recursos medicinais na cidade de Feira de Santana, Estado da Bahia, Brasil. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v. 26, n. 2, p. 143-149, 2004.

» NGOH, Shay P. et al. Propriedades inseticidas e repelentes de nove constituintes voláteis dos óleos essenciais contra a barata americana, Periplaneta americana (L.). Ciência de pesticidas , v. 54, n. 3, p. 261-268, 1998.