Nascido em Salvador, capital da Bahia, Alfredo de Freitas Dias Gomes, que no futuro viria a ser conhecido e chamado por seu dois últimos sobrenomes, veio ao mundo no dia 19 de outubro de 1922. Filho de um engenheiro e uma dona de casa, Dias Gomes se mudou para o Rio de Janeiro junto com seus pais em 1935.
Celebre escritor e dramaturgo, Dias Gomes foi responsável por obras que exploravam a cultura do Brasil e eram envoltas de fortes críticas sociais. Entre os seus maiores sucessos estão O Pagador de Promessas (1962), Roque Santeiro (1985) e O Bem Amado (1973); sendo esta última, a primeira novela à cores no Brasil.
Índice
Biografia de Dias Gomes: Juventude e primeiras obras
Com apenas dez anos de idade, Dias Gomes escreveu seu primeiro conto “As Aventuras de Rompe-Rasga” e, cinco anos depois, em 1938, ele escreveu sua primeira peça de teatro, “A Comédia dos Moralistas”; que foi premiada pelo Serviço Nacional de Teatro e pela União Nacional dos Estudantes (UNE).
Dias Gomes autor e dramaturgo (Foto: Reprodução/YouTube/Roda Viva/TV Cultura)
Em 1941, durante o período da Segunda Guerra Mundial, o dramaturgo escreveu o drama “Amanhã Será Outro Dia”, uma obra anti-nazista que abordava a invasão nazista à França, o exílio dos perseguidos políticos nas Américas e o torpedeamento de navios brasileiros. Foi graças a essa obra que Dias Gomes chamou a atenção de Procópio Ferreira, considerado até hoje um dos grandes nomes do teatro brasileiro.
Achando arriscado adaptar uma obra antinazista durante a segunda grande guerra, eles então decidiram usar outra criação de Dias Gomes chamada “Pé de Cabra”. Por supostamente conter um teor Marxista, a peça foi censurada pelo Estado Novo da Era Vargas, porém, esta foi autorizada, graças a influencia de Procópio, após o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) cortar dez páginas do texto.
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Apesar dos imprevistos, a peça foi um sucesso. Curiosamente, anos depois, Dias Gomes se filiou ao Partido Comunista Brasileiro, porém, na época em que escreveu Pé de Cabra, ele nunca havia lido nada sobre Marx ou qualquer pensador de esquerda.
Fim de parceria e rádio
Em 1944, após um tempo trabalhando juntos e dando vida a várias obras de muito sucesso nos teatros, Dias Gomes e Procópio se desentenderam e acabaram findando a parceria. A motivação do rompimento seria por Procópio não concordar com as constantes preocupações sociais que Dias Gomes abordava em suas peças.
Coincidentemente, durante a mesma época, Dias Gomes havia sido convidado pelo dramaturgo Oduvaldo Vianna para trabalhar adaptando peças, romances e contos para o programa Grande Teatro Panamericano, na Rádio Panamericana, em São Paulo.
Durante essa época, o autor ingressou no Partido Comunista do Brasil, no qual permaneceu filiado até 1971.
Dias Gomes volta aos palcos
Após dez anos trabalhando em várias emissoras do meio radiofônico, período no qual ele adaptou cerca de 500 obras para o meio e chegou a ocupar cargos na parte de chefia artística, Dias Gomes finalmente voltou aos palcos com a peça “O Pagador de Promessas”.
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A peça ganhou tanta popularidade que dois anos depois, foi adaptada como um longa metragem que foi indicado ao Oscar (1963), como melhor filme estrangeiro e ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes (1962), na França.
Regime militar no Brasil
Vivendo durante a Ditadura Militar (1964 – 1985), Dias Gomes viu sua peça, “O Berço do Herói” (1965), ser censurada pelas autoridades da época bem no dia em que ela iria estrear. Mais tarde, a novela “Roque Santeiro” também foi proibida e só pode ir ao ar 10 anos depois, após a implantação da Nova República.
O motivo da censura de “Roque Santeiro” se deu após uma gravação de uma conversa telefônica onde Gomes afirmava que a telenovela era uma adaptação de sua peça censurada.
Ainda durante o período do Golpe Militar, Dias Gomes teve peça após peça proibida de ser levada à público e foi cassado pelas autoridades por seu envolvimento com o Partido Comunista. Em 1966, chegou a ter sua casa invadida e vasculhada por oficiais militares.
Dias Gomes na TV
Após ser demitido da Rádio Nacional, em 1969, por motivações políticas, Dias Gomes decidiu aceitar o convite de Boni, que já era diretor da Rede Globo, para trabalhar na emissora carioca, onde sob o pseudônimo de Stela Calderón, usado para evitar mais problemas com o governo que o perseguia, adaptou um romance chamado “A Ponte dos Suspiros” (1969) .
Já sob seu nome verdadeiro, assinou as novelas “Verão Vermelho” (1969), “Assim na Terra como no Céu” (1971) e “Bandeira 2” (1972).
Mais tarde, em 1973, Dias Gomes foi o autor de “O Bem Amado”, que foi a primeira novela à cores transmitida no país. Além disso, essa obra foi a primeira novela brasileira a ser vendida para o exterior. Antes disso, só eram vendidos os textos das telenovelas e não a obra pronta.
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Dias Gomes ainda foi o responsável por sucessos como Saramandaia (1976), Carga Pesada (1979), Mandala (1987), Irmãos Coragem Remake (1995), Dona Flor e Seus Dois Maridos (1998) e várias outras.
Vida Pessoal e morte
Enquanto se dedicava à adaptação de romances para o rádio, Dias Gomes conheceu Jenete Stocco Emmer, com quem se casou no dia 13 de março de 1950. Mais tarde, ela viria a adotar o nome artístico de Janete Clair, que incentivada pelo marido, também começou a escrever e ganhou o apelido de “Dama das Oito”, por ser autora de várias novelas das oito de sucesso.
Um ano após ficar viúvo, casou-se com a atriz Bernadeth Lyzio, com quem ficou junto até o dia de sua morte, no dia 18 de maio de 1999, onde Dias Gomes foi vitima de um acidente automobilístico.
No dia 11 de abril de 1991, Dias Gomes foi convidado para ocupar a cadeira de número 21 na Academia Brasileira de Letras. Atualmente, sua cadeira é ocupada pelo escritor Paulo Coelho.
