Biografia de Gregório de Matos

Mais conhecido em todo o Brasil pela alcunha de Boca de Inferno ou Boca de Brasa, Gregório de Matos e Guerra foi o maior nome da escola literária do Barroco no país. Suas poesias satíricas e eróticas geraram vários desafetos de vários lados (políticos e religiosos) para o autor e jurista.

Juventude de Gregório de Matos

Há divergências sobre a real data do nascimento de Gregório de Matos. A data mais usada em textos é a de 23 de dezembro de 1636; porém, há possibilidade de seu nascimento ter ocorrido em março de 1623.

Natural de Salvador (capital do país na época), Bahia, Gregório de Matos e Guerra era filho de Gregório de Mattos (natural da cidade de Guimarães, que fica na região norte de Portugal) e da brasileira Maria Guerra, o que fazia dele um luso-brasileiro. Vinha de família rica, formada por proprietários rurais, donos de engenhos de cana-de-açúcar, empreiteiros e administradores da colônia.

Gregório de Matos, conhecido por Boca do Inferno

Gregório de Matos foi perseguido e ameaçado devido aos seus poemas ácidos (Foto: Reprodução/Espaço da Gente

Graças a condição financeira de sua família, o jovem Gregório de Matos, que desde cedo se interessava pelos estudos, pôde ingressar no Colégio dos Jesuítas, em Salvador e mais tarde, em 1650, viajou para Portugal, onde completou seus estudos. Em 1652, ele ingressou na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde ele se graduou em direito nove anos depois.

Dois anos depois, em 1663, Gregório de Matos foi nomeado juiz de fora de Alcácer do Sal, um cargo nomeado pelo rei de Portugal, na época Don Afonso VI.Alguns anos mais tarde, em 27 de janeiro de 1668 e também em 20 de janeiro de 1674, Gregório de Matos representou a Bahia nas cortes de Lisboa. Entre esse período, em 1672, lhe foi outorgado o cargo de procurador.

Retorno à Bahia

Gregório de Matos retornou ao Brasil em 1679 e foi nomeado pelo arcebispo Gaspar Barata de Mendonça como desembargador da relação eclesiástica da Bahia. Em 1682, foi nomeado por Pedro II de Portugal, como tesoureiro-mor da Sé da Bahia.

Gregório de Matos

Triste Bahia – Gregório de Matos

Inimizades e destituição de cargos

Ainda em Portugal, Gregório de Matos já começava a ganhar popularidade por seus poemas satíricos e ver a situação da Bahia na época em que voltou só o fez escrever de maneira mais ácida. Graças às suas fortes críticas em suas obras, Gregório de Matos passou a ser chamado de Boca do Inferno.

Tendo em vista o caráter dos poemas escritos por Gregório é de se imaginar que as autoridades da época não tenham ficado nem um pouco contentes com o poeta e jurista.

Foi acusado pelo promotor eclesiástico de ter costumes livres por difamar à Jesus Cristo, não aceitar ordens do superiores, não querer usar batina e não mostrar respeito tirando o barrete da cabeça ao passar por uma procissão. Graças a isso, Gregório de Matos viria a ser destituído de seus cargos pelo arcebispo Frei João da Madre de Deus.

Boemia e poemas

Aborrecido e desgostoso, Gregório de Matos passou a viver uma vida boêmia e seus poemas ganharam um tom corrosivo e erótico, o que o fez ganhar ainda mais inimizades e até mesmo sofrer ameaças por diversas partes.

Após um texto em que fala mal do governador Antonio Luiz Gonçalves da Câmara Coutinho, Gregório de Matos foi jurado de morte por seus filhos. Seu grande amigo, o governador geral do Brasil, D. João de Alencastro, preocupado com Gregório, decidiu deportá-lo para a Angola em 1695, onde ele passou a viver e advogar na capital Luanda.

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Morte de Gregório de Matos

No mesmo ano de sua deportação, Gregório de Matos se envolveu em uma conspiração militar portuguesa, onde ele conseguiu ajudar a prender os responsáveis e como recompensa, ganhou o direito de voltar ao Brasil, porém, por sua segurança, não poderia voltar para a Bahia.

Ele então foi para Recife, capital de Pernambuco, onde viria a morrer de uma febre e reconciliado como um cristão, em 1696.

A obra de Gregório de Matos

Apesar de ter escrito muitos poemas durante sua vida, sua obra acabou sendo apenas publicada cerca de 230 anos após sua morte. Por isso, muitos de seus poemas acabaram por se perder e textos que levaram seu nome podem não serem realmente dele, pois Gregório teve muitos imitadores anônimos durante e após sua vida.

Além dos textos satíricos que chocavam a sociedade, tanto que lhe rendeu o apelido de “Boca de Inferno”, ele escreveu poesia lírica e religiosa. Em seus trabalhos o escritor narrou episódios da vida popular, política e cotidiana. Vale lembrar que com os seus textos é possível conhecer um pouco melhor a sociedade do Período Colonial.

Poesias de Gregório de Matos

  • Beija-flor;
  • Anjo bento;
  • Senhora Dona Bahia;
  • Descrevo que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia;
  • Finge que defende a honra da cidade e aponto os vícios;
  • Define sua cidade;
  • A Nossa Senhora da Madre de Deus indo lá o poeta;
  • Ao mesmo assunto e na mesma ocasião;
  • Ao braço do mesmo Menino Jesus quando apareceu;
  • A NSJC com actos de arrependido e suspiros de amor;
  • Ao Sanctissimo Sacramento estando para comungar;
  • A S. Francisco tomando o poeta o habito de terceiro;
  • No dia em que fazia anos;
  • Impaciência do poeta;
  • Buscando a cristo;
  • Soneto – Carregado de mim ando no mundo;
  • Soneto I – À margem de uma fonte, que corria;
  • Soneto II – Na confusão do mais horrendo dia;
  • Soneto III – Ditoso aquele, e bem-aventurado;
  • Soneto IV – Casou-se nesta terra esta e aquele;
  • Soneto V – Bote a sua casaca de veludo;
  • Soneto VI – A cada canto um grande conselheiro;
  • Triste Bahia.

Sobre o autor

Jornalista formado em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo (UniFavip-DeVry). Possui experiência prática de dois anos na área de produção de textos para web e social media (MTB/PE: 6771). Atualmente trabalha com produção de conteúdo audiovisual para plataformas digitais, sendo as principais os canais do Remédio Caseiro e do Clube para Cachorros, no YouTube.