Junto aos irmãos que restaram, Marina também era seringueira para ajudar à família. Na sua biografia oficial, narra-se o dia a dia da jovem menina que caminhava entre 4 e 5 quilômetros toda manhã nos seringais para cortar as árvores e ao fim do expediente fazia o mesmo para coletar o látex, que escorria durante o dia, depois que a seringueira era cortada no primeiro expediente
Quando adolescente, a Marina queria tornar-se freira, porém sua avó a aconselhava a aprender a ler, pois, para ser uma religiosa, como ela sonhava, era preciso dominar as palavras.
Por conta da vida exposta, Marina acabou adoecendo ainda na adolescência: teve 3 hepatites, 5 vezes malária e uma leishmaniose. Desta forma, a jovem teve que sair do seringal e ir buscar ajuda médica na capital, Rio Branco. Começava assim, a transformação na vida dela.
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No Rio Branco, Marina dedicou-se a três atividades: cuidar da saúde, aprender a ler e tornou-se mais religiosa. Uma quarta somou-se a elas: o trabalho de empregada doméstica para se sustentar.
Depois de aprender a ler, Marina não parou mais. Tanto que se graduou em História pela Universidade Federal do Acre. Entre o período que aprendeu a juntar as letras do alfabeto e o que saiu formada pela universidade pública se passaram apenas 10 anos.
Anos mais tarde, Marina intensificou os estudos acadêmicos nas áreas de Teoria Psicanalítica, na Universidade de Brasília, e em Psicopedagogia, na Universidade Católica também em Brasília.
Seu primeiro casamento aconteceu em 1980 e resultou em dois filhos: Shalon e Danilo. Ela se divorciou em 1985 e no ano seguinte casou-se com o técnico agrícola, Fábio Vaz. Do segundo casamento, que dura até os dias de hoje, nasceram Moara e Mayara.
Marina passou uma época em um convento das Servas de Maria Reparadoras e foi nesse espaço religioso que ela deu os primeiros passos na sua história pela luta social. Inspirada pelas mensagens da Teologia da Libertação do bispo à época, dom Moacyr Grecchi, a jovem se engajou nas tarefas das CEBs, Comunidades Eclesiais de Base.
E foi Clodovis Boff e Chico Mendes alguns dos seus mentores. Depois de fazer um curso de liderança sindical rural com eles, a luta de Marina começou a ganhar contornos mais concretos.
Do despertar social para a vida política foi um pulo. Ao se envolver com o sindicalismo rural, logo a jovem percebeu que não iria seguir os passos religiosos como freira, mas sim como defensora dos mais pobres da floresta e do campo.
Foi protagonista, ao lado de Chico Mendes, de muitos eventos que impediram a destruição da floresta. São famosas as histórias de “empates”. Você sabe o que isso quer dizer?
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Fala-se “empate” quando os moradores, suas famílias e defensores de um determinado local, dão-se às mãos para impedir que as árvores sejam cortadas. É como se fosse um grande cordão humano que impede e constrange quem vai adentrar na mata para destruí-la.
Nesse contexto, já na década de 80, Marina participou da fundação da a CUT (Central Única dos Trabalhadores) no seu estado natal. Ingressou ao Partido Revolucionário Comunista (PRC), organização política que existiu entre os anos de 1980 a 1989 e que participou da fundação do PT (Partido dos Trabalhadores).
Foi somente em 1986, depois do assassinato do seu amigo e companheiro de luta, Chico Mendes, que Marina concorreu ao primeiro cargo político. Foi uma eleição dura e Marina não alcançou a vaga de deputada estadual.Dois anos mais tarde, estava ela a disputar outro cargo. Dessa vez, o de vereadora da capital Rio Branco, sendo eleita com a mais votada da cidade.
Logo no início do seu mandato, ela expôs os salários dos vereadores e recusou as regalias e verbas desnecessárias para exercer o cargo, como gratificações e outras facilidades concedidas sem explicação aparente para exercer o cargo. Sua atuação lhe rendeu a eleição de deputada estadual em 1990.
Quatro anos mais tarde, Marina assumiu o cargo dado pelo voto popular de senadora aos 35 anos. Depois de ocupar 8 anos a cadeira de senadora pelo estado do Acre, ela foi reeleita para mais 8 em 2002.
Durante esse período, Marina defendeu a sua luta junto à preservação da natureza, como a redução de gases de efeito estufa e também defendeu a pesquisa científica sobre as riquezas da biodiversidade amazônica.
Enquanto senadora, Marina Silva recebeu o convite para ser Ministra do Meio Ambiente no Governo Lula, onde permaneceu entre 2002 até 2008, ou seja, ficou toda a primeira gestão do presidente e na metade do seu segundo ano reeleito, passou a divergir politicamente com o PT.
No Ministério, ela tornou a questão do meio ambiente em uma política de governo. Foi durante a sua gestão que Marina conseguiu que as viabilidades ambientais dos projetos de hidrelétricas passassem por uma avaliação mais minuciosa, antes da sua concessão.
O Ministério do Meio Ambiente também passou a ter participação durante a licitação para exploração de petróleo. Nessa época também nasceu o Instituto Chico Mendes e o Serviço Florestal Brasileiro. Em 2008, ela deixou de ser ministra e reassumiu o seu cargo como senadora pelo Acre até 2010. Nesse intervalo, em 2009, deixou o PT e foi para o Partido Verde (PV).
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Em 2010, ano que acabava o seu mandato como senadora pelo Acre, Marina Silva candidatou-se à presidência pelo PV. Marina não foi eleita, ficando em terceiro lugar. Ela conquistou ainda 19,6 milhões de votos, quase 20% dos votos válidos.
Em 2014, mais uma vez Marina disputa o cargo de chefe do Executivo. Porém, a intenção era ser vice, mas devido ao acidente que matou o então candidato à época Eduardo Campos, Marina acabou formando a cabeça de chapa. Mais uma vez o resultado se repete. Marina alcança o terceiro lugar com mais de 22 milhões de votos válidos, ou seja, 21,32% do total da eleição para presidente.
Em 2018, Marina também é candidata à presidência. Dessa vez pela Rede. O partido foi aprovado em 2015 tendo larga atuação no combate à corrupção. Seu compromisso segundo o site oficial é manter “compromissos de institucionalizar conquistas e inaugurar uma nova governabilidade programática que quebre o ciclo do presidencialismo de coalizão”.