O gaúcho Carlos Alberto Brilhante Ustra nasceu em 28 de julho de 1932, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Filho de Cacilda Brilhante Ustra e Célio Martins Ustra, formou-se na Academia Militar de Agulhas Negras e teve grande importância dentro do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), em São Paulo.
Este órgão era subordinado ao Exército, funcionou durante o período da Ditadura Militar e tinha como objetivo reconhecer e repreender grupos que não concordavam com a política da época.
Durante os anos de 1970 e 1974, o DOI-CODI ficou sob o comando de Ustra, período este que marcou a vida deste militar que ficou conhecido pelo codinome Dr. Tibiriçá.
Vida do coronel Ustra
O Brilhante Ustra foi casado com a paraibana Maria Joseíta, com quem teve duas filhas, Renata e Patrícia. Em paralelo a família, o militar dedicou a vida ao Exército comandando o 16° Grupo de Artilharia de Campanha, em São Leopoldo. Mas, foi o período de quatro anos que passou a frente do DOI-CODI que Ustra ficou conhecido no Brasil todo.
Durante este período, o militar recebia ordens do Exército para detectar os grupos clandestinos que se formavam contra o sistema político da época. Depois de encontrados, as organizações de movimentos de pensamentos esquerdas eram reprimidas pelo órgão que o coronel comandava em São Paulo.
Polêmicas da vida de Ustra
Depois do comando ao DOI-CODI e após a volta a democracia brasileira, a vida do coronel Ustra foi regada de acusações e denúncias envolvendo casos de tortura e até mortes.
De acordo com um levantamento feito pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, 502 denuncias foram feitas contra o Destacamento de Operações de Informação na capital paulista.
Além destes dados, a Comissão Nacional da Verdade fez outras apurações e destacou que o período em que Ustra comandou o órgão de repressão foi marcado por 45 mortes e desaparecimentos forçados. Em entrevistas e julgamentos, o comandante afirmava ter ocorrido excessos, mas sempre negou as mortes e as denúncias de tortura.
Morte do coronel
Carlos Alberto Brilhante Ustra morreu no Hospital Santa Helena, no dia 15 de outubro de 2015. De acordo com o boletim divulgado pela instituição, o coronel teria morrido por falência múltipla de órgãos, provocada por uma pneumonia.
Segundo os familiares na época, ele estava sendo submetido a processos de quimioterapia e estava com a imunidade baixa.
Para alguns, a morte do coronel representa a falha da justiça brasileira em julgar os casos de tortura no período da Ditadura Militar. Assim, Ustra tornou-se um exemplo de impunidade. Já enquanto estava vivo, o coronel jamais demonstrou que teria cometido os crimes dos quais era acusado, mas afirmava ter lutado pelo Brasil.
“Se não fosse a nossa luta, se não tivéssemos lutado, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o ‘paredon’. Hoje não existiria democracia nesse país. O senhores estariam em um regime comunista tipo [o] de Fidel Castro [ex-presidente de Cuba]”, afirmou Ustra em depoimento para a Comissão da Verdade, em 2013.