Brasileiros criam aparelho que faz exame de vista com celular

Um projeto brasileiro foi classificado para participar da final do “The Falling Walls Lab”, em Berlim, na Alemanha. O evento mundial apresenta as 100 melhores ideias de inovação tecnológica que podem ser usadas em favor de uma vida melhor para as pessoas. A ideia do projeto é baratear os custos com exames oftalmológicos.

Entenda como funciona

A ideia surgiu há dois anos quando três pesquisadores, ex-alunos da Universidade de São Paulo, desenvolveram um equipamento capaz de reduzir em até 10 vezes o custo dos exames realizados na retina. O aparelho se chama Smart Retinal Camera (SRC), um retinógrafo portátil.

O trio, formado por José Augusto Stuchi, pelo eletricista, Flavio Vieira, e pelo físico, Diego Lencione, foi impulsionado a desenvolver o projeto por conta de um deslocamento de retina de um parente de um deles.

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Foto: reprodução/YouTube Phelcom

Após iniciarem as pesquisas, eles criaram uma startup, chamada Phelcom, e recorreram ao financiamento do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

De acordo com um dos criadores, Diego Lencione, o SRC funciona acoplado a um celular, tipo smartphone, com câmera de alta resolução. O conjunto ótico que compõe o aparelho captura a imagem do fundo do olho, sendo possível o diagnóstico rápido e seguro de doenças relacionadas à visão.

“O resultado das imagens pode ser enviado para a avaliação de um atendimento de excelência em oftalmologia e com isso se obtém um laudo remoto de alto nível técnico”, afirma o físico.

Uma das vantagens do aparelho é o tamanho dele. Por ser pequeno, ele pode ser transportado facilmente para regiões de difícil acesso e também facilitar o atendimento infantil que, geralmente, não conseguem posicionar o queixo, a testa e a cabeça nos retinógrafos convencionais. “Por ano, 500 mil crianças perdem a visão no mundo”, revela José Augusto Stuchi, outro inventor do SRC.

Quais doenças o aparelho pode detectar?

De acordo com a OMS, a Organização Mundial da Saúde, 80% das pessoas que ficam cegas poderiam ter evitado a deficiência através de tratamentos adequados e planos preventivos.

Por isso, Diego Lencione defende que o aparelho também pode agir na prevenção de doenças mais complexas. “Fazer a triagem de pessoas com problemas de retina e encaminhá-las o quanto antes para tratamento pode evitar danos mais sérios no futuro”, diz.

José Augusto Stuchi explica que 85% das cidades do Brasil não possui oftalmologistas. Essa realidade é complicada pois 6 milhões de pessoas sofrem algum tipo de deficiência visual no nosso país.

Sobre o autor

Jornalista formada pela Universidade Federal da Paraíba com especialização em Comunicação Empresarial. Passagens pelas redações da BandNews e BandSports, TV Jornal e assessoria de imprensa de órgãos públicos.