Na literatura, a cena é percebida através dos cinco sentidos. Por exemplo, o personagem pode sentir pelo olfato determinado perfume, e assim deduzir o rumo de uma investigação.
A cena é composta de uma parte externa, que é a ação, mas também ocorre a reflexão, caracterizada pelo exame feito pelo protagonista acerca dos fatos ocorridos no decorrer da trama. Ao construir uma cena, o escritor deve iniciar a narrativa pelo exterior da mente do personagem, passeando pelo enredo com todos os sentidos imprescindíveis para o seu desenvolvimento.
O conceito pode parecer confuso, portanto, façamos uma analogia: assim como ocorre na construção de um filme, a obra literária é estruturada por uma série de cenas, como se o escritor instalasse uma câmera na cabeça do protagonista da estória, gravando tudo que acontece sob o seu ponto de vista.
Ao ler um livro, o leitor perceberá a transição de uma cena para a seguinte. Ao escritor, cabe ter em mente não apenas a história em si, mas o contexto, a geografia, os personagens, a motivação e o ponto de vista do qual partirá o enredo.
A cena deve abarcar o tempo, o espaço, a sequência dos fatos e o ponto de vista do personagem. Uma obra não pode ser assim denominada caso não haja nexo entre as suas partes, por isso, todas as cenas devem estar encadeadas até a conclusão do enredo. Em resumo, pode-se afirmar que a função de uma cena é sempre a de encaminhar a trama para a próxima cena, até o clímax final.