Existem algumas formas pelas quais o chorume se forma, sendo elas: a partir da umidade natural existente no lixo, sendo que esta é acentuada quando há um período chuvoso, escorrendo para os solos; a partir da constituição da matéria orgânica, a qual gera esse líquido escuro e com odor forte; a partir da existência de bactérias no lixo, sendo que estas expelem uma espécie de enzimas que dissolvem os materiais orgânicos, formando o chorume. Portanto, o chorume é um processo que ocorre naturalmente pela deposição de material orgânico no meio, sendo originado pela própria composição da matéria, pela umidade do ambiente e também pela ação de microrganismos.
Em um primeiro momento, o material orgânico depositado em aterros, por exemplo, passa por um processo de decomposição aeróbico, ou seja, quando ainda há a presença de oxigênio neste processo. Neste processo, as bactérias aeróbicas fazem o processo de fermentação do lixo, absorvendo o oxigênio e com isso liberando gás carbônico. Em um segundo momento, há a decomposição anaeróbica, ou seja, quando não há mais oxigênio.
As bactérias anaeróbicas agem quando o oxigênio acaba, quebrando as partículas de gordura, proteína e os amidos, transformando estes em ácido acético. Após meses ou anos, dependendo do material, somando-se com as águas das chuvas, o líquido formado por esses processos de decomposição acaba infiltrando nos solos. Outra parte do processo de decomposição se transforma em gases, como o metano.
O chorume ocorre em todos os locais onde há deposição de material orgânico, somando-se a isso a incidência de umidade. Os locais em que há maior intensidade de formação do chorume são os aterros sanitários, nos quais há a deposição de grandes quantidades de lixo orgânico.
Nestes ambientes somam-se vários elementos poluentes, como a formação de gases oriundos da decomposição, liberação de metais variados na atmosfera e nos solos, e a produção em grande quantidade do líquido lixiviado. O chorume ocorre comumente também nos cemitérios, uma vez que os corpos humanos são também material orgânico que será deteriorado no decorrer do tempo, especialmente pela ação de microrganismos.
Uma das medidas mais eficazes para diminuir o problema do “necrochorume” é a prática da Tanatopraxia, quando as medidas de conservação do corpo tornam o processo de decomposição mais lento, reduzindo a formação e impacto do chorume.
O chorume possui importante relevância em relação a poluição das águas, sendo que a presença deste afeta a qualidade das águas dos mananciais de superfície e os subterrâneos. O chorume polui os solos nos locais nos quais infiltra, mas também as águas subterrâneas. Além da questão ambiental, há um agravante, que é o comprometimento da saúde humana e animal.
Isso ocorre porque as águas e solos contaminados são utilizados para sobrevivência, através do consumo das águas e da produção de alimentos nos solos. O chorume produz um odor desagradável, o que também é considerado como aspecto da poluição. Além disso, essa condição atrai animais que transmitem doenças, como ratos, baratas e insetos diversos. A produção do chorume é acentuada nos verões, quando aumentam os índices pluviométricos, intensificando ainda mais o problema.
Dentre as formas de tratamento do chorume, o mais indicado é o método biológico, o qual é considerado o mais barato e mais eficiente. Apesar do conhecimento teórico, ainda existem muitas limitações em relação ao tratamento do chorume, como a inadequada deposição de lixo das cidades, a falta de separação dos materiais orgânicos e inorgânicos, e mesmo a falta de investimentos para a adequada deposição e tratamento dos resíduos decorrentes da produção de material orgânico.
» SERAFIM, Aline Camillo; et al. Chorume, impactos ambientais e possibilidades de tratamentos. Anais do III Fórum de Estudos Contábeis 2003. Disponível em: https://www.tratamentodeagua.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Chorume-impactos-ambientais-e-possibilidades-de-tratamento.pdf. Acesso em: 12 de julho de 2017.