Geografia

Complexo Regional do Nordeste

Já ouviu falar sobre o Complexo Regional do Nordeste? Trata-se de um tipo de divisão do Brasil.

Além da divisão tradicionalmente conhecida do território brasileiro, a qual reconhece as cinco grandes regiões, existem outras formas de categorização regional do território, sendo uma das mais importantes aquela que reconhecer os complexos geoeconômicos.

Essa divisão é importante porque não se limita ao contexto político, ou formalmente estabelecido pela proximidade, mas se atenta ao contexto econômico, percebendo as peculiaridades regionais em relação ao setor produtivo.

Entretanto, essa divisão não é tão conhecida quanto a política, mas carrega em si importantes considerações, já que muda o foco da regionalização. Na divisão geoeconômica são consideradas como regiões brasileiras a Amazônia, o Nordeste e o Centro-Sul.

Complexo Regional do Nordeste

O chamado Complexo Regional do Nordeste é uma região geoeconômica composta por 10 estados, sendo eles Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, além do Leste do Maranhão e o Norte de Minas Gerais.

Mapa do Nordeste do Brasil

Além dos estados do Nordeste, esse complexo regional é formado por uma parte de Minas Gerais (Foto: depositphotos)

Por suas condições físicas diversificadas, a região Nordeste do Brasil já possui uma subdivisão composta por quatro partes, sendo elas a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio Norte (Zona dos Cocais).

Estas subdivisões possuem condições geográficas diferenciadas, com desenvolvimento de espécies vegetativas múltiplas, o que também fornece condições particulares a cada uma destas para as atividades produtivas possíveis.

É importante relembrar que a região Nordeste do Brasil já foi a mais importante economicamente do país, na época da exploração da cana de açúcar, sendo a base da economia nacional.

No entanto, pela diversificação da exploração no território brasileiro [5], o açúcar acabou dando espaço para outras atividades, ficando no Nordeste as marcas da exploração predatória de seus recursos naturais. No Nordeste também se destacou outra importante fonte de renda aos exploradores, que foi o cacau, durante o período colonial.

O Nordeste tem suas limitações, especialmente na porção mais árida de seu território, caracterizada pelo Sertão. No entanto, com os adequados investimentos em infraestrutura e recursos técnicos para produção, a região tem se destacado no cenário nacional, inclusive com produtos para exportação.

Áreas com dinamismo econômico no Nordeste

A região Nordeste do Brasil possui áreas com intenso dinamismo econômico, como por exemplo o Recôncavo Baiano, o qual corresponde aos vários municípios localizados ao entorno de Salvador.

Nesta área estão, por exemplo, municípios como Camaçari, onde está localizado o Polo Industrial e Petroquímico de Camaçari, com importantes industrias do setor petroquímico.

Além disso, destacam-se ainda na região atividades como a metalúrgica e a automobilística, bem como a produção de gêneros como tabaco. São destaques a agricultura, a pesca e coleta de mariscos.

Ainda tem se destacado em anos mais recentes no Nordeste brasileiro a atividade da fruticultura irrigada, a qual se desenvolve na região do Sertão Nordestino [6], contando com investimentos para possibilitar sua ocorrência diante das condições extremas do semiárido.

São destaques neste ramo a região do Vale do Açu no Rio Grande do Norte, o Polo Juazeiro da Bahia e de Petrolina no Pernambuco, além do Oeste da Bahia. Nestas regiões destacam-se frutas como melão, uva e manga, bem como outros gêneros como café e soja.

Como o custo das terras no Nordeste ainda é mais barato aos empresários, muitos estão trocando as terras do Centro-Sul brasileiro [7] pelas nordestinas, onde conseguem ter uma boa produção com investimento em tecnologias que intensificam o cultivo.

Setores econômicos do Nordeste

A região Nordeste tem destaque nas três divisões econômicas reconhecidas no Brasil, sendo que no setor primário destaca-se a agricultura, com a produção de cana de açúcar sendo ainda a atividade mais relevante economicamente.

Destacando-se também a soja, o algodão, o tabaco, o caju, bem como frutas como uvas, manga, melão e outros, tanto para o consumo interno, quanto para exportação. As frutas nordestinas são muito apreciadas em várias partes do mundo. A pecuária também é destaque no setor primário nordestino.

No setor secundário, destacam-se as indústrias com fins diversificados, como de aços, de produtos eletrônicos, equipamentos para irrigação, bem como plataformas para extração de petróleo. A indústria petroquímica e de recursos energéticos é destaque na economia nordestina.

O setor terciário tem crescido com intensidade no Nordeste brasileiro, especialmente nos estados do Pernambuco e da Bahia, com importantes empresas em vários setores, como o vestiário.

Destacam-se ainda atividades ligadas ao contexto dos transportes aquaviários, dos correios e das telecomunicações. Em relação ao setor educacional, bem como as pesquisas em ciência e tecnologia, a região Nordeste tem se destacado na produção de conhecimentos com a difusão de institutos tecnológicos.

Além disso, o turismo também é muito forte no Nordeste do Brasil, destacando-se os pontos turísticos com cunho histórico, como Salvador, as praias bastante procuradas por visitantes do mundo todo. Destaque também é o turismo de cunho cultural, sendo que o estado da Bahia é o que mais se destaca, o mais requisitado entre os turistas brasileiros.

Apesar das dificuldades enfrentadas historicamente pela região Nordeste, em anos mais recentes, ela tem aparecido com maior intensidade dentro do contexto de importância econômica para o país, destacando-se o complexo regional nordestino em vários campos da economia.

Complexos regionais no Brasil

Quando se fala em regionalização brasileira, logo se pensa nas cinco grandes regiões do território nacional, as quais foram delimitadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), levando em consideração o contexto político para regionalização.

No entanto, essa forma de perceber o Brasil está longe de conseguir explicar a diversidade existente no país, seja em relação ao âmbito físico do território, cultural ou econômico. Com isso, novas regionalizações do território surgiram posteriormente, visando dar maior entendimento a questão regional.

Uma das mais importantes formas de regionalizar o território do Brasil é dividindo-o em regiões geoeconômicas, sendo elas: Amazônia [8], o Nordeste e o Centro-Sul. Embora seja bastante relevante, essa regionalização não é reconhecida formalmente.

Neste caso, foram adotadas como informações básicas a questão dos aspectos naturais somados ao contexto socioeconômico. O complexo geoeconômico do Nordeste é composto por todos os estados nordestinos, somando-se ainda a porção Norte do estado de Minas Gerais [9].

Assim, a região geoeconômica do Nordeste corresponde a aproximadamente 18% do total do território brasileiro, constituindo, portanto, o menor dentre os complexos regionais do país.

Referências
VEDOVATE, Fernando Carlo. “Projeto Araribá: Geografia“. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2010.

VESENTINI, José William. “Geografia: o mundo em transição“. São Paulo: Ática, 2011.