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Constantinopla – Tudo sobre sua história

Constantinopla foi uma das cidades mais ricas da história, sendo a mais abastada de toda a Europa entre os séculos V e XIII. Era localizada onde atualmente é Istambul, na Turquia.

É uma cidade que está em dois continentes, Europa e Ásia, o que durante a sua história vai proporcionar a aproximação de povos muito diferentes do romano, como os árabes, venezianos, genoveses e os gregos.

Durante a idade média, Constantinopla foi um dos centros comerciais mais importantes, havia um grande fluxo de pessoas na cidade, pois diversos viajantes que compravam ou vendiam coisas acabavam chegando até a cidade.

Constantinopla, atual cidade de Istambul

Constantinopla, atual cidade de Istambul (Foto: Freepik)

Como capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla foi palco de grandes revoluções da igreja católica, como a separação em igreja apostólica romana e a igreja ortodoxa. A iconoclastia foi fundamental para entendermos a arte bizantina e como as igrejas estão hoje.

Ainda é possível encontrar resquícios arquitetônicos da grande Constantinopla, como a Catedral de Sofia, que depois de ser tomada pelos turcos, virou um depósito de armas.

Uma cidade fundamental para o renascimento, Constantinopla conseguiu abarcar todos os desejos por arte que os renascentistas tinham.

Crise no Império Romano

Constantinopla foi a capital do império Bizantino depois da separação do império Romano em Império Romano de Ocidente e Império Romano do Oriente.

Essa separação ocorreu porque o império Romano tinha atingido a sua máxima extensão possível de ser controlada por um único poder.

Por volta dos anos 100, o império Romano ocupava cerca de metade do território europeu, parte do norte da África e ainda uma parcela do Oriente Médio.

O Estado romano tinha que manter o controle sobre todas as regiões do império, estabelecendo um poder que conseguisse ser centralizado.

Os impostos arrecadados nas regiões dominadas pelos romanos eram utilizados para manter o Estado, que tinha um alto gasto com questões militares, já que um dos grandes problemas de ser um império tão grande é a proteção das suas fronteiras contra a invasão de outros povos.

Como forma de facilitar o acesso a todas as regiões do império, as cidades romanas tiveram grandes estradas pavimentadas construídas que as interligavam, como medida de facilitação da proteção pelas tropas do exército.

Mas não apenas isso, as estradas também começaram a ampliar as rotas de comércio. Ainda é possível encontrar algumas dessas estradas, nos dias de hoje, na Líbia.

O sistema escravista era a base da economia romana. Toda sua grande estrutura era feita por pessoas escravizadas durante as guerras de conquista.

Quando o império Romano conquistava uma cidade, a população derrotada virava escrava dos romanos.

Quando as guerras de conquista pararam, aconteceu uma expressiva queda do número de escravos, mas o império estava grande como nunca e precisava de muito mais mão de obra.

Com a diminuição da produtividade, o império Romano entrou em uma forte crise econômica e a sua divisão começou acontecer aos poucos.

Com a diminuição da produção e do comércio, a crise também afetou a arrecadação de impostos, tornando o Estado mais fraco, o que reduziu a capacidade do império de manter as suas fronteiras seguras.

Começo da divisão do Império Romano

Diocleciano, imperador de Roma, impôs a todos a tetrarquia, onde o império passou a ter governantes diferentes em cada parte, tanto no oriente como no ocidente.

Depois da morte de Diocleciano, Constantino foi coroado imperador de Roma. Essa contínua separação do império Romano foi fundamental para o crescimento da cidade de Constantinopla.

Durante esse caminho para a separação oficial do império, a capital foi modificada pelo imperador Constantino de Roma para a cidade de Bizâncio, que logo em seguida, em homenagem ao imperador, passou a ser chamada de Constantinopla.

Como rota comercial, Bizâncio era reconhecida por estar entre os mares que conectavam a Europa com a Ásia. A proximidade com as terras conquistadas também foi um dos pontos que fizeram com que a capital fosse modificada.

A religião no Império Romano

Foi no reinado de Constantino, o fundador de Constantinopla, que as questões religiosas do império Romano se modificaram.

A religião católica, até a mudança da capital do império, ainda não era reconhecida, e todos aqueles que a professavam estavam sob o risco de morte.

Nesse período, muitos mártires surgiram (pessoas que morriam defendendo o cristianismo).

Com um território tão vasto, um dos problemas que Constantino teve foi a crise religiosa dos vários povos conquistados. O imperador então criou o Édito de Milão (313 d.C.) que decretava que o império Romano seria neutro religiosamente, acabando com a perseguição, principalmente aos cristãos.

Constantino também determinou que os governadores não tivessem papel central nas questões religiosas. Todas as suas decisões deveriam ser discutidas em concílios, uma espécie de assembleia, uma reunião de autoridades religiosas que discutiram as definições a serem tomadas.

A divisão do Império Romano

Depois do imperador Constantino, Teodósio ascendeu como imperador de Roma.

Depois da morte de Teodósio, o império Romano foi dividido oficialmente em dois: Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente. Os dois filhos de Teodósio, Honório e Arcádio, passaram a governar cada um.

O Império Romano do Oriente passou a se chamar Império Bizantino, em referência a cidade de Bizâncio, Constantinopla, a sua capital.

Embora oficialmente esta separação tenha sido total, e cada império tenha seguido com o seu comando exclusivo, eles sempre estiveram interligados. Os habitantes do império Bizantino continuaram a se chamar de romanos, e seguindo a cultura e a tradição romana.

Império Bizantino

Com a separação do império, o império Romano do Ocidente começou a sofrer com as invasões dos povos germânicos, também conhecidas como invasões bárbaras.

O império do ocidente começou com um longo período de negociação, no entanto, começaram a sofrer cada vez mais com os saques e invasões dos povos, até que a capital Roma foi saqueada e conquistada.

Em 476 d. C., o imperador que tentava proteger o império Romano do Ocidente era Rômulo Augusto, que foi assassinado pelos povos germânicos.

Oficialmente, a queda do império Romano do Ocidente marca o fim da idade antiga para o começo da idade média. A queda também marca a completa separação entre os dois impérios romanos, passando apenas a ter o Império Romano do Oriente salvo.

O Império Bizantino tinha um fluxo muito grande de estrangeiros no seu interior, o maior deles acontecendo dentro da própria capital, Constantinopla, que tinha um acesso importante pelo mar, e então se tornou o império mais poderoso e rico daquele período, não sofrendo absolutamente nenhuma invasão.

Além das cidades do império Bizantino estarem muito mais seguras e bem organizadas, a riqueza foi fundamental. Então contrataram mercenários que ficavam encarregados da proteção do império e até mesmo pagarem os próprios opositores para que não invadissem o império.

Uma das histórias mais conhecidas é a de Átila, o grande rei dos unos, que ameaçava inúmeros territórios, inclusive o Império Romano do Ocidente e do Oriente. Ele foi pago pelos bizantinos para que não entrasse em suas terras.

Entre 400 d. C. e 450 d. C., Constantinopla foi sendo superprotegida pelos aparelhos arquitetônicos. Uma das coisas mais importantes para assegurar a capital do império Bizantino, eram as suas muralhas, reconhecidas mundialmente como intransponíveis.

Tinham torres de proteção e as suas camadas contavam com 2 metros de largura, o que as deixavam com um alicerce quase impossível de ser quebrado. Sua observação era estendida até o mar.

As muralhas de Constantinopla duraram um pouco mais de mil anos, deixando a capital do império Bizantino reconhecida pela segurança.

A arte bizantina em Constantinopla

A localização do império Bizantino influenciou não só as trocas comerciais, mas também o intercâmbio intenso de cultura de diversos povos. Os bizantinos foram amplamente influenciados pelas culturas greco-romana, persa e chinesa.

Igreja de Santa Sofia

Igreja de Santa Sofia, construída pelo Império Bizantino (Foto: Freepik)

Embora fossem um território oriental, se identificavam como romanos e eram muito apegados a língua grega. Essa, por sinal, era a língua oficial do império Romano do Oriente, diferente do Império Romano do Ocidente, que durante toda a sua existência teve como idioma oficial o latim.

A educação infantil das famílias ricas tinha como base, principalmente, autores clássicos gregos. Dos romanos, os bizantinos herdaram a organização do Estado e a maneira como as cidades eram estruturadas, tendo sempre como inspiração a cidade de Roma.

Os bizantinos também herdaram a cultura oriental, o uso da seda é um registro forte disso. Além da estética, da decoração e principalmente das obras arquitetônicas.

Durante a separação do império romano, as igrejas católicas puderam existir, sendo que a romana diferente da bizantina.

Enquanto no ocidente a igreja católica era apostólica romana, a do oriente era a ortodoxa, que entre inúmeras reformas, passou pela iconoclastia, ou seja, a retirada total de imagens que pudessem ser adoradas.

Mas ainda assim a arte bizantina teve uma grande carga religiosa cristã. Diversas manifestações artísticas produzidas no império Bizantino, como esculturas, pinturas, mosaicos, iluminuras, vitrais e produções literárias refletem essa carga.

Uma das artes que mais chamam a atenção em Constantinopla são os vitrais coloridos, que muitas vezes possuem imagens de santos, ou contam a história de Jesus Cristo.

Também continham grande exaltação dos seus imperadores, que acreditavam ser grandes mediadores da sabedoria divina à humanidade.

Existia um grande financiamento da arte por parte de lideres da igreja e do Estado para que promovessem suas imagens através da arte, mostrando o seu poder ao povo.

É perceptível a influencia oriental nos desenhos bizantinos. A tonalidade das peles e as formas eram totalmente misturadas com a dos povos do Oriente Médio.

Nas edificações, começaram a incluir grandes cúpulas e linhas diferentes das gregas que foram adotadas pelos romanos.

A arte bizantina chama atenção até hoje pela sua diferença.

A onda iconoclasta em Constantinopla

Foi no império Bizantino que a onda iconoclasta tomou as proporções conhecidas. O berço do império, a grande capital, rica e importante culturalmente, tinha como característica a demonstração de poder por meio da arte.

Com a instauração da religião católica como oficial, isso fez com que as imagens dos santos cristãos fossem fortemente usadas.

Muitas pessoas da nobreza e do clero demonstravam a sua riqueza financiando esculturas, pinturas, mosaicos e vitrais que remetessem à sua família. Em grandes missas e rezas, famílias ricas levavam as suas imagens para que elas fossem usadas e adoradas.

O imperador Leão III em 730 d. C. proibiu esse tipo de acontecimento e qualquer veneração de ícones. Se por um lado isso fez com que o império Bizantino, principalmente Constantinopla, conseguisse manter uma boa relação com os povos ao seu redor (judeus e muçulmanos), por outro uma grande leva de arte foi destruída em uma verdadeira perseguição aos ícones.

Mesmo com a destruição em massa de mosaicos, afrescos, estátuas de santos e até mesmo dos ornamentos dos altares das igrejas, a iconoclastia só foi oficializada alguns anos depois, no concílio de Hieria, em 754 d. C., apoiado pelo então imperador Constantino V.

A igreja católica ocidental não fez parte desse concílio, que foi completamente desaprovado pelos papas, e então o grande cisma da igreja católica aconteceu, sendo Roma a cidade da igreja católica apostólica romana e Constantinopla a cidade da igreja ortodoxa bizantina.

O império Bizantino teve uma grande imperatriz, Irene, que decidiu então convocar um novo concílio para a unificação da igreja: o concílio de Niceia. Esse concílio aprovou os ícones e recuperou um pouco do que havia sido destruído.

A queda de Constantinopla

Constantinopla permaneceu por muitos séculos como uma grande capital rica e fortificada, mas em 1453 a sua queda aconteceu, com a tomada do poder pelos turco-otomanos.

No reinado de Constantino XI, o sultão Maomé II, conhecido como o conquistador, fez a investida contra a capital do império Bizantino.

Os soldados bizantinos foram facilmente vencidos, mas as muralhas de Constantinopla eram quase intransponíveis, e foi preciso que o sultão fizesse um cerco de 53 dias para que elas pudessem cair.

Ainda hoje, em Istambul encontramos os resquícios da muralha depois do cerco.

Muralha de Constantinopla atualmente

Muralha de Constantinopla atualmente (Foto: Wikimedia Commons)

Constantinopla era a síntese do império romano do oriente, dominá-la era dominar todo o império, e muitos outros tentaram isso.

Depois do declínio e tomada dos impérios pelos germânicos, Constantinopla se manteve forte por vários outros séculos, caindo por completo apenas com a tomada dos turcos.

Depois de Constantinopla, as outras cidades do império foram rapidamente dominadas. Com a queda de Constantinopla, o fim do império romano foi oficializado, colocando em risco a cultura ocidental europeia cristã, já que o maior império do mundo tinha sido conquistado por muçulmanos.

Constantinopla, que era um modelo de cidade, durou do começo ao fim da Idade Média.

Resumo do conteúdo

Nesse texto você aprendeu que:
  • A cidade de Constantinopla foi uma das mais ricas da história
  • Durante a idade média, Constantinopla foi um dos centros comerciais mais importantes do mundo
  • Foi no reinado de Constantino, o fundador de Constantinopla, que as questões religiosas do império Romano se modificaram
  • Uma das coisas mais importantes para assegurar Constantinopla contra invasões eram as suas muralhas, reconhecidas mundialmente como intransponíveis
  • A localização do império Bizantino influenciou não só as trocas comerciais, mas também o intercâmbio intenso de cultura de diversos povos
  • Com a queda de Constantinopla, o fim do império romano foi oficializado.

Exercícios resolvidos

1- Onde ficava a cidade de Constantinopla?
R: Ela estava localizada onde atualmente é Istambul, na Turquia.
2- Constantinopla foi palco de grandes revoluções da igreja católica, cite uma consequência delas.
R: A separação em igreja apostólica romana e a igreja ortodoxa.
3- O que foi o Édito de Milão?
R: Um decreto feito por Constantino, declarando que o império Romano seria neutro religiosamente, acabando com a perseguição, principalmente aos cristãos.
4- Quem derrubou Constantinopla?
R: Depois do declínio e tomada dos impérios pelos germânicos, Constantinopla se manteve forte por vários outros séculos, caindo por completo apenas com a tomada dos turcos.
5- A tomada de Constantinopla pelos turcos tornou-se a baliza cronológica que separou a Idade Média da Idade Moderna. Verdadeiro ou Falso?
R: Verdadeiro.
Referências

» ANGOLD, Michael. Bizâncio: a ponte da Antiguidade para a Idade Média. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

» FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001.