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Cordados

Os animais do filo Chordata (cordados), grupo que inclui os urocordados (ascídias), os cefalocordados (anfioxo) e os vertebrados, possuem certas características presentes em alguns invertebrados, como a simetria bilateral, o corpo segmentado e a circulação fechada.

Os cordados e os equinodermos apresentam em comum a deuterostomia. Mas o grupo possui outras características exclusivas, às vezes presentes apenas em algum estágio do ciclo de vida, como na fase embrionária.

Estrutura dos Cordados

O nome “cordado” vem do fato desses animais possuírem uma notocorda ou corda dorsal (do grego notos = dorso; chorda = cordão), bastão flexível de células que se estende por quase toda a região dorsal do animal, acima do tubo digestório e abaixo do sistema nervoso.

A notocorda funciona como ponto de apoio aos músculos, facilitando, por exemplo, o uso da cauda para impulsionar o corpo pela água. Nos vertebrados, ela é substituída, total ou parcialmente, pela coluna vertebral durante o desenvolvimento embrionário.

A presença de vértebras e de coluna vertebral é uma característica exclusiva dos vertebrados.

Características dos Cordados

As cinco características básicas típicas dos cordados surgem durante o desenvolvimento embrionário e, em muitos casos, não se mantém nos adultos. As características são:

  • Cauda pós-anal (prolongamento do corpo posterior ao ânus): primitivamente essa cauda é musculosa e participa da locomoção por ondulação lateral.
  • Notocorda: estrutura que deriva da mesoderme do embrião e que corresponde a um bastonete flexível e incompressível, situado na linha mediana dorsal do corpo.
  • Sistema nervoso dorsal: o sistema nervoso dos cordados origina-se da ectoderme dorsal do embrião, formando um tubo nervoso oco. Nos animais não cordados, o sistema nervoso também é de origem ectodérmica, porém, não se forma dessa maneira e é de posição ventral ou difusa.
  • Endóstilo: primitivamente é uma estrutura ciliada e secretora de muco presente na faringe de ascídias, anfioxos e larvas de lampreias e que conduz partículas diminutas de alimento para o estômago. Nos demais cordados é modificado na glândula tireóidea, relacionada com a produção de hormônios reguladores do metabolismo, deixando, assim, de ser uma estrutura ligada à alimentação.
  • Metameria: repetição de estruturas no corpo. Ela é perdida em adultos de urocordados e persiste em diferentes graus no adulto dos cefalocordados e dos craniados, sendo mais evidente em algumas estruturas do corpo do que em outras.

Cauda pós-anal

Os cordados possuem uma cauda pós-anal musculosa, região posterior ao ânus, com músculos e notocorda (ou coluna vertebral).

Nos cordados aquáticos, a cauda ajuda na locomoção na água. Em outros, como jacarés e lagartos, pode auxiliar na defesa e no ataque. Em certos macacos, ela é preensora e ajuda o animal a se segurar nos galhos das árvores. No ser humano, a cauda está atrofiada e forma o final da coluna vertebral (os ossos do cóccix).

Sistema nervoso

Os cordados possuem sistema nervoso dorsal, formado a partir do tubo neural e originado da ectoderme do embrião. A localização dorsal, acima da notocorda, é diferente da maioria dos outros grupos de animais invertebrados, nos quais o sistema nervoso se situava na região ventral.

Outra diferença é que nos cordados, o sistema nervoso é oco, enquanto nos outros grupos ele é formado por um cordão duplo e maciço de células. Na região anterior do corpo dos cordados, esse cordão se dilata e forma a vesícula encefálica, que nos vertebrados origina o encéfalo.

Arcos faríngeos

Além dessas características exclusivas, na faringe (região anterior do tubo digestório) do embrião dos cordados podem ser observados os arcos faríngeos ou faringianos, separados por fendas ou sulcos faríngeos (alguns autores chamam essas estruturas de fendas branquiais), e evaginações, as bolsas faríngeas.

Nos peixes, os arcos e as fendas faríngeas persistem no adulto e participam da respiração: a água que entra pela boca passa pelas brânquias e sai pelas fendas faríngeas. Em outros vertebrados (répteis, aves e mamíferos), os arcos e as fendas originam outras estruturas, como a tuba auditiva (na orelha) e a função respiratória é exercida pelos pulmões.

Grupos de cordados

O filo dos cordados inclui três grupos: Cephalochordata (cefalocordados), Urochorata (urocordados) e Vertebrata (vertebrados). Os dois primeiros são comumente chamados protocordados (do grego protos = primeiro) e constituem um grupo sem valor taxonômico.

Cefalocordados

Estrutura corporal de um anfioxo

O anfioxo é um animal exclusivamente marinho (Foto: depositphotos)

O termo “cefalocordado” vem do fato de que a notocorda vai da cauda até a região cefálica, diferentemente dos urocordados, em que a notocorda localiza-se na região caudal da larva.

Esse grupo é representado pelo anfioxo (gênero Branchiostoma), cujo corpo quase transparente, apresenta a forma de uma lança de duas pontas (do grego amphi = dos dois lados; oxus = ponta). É um animal exclusivamente marinho: vive em águas rasas, em geral com a parte posterior enterrada na areia, nadando por curtos períodos de tempo. Existem três nadadeiras interligadas: uma dorsal. uma caudal e uma ventral.

A boca é rodeada por tentáculos (cirros bucais), que não deixam passar areia nem outras partículas grandes. As fendas faríngeas filtram o alimento (plâncton), que entra pela boca e chega ao intestino, são animais filtradores.

O anfioxo possui notocorda durante toda a vida. Essa estrutura funciona como um esqueleto flexível e serve de ponto de apoio aos músculos organizados em blocos, os miótomos (do grego mys = músculo; tomé = corte). Esses blocos de músculos demonstram que alguns sistemas dos cordados retêm uma segmentação ou metameria, presente em alguns invertebrados, como os anelídeos e artrópodes.

Nas fendas faríngeas ocorrem as trocas gasosas com a água. A circulação é feita por um sistema fechado, com vasos contráteis que impulsionam o sangue. O sistema nervoso é formado por um cordão nervoso dorsal, além de nervos para as diversas partes do corpo. Possuem ocelos que captam a luz.

Os sexos são separados e as gônadas liberam os gametas na cavidade atrial. Depois os gametas são eliminados pelo poro atrial. A fecundação ocorre na água e o desenvolvimento é indireto.

Urocordados

Colônia de ascídias

As ascídias vivem em colônias (Foto: depositphotos)

Nesse grupo de animais, a notocorda é restrita à cauda na larva (daí o nome do grupo, do grego ourás = cauda; chorda = cordão).

Os urocordados são representados por animais marinhos sésseis, solitários ou coloniais, chamados ascídias. Quando adultas, as ascídias isoladas assemelham-se a pequenos esguichos, que eliminam um líquido quando espremidas.

Os adultos possuem dois sifões: o oral ou inalante, pelo qual a água entra; e o cloacal ou exalante, pelo qual saem os resíduos, a água e os gametas. As ascídias são animais filtradores: o alimento (plâncton) é retido pelas fendas faríngeas, encaminhado ao estômago e depois ao intestino.

A ascídia é hermafrodita, com fecundação externa, mas também pode realizar reprodução assexuada por brotamento, originando as colônias.

Sua larva natante apresenta todas as características típicas do filo dos cordados: tubo nervoso dorsal, fendas faríngeas, notocorda, coração ventral e cauda. Quando atinge o estado adulto, a ascídia se fixa ao substrato, a cauda regride e desaparecem a notocorda e grande parte do tubo nervoso que ficavam nessa região.

Vertebrados

Bagre nadando

Entre os craniatas há representantes adaptados aos ambientes terrestre, aéreo e aquático, como os peixes (Foto: depositphotos)

Tradicionalmente o nome vertebrado tem sido empregado para todos os cordados que não sejam urocordados ou cefalocordados. Embora esse nome faça referência à presença de vértebras, formando a coluna vertebral, nem todos os chamados vertebrados as possuem. Um exemplo disso são as feiticeiras ou peixe-bruxa que não têm vértebras, mas possuem crânio.

No decorrer da evolução, o crânio surgiu antes das vértebras e todos os animais que possuem vértebras têm crânio. Em função disso, há pesquisadores que preferem usar o termo craniata para se referir a todos os cordados que possuem crânio, deixando o termo vertebrata para cordados que, além do crânio, possuem vértebras, que fazem parte do endoesqueleto cartilaginoso ou ósseo.

Entre os craniatas há representantes adaptados aos ambientes aquático, terrestre e aéreo. O tamanho dos animais deste grupo varia desde os muito pequenos, como alguns peixes de cerca 0,1 grama, até animais muito grandes, como as baleias, que chegam a 170 toneladas.

No desenvolvimento embrionário dos vertebrados surgem as membranas extraembrionárias: primeiramente, o saco vitelino nos peixes; depois o âmnion, o córion e o alantoide nos répteis, nas aves e nos mamíferos.  

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • Os cordados são os urocordados, os cefalocordados e os vertebrados.
  • Os cordados possuem uma notocorda ou corda dorsal.
  • Os cordados possuem simetria bilateral, corpo segmentado e circulação fechada.
  • Uma característica dos cordados é a cauda pós-anal.
  • Os arcos faríngeos participam da respiração dos cordados.

Exercícios resolvidos

1- Quem são os cordados?
R: Animais que possuem notocorda ou corda dorsal.
2- Cite caraterísticas dos cordados.
R: Cauda pós-anal, Notocorda, Sistema Nervoso Dorsal, Endóstilo e Metameria.

3- Para que serve a causa pós-anal nos cordados?
R: Locomoção, fixação, defesa ou ataque.

4- Quem faz parte dos cordados?
R: Urocordados, os cefalocordados e os vertebrados.

5- Cite alguns animais cordados?
R: Anfioxo, Ascídias e alguns Peixes.

Referências

» ROCHA, R. M. Filo Chordata. Classe Ascidiacea. Biodiversidade bentônica da Região Sudeste-Sul do Brasil—Plataforma externa e talude superior. Série documentos Revizee: Score Sul, v. 1, p. 164-165, 2004.

» FARIA, Renato Gomes; DE BRITO, Marcelo Fulgêncio Guedes. Cordados II. 2011.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.