Turismo na Cordilheira dos Andes

A Cordilheira dos Andes é um dos destinos favoritos de turistas de todo mundo, justamente por sua grandiosidade e história milenar. A maioria dos países por onde a cadeia montanhosa se estende é favorecia pelas atividades turísticas, onde os viajantes buscam, além de conhecer as paisagens exuberantes, também vivenciar experiências pessoais, em um ambiente que guarda memórias de acontecimentos que marcaram a história da humanidade.

O que é a Cordilheira dos Andes?

A Cordilheira dos Andes é uma extensa formação geológica composta por cadeias montanhosas que se estendem por toda a costa da América do Sul, com cerca de 8000 km de extensão territorial, desde a Venezuela até a Patagônia. Cadeias montanhosas como a Cordilheira dos Andes são formações geológicas consideradas jovens, ainda com poucos desgastes erosivos.

Esse tipo de relevo é formado a partir dos movimentos orogênicos da crosta terrestre, os quais são movimentos que ocorrem no interior da Terra, e que geralmente não possuem uma longa duração geológica, constituindo formações geológicas mais recentes e ainda instáveis. No caso da Cordilheira dos Andes, o processo formativo desta foi ocasionado pelo choque entre duas placas tectônicas diferentes: a Placa de Nazca e a Placa Sul-Americana.

O choque entre as duas placas teria ocorrido no período Terciário, da Era Cenozoica, quando surgem os dobramentos modernos ocasionados pelas pressões vindas do interior da Terra. A placa tectônica de Nazca está localizada a esquerda da América do Sul, e a região onde ela se encontra é considerada uma área de alta atividade sísmica, justamente por ser o ponto de convergência entre ela e placa Sul-americana, a qual encontra-se a direita da Cordilheira dos Andes, conforme imagem abaixo:

Turismo na Cordilheira dos Andes - Placas Litosféricas

Imagem: Google Imagens

Embora por muito tempo tenha-se acreditado que a formação da Cordilheira dos Andes tenha ocorrido gradativamente no decorrer de um longo período histórico, pesquisas mais recentes refutam esta teoria, e mostram que a formação da cadeia montanhosa teria sido um processo bastante rápido, a partir do movimento da placa de Nazca em direção à placa Sul-americana. Por ter uma densidade maior, a placa de Nazca teria penetrado por debaixo da outra placa, ocasionando um soerguimento do terreno na região, dando origem à formação geológica que hoje ali se encontra.

A região entre as placas tectônicas de Nazca e Sul-americana é considerada uma área de grande instabilidade geológica, chamada de área de limites convergentes, ou zonas de convergência ou ainda de limites destrutivos. Isso ocorre por conta dos movimentos horizontais ocasionados pelas placas tectônicas sobre o magma. Embora não seja perceptível no cotidiano, as placas tectônicas estão sempre em movimento, moldando o relevo terrestre.

Por ser uma área de instabilidade geológica, existem na região vários vulcões. Países como Bolívia, Peru, Chile possuem um relevo marcado pela presença de montanhas e contam em seus territórios com vulcões inativos e ativos, formados pelas atividades no interior da Terra nestas regiões. O ponto mais elevado da Cordilheira dos Andes é chamado de Monte Aconcágua, o qual é considerado como a montanha mais alta do mundo fora do território asiático, contando com cerca de 6.962 metros de altitude, localizado na Argentina.

Turismo na Cordilheira dos Andes - Cerro Aconcagua

Foto: depositphotos

Os povos andinos

Os países que são cortados pela Cordilheira dos Andes, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Chile, formam o que se convencionou chamar de América Andina. E os povos que vivem nestas regiões são chamados de povos andinos, os quais possuem uma cultura própria com base nas particularidades dos locais em que vivem. Há, nesta região, uma necessidade de adaptação das populações em relação ao meio em que vivem, uma vez que existem regiões de frio rigoroso, onde as condições de sobrevivência e subsistência são dificultadas.

Atualmente os povos andinos possuem características miscigenadas, a partir do contato entre os europeus com os povos indígenas que viviam na região. Apesar disso, em algumas localidades como regiões do Peru e Bolívia ainda residem povos com características físicas e culturais que lembram o passado histórico da região. Há, no Peru, por exemplo, grupos indígenas que descendem dos incas, civilização histórica que viveu na Cordilheira dos Andes, e que fundaram no século XIII a capital do império, a cidade sagrada de Cuzco. Macchu Picchu, descoberta apenas em 1911, mostra um pouco da estrutura construída por aquela civilização.

Turismo na Cordilheira dos Andes - Macchu Picchu

Foto: depositphotos

Além do Império Inca, civilização a qual já era formado por uma variedade de povos andinos, o povo Nazca, civilização que floresceu entre 200 a.C. e 600 d.C. e antecessores dos Incas, viveram no sul do Peru, na região dos Andes, próxima à Cordilheira, onde situa-se o deserto de Nazca, o qual é possível encontrar as misteriosas linhas e geoglifos de Nazca. A exemplo do Povo de Nazca, houveram diversos outros povos e civilizações que antecederam os incas, expressivas ou pequenas, e vários de seus registros podem ser encontrados na região dos Andes, desde à Colômbia até ao Chile, sendo uma das civilizações mais antiga registrada da América Andina é a que viveu no atual Equador, conhecida como Cultura Valdívia com registros entre 3500 a.C. a 1800 a.C.

Turismo na Cordilheira dos Andes

Devido à extensão territorial da Cordilheira dos Andes, ela perpassa diversos países da América do Sul, Chile, Argentina, Peru, Bolívia, Equador e Colômbia, os quais são formados por paisagens diversificadas que atraem turistas do mundo todo. Cada um dos países possui particularidades turísticas, pois, apesar de todos serem cortados pela Cordilheira dos Andes, a extensão territorial é bastante grande, imprimindo marcas diferentes nas paisagens dos países andinos.

Argentina

Na Argentina, por exemplo, há um destaque maior para o Monte Aconcágua, por ser um dos pontos mais elevados do mundo, ficando apenas atrás dos montes localizados no continente asiático. Uma das regiões mais visitadas na Argentina é Mendonza, cidade que é capital da Província de Mendonza, e que se encontra na base da Cordilheira dos Andes, onde o turista pode visitar as montanhas nevadas, especialmente nas épocas mais frias do ano.

Bolívia

A Bolívia é um país que possui particularidades em suas características físicas, possuindo três grandes regiões naturais, formadas a partir dos três sistemas hidrográficos que compõem o território. É no território boliviano que a Cordilheira dos Andes irá atingir sua largura máxima, próximo aos 650 km de extensão.

Peru

No Peru, um dos pontos turísticos mais visitados é a cidade perdida dos Incas, Machu Picchu, a qual é considerada um Patrimônio Mundial pela UNESCO.

Chile

O Chile, por localizar-se entre o Oceano Pacífico e a Cordilheiras dos Andes, oferece aos turistas uma variedade muito grande de paisagens naturais, desde uma árida, no Deserto do Atacama ao norte, até terras geladas ao sul do país. No Chile há locais em que os turistas podem estar em contato direto a com neve, nos centros de esqui existentes no país, como o Vale Nevado.

A Cordilheira dos Andes oferece paisagens diversificadas durante o inverno e o verão, e são ponto de atração de turistas que se deslocam de diversas formas, desde excursões até isoladamente para vivenciar experiências particulares, contanto com uma paisagem de extraordinária beleza. Independente do país que se opte por conhecer as Cordilheiras dos Andes, certamente é uma viagem que fica pra sempre na memória, pela grandiosidade e pelos elementos históricos que compõem as paisagens da região andina.

 

Referências

» PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Dia a Dia Educação. Relevo: Cordilheira dos Andes. Disponível em: < http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=698&evento=7>. Acesso em: 06 de maio de 2017.

» VESENTINI, José William. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2011.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).