Coronelismo – História e características

O Coronelismo foi um período da história do Brasil, mais precisamente no período republicano entre o final do século XIX e início do XX, onde vigorava no país uma política controlada e comandada pelos ricos fazendeiros, donos de grandes faixas de terras chamados coronéis, dai o uso do termo. Como a base da economia brasileira era vinculada na produção agrícola, no latifúndio, esses homens possuíam um grande poder, tanto financeiro quanto social.

A origem do termo Coronelismo

Coronelismo - História e características

Foto: Reprodução

É comum ligarmos o termo Coronelismo apenas ao período referente a República Velha, porém, é importante lembrar que sua origem é bem mais antiga que esta, e que ela já existia quando o Brasil ainda vivia sobre um regime de monarquia.

Durante essa época aconteceu a criação da chamada  Guarda Nacional, em abril de 1831 pelo motivo da deposição do Imperador Dom Pedro I. Com esta atitude estava sendo criado o que podemos chamar de coronelismo institucional,  tendo em vista que os postos militares eram colocados a venda, e assim, os proprietários de terras, que possuíam uma ótima condição financeira, poderiam comprar os títulos disponíveis e passar a ter um novo status social. Essas vendas de títulos aconteciam entre os períodos de 1831 e 1842, e estava a disposição dos ricos senhores escolher entre: Tenente, capitão, major, tenente-coronel e o máximo da hierarquia, coronel da Guarda Nacional.

Quando o Brasil saiu do período monárquico e entrou no republicano, ainda continuou-se a usar o termos coronelismo, porém, com um significado mais fácil de se entender e um poder ainda maior, já que agora não eram apenas títulos a venda, pois os grandes latifundiários exerciam um grande poder entre o povo de baixa renda, os trabalhadores pobres, em sua maioria analfabetos. Esses latifundiários eram os chamados coronéis, e eram uma pequena parcela da população.

Os coronéis e os trabalhadores

Com a economia do país sendo retirada especificamente das nossas terras, esses coronéis eram tidos como homens de grande importância, pois eles eram responsáveis por produzir e escoar toda a riqueza econômica nacional, que vinha diretamente da área rural. Por esse motivo, sempre que alguma grande decisão deveria ser tomada, era na área rural, na casa do grande senhor de terras que se davam as reuniões. O coronel tinha uma autoridade que ninguém poderia questionar, e essa autoridade lhe dava autonomia para ter ao seu lado a própria polícia que lhe protegia e lhe respeitava.

Como possuíam milhares de funcionários, eles tinham em suas mãos uma máquina de votos, que quando chegava a época da política era muito bem explorada. Muitos desses trabalhadores eram impedidos de estudar, a maioria dos coronéis não gostavam de ver seus funcionários instruídos, pois isso poderia prejudicar seus interesses. Na época eleitoral aconteciam as ameaças e a troca de votos, instrumentos que esses latifundiários usavam para eleger a si ou seus candidatos. Se alguém ousasse revidar a ordem do coronel quanto a escolha do candidato serviria de exemplo para os outros, sofrendo perseguição e violência. Foi daí que surgiu o termo “voto de cabresto”.

Características do Coronelismo

  • Voto de Cabresto: Os coronéis negociavam os votos, se aproveitando de um sistema eleitoral frágil para manipular a escolha de seus candidatos. As regiões controladas pelos coronéis recebiam o título de curral eleitoral;
  • Fraude eleitoral: Para obter seus objetivos era comum o desaparecimento de urnas, a alteração de votos ou o uso do conhecido voto fantasma, que era quando os coronéis adquiriam documentos falsificados para que as pessoas pudessem votar várias vezes, usando até nomes de pessoas já falecidas.
  • Política do café-com-leite: No início do século XX São Paulo e Minas eram os estados mais ricos do país. O Primeiro lucrava com o café, e o segundo tinha seu maior lucro na produção de leite e derivados. Os políticos destes dois locais faziam acordos entre si para continuarem a se manter no poder.
  • Política dos Governadores: O presidente da república e os governadores dos estados faziam acordos políticos baseados nas trocas de favores, para que desta forma ambos pudessem manter um governo sem nenhuma perturbação. Os governadores que apoiassem o presidente teriam em troca a facilidade na hora de conseguir a liberação de verbas federais.

Quando aconteceu a Revolução de 1930 e Getúlio Vargas chegou à presidência da República, o coronelismo foi perdendo cada vez mais força e deixando de existir em muitas regiões brasileiras. Porém, mesmo nos dias de hoje, depois de passados tantos anos, podemos ver que o coronelismo pode ser facilmente encontrado nos períodos eleitorais, se não com esse nome, mas sim com as atitudes, pois mesmo sendo crime muitos candidatos recorrem a compra de votos para conseguirem chegar ao poder.