Crescimento populacional

Os estudos sobre população são de extrema relevância no âmbito das discussões geográficas, uma vez que a Geografia é uma ciência social, que se preocupa com as formas pelas quais a sociedade e natureza produzem, dialeticamente, o espaço geográfico. Assim, conhecer conceitos sobre população são fundamentais, para que se possa compreender a organização espacial. 

Crescimento da população

O ritmo de crescimento demográfico foi relativamente lento durante muito tempo da história da humanidade, intensificando-se a partir do século XIX: Revolução Industrial e Urbanização. Esse crescimento foi expressivo durante os séculos XIX e XX, primeiramente nos países desenvolvidos, depois nos mais pobres.

Nas últimas décadas do século XX esse crescimento já não era tão expressivo nos países ricos e em alguns pobres. Mas continuava intenso nos países africanos e islâmicos. Vários autores se referiram ao período entre 1950 a 1987 (quando a população dobrou seu tamanho) a uma “explosão demográfica” (boom demográfico), o que na verdade é apenas uma parte do processo de transição demográfica.

Crescimento populacional

Foto: depositphotos

Crescimento Vegetativo

O crescimento da população de um dado local tem três categorias, sendo elas:

  • Positivo: Quando o número de nascimentos é maior que o de mortes.
  • Negativo: Quando o número de nascimentos é menor que o de mortes.
  • Nulo: Quando o número de nascimentos é igual ao de mortes.

Parte-se da taxa de mortalidade para compreender as taxas de natalidade, pois em geral os índices de mortalidade mudam primeiro, e só depois os de natalidade (Ex: período após guerra, quando costuma-se ter um aumento da natalidade como forma natural de equilibrar a população, baby-boom). Com as melhorias sanitárias (séc. XIX), houve um declínio das taxas de mortalidade e, posteriormente nas taxas de natalidade. O que ocorreu primeiro nos países desenvolvidos e depois nos subdesenvolvidos. 

Como conhecer as taxas de crescimento da população?

Existem dois métodos para saber se a população de um país cresceu ou diminuiu:

  • Diferença entre o número de pessoas que saíram (emigrantes) e que entraram (imigrantes). Serve para escala local, mas não para saber a população do mundo.
  • Diferença entre nascimentos (natalidade) e óbitos (mortalidade). Serve para escala local e população mundial: Crescimento Vegetativo. 

Fases do crescimento demográfico

Historicamente, a evolução demográfica ocorreu em fases, as quais podem ser divididas da seguinte forma:

  • 1ª fase: É um momento em que o crescimento populacional se sucedeu de forma lenta. A primeira fase da transição demográfica, também chamada de pré-transição, ocorre quando há um certo equilíbrio entre as taxas da natalidade e mortalidade, porém ambas com valores muito altos. Nesses casos, são sociedades que contam com um baixo desenvolvimento econômico e social, onde nascem muitas pessoas anualmente e, ao mesmo tempo, perdem-se muitas vidas em razão de epidemias, baixa expectativa de vida e precárias condições sanitárias. Um cenário como esse pôde ser visto na Europa na fase inicial de sua industrialização (séc. XVIII). Essa fase vai desde os primórdios da humanidade até o final do século XVIII, cujas características são alta natalidade e alta mortalidade, ocasionando baixo índice de crescimento demográfico. Nessa época, a expectativa ou esperança de vida era baixa. Acredita-se que, na Grécia e na Roma Antigas, a média de vida era de apenas 25 anos.
  • 2ª fase: Na segunda fase ocorre aquilo que muitos denominam por explosão demográfica, o crescimento acentuado da população em um curto período de tempo. Mas a teoria da transição demográfica demonstra que esse processo não ocorre pelo aumento das taxas de natalidade, e sim pela diminuição brusca das taxas de mortalidade, em razão das melhorias sociais em termos de saúde, saneamento, acesso à água e outros fatores. Esse processo ocorreu na Europa ao longo do século XIX, em boa parte dos países emergentes ao longo do século XX (inclusive no Brasil) e atualmente acontece nos países periféricos, com destaque para a Nigéria e outras nações em desenvolvimento. O continente europeu também acompanhou uma explosão demográfica acentuada no período pós-guerra, o que gerou a expressão “geração baby boom”. Ou seja, elevadas taxas de natalidade e baixas taxas de mortalidade. Nessa fase, ocorre grande crescimento da população e hoje a maioria dos países subdesenvolvidos encontra-se nela. Os países desenvolvidos industrializados da Europa ocidental, os chamados “desenvolvidos velhos”, foram os primeiros a atingir essa fase, principalmente no século XIX, ao passo que nos países “desenvolvidos novos” (Estados Unidos, Canadá, Rússia, Japão) ela ocorreu na primeira metade do século XX e, nos países subdesenvolvidos, a partir da segunda metade do século XX. 
  • 3ª fase: À medida que as sociedades se desenvolvem, a tendência geral é haver uma redução nas taxas de natalidade, o que se explica pela difusão do planejamento familiar, a inclusão da mulher no mercado de trabalho, a intensiva urbanização (no campo, as taxas de fecundidade são sempre maiores), entre outros fatores. Por esse motivo, há um gradativo processo de declínio do número de nascimentos, o que acontece em uma velocidade inferior à queda da mortalidade. Esse processo passou a ser vivido no Brasil na segunda metade do século XX, sobretudo a partir da década de 1970. Essa fase é caracterizada pelas baixas taxas de natalidade e baixas taxas de mortalidade, resultando em baixíssimo crescimento e até mesmo em estagnação do crescimento populacional. A transição demográfica aqui se encontra concluída. Hoje estão nessa fase os países desenvolvidos, a maior parte deles com taxas de crescimento muito baixas (geralmente inferiores a 1%), nulas e até negativas.
  • 4ª fase: A estabilidade demográfica é atingida quando as taxas de natalidade e mortalidade finalmente se equilibram. Nos países desenvolvidos, tem ocorrido uma transformação na estrutura familiar. A taxa de fecundidade é baixa, permanecendo em torno de 1,5 filho por mulher. Muitos países apresentam taxas inferiores a 2,1 filhos por mulher, mantendo assim estabilizado o tamanho de sua população.
Crescimento populacional - Transição Demográfica

Foto: Reprodução/Google Imagens

Distribuição da população: conceitos

Para a Geografia, é importante saber os dados sobre população, e um dos elementos mais relevantes é compreender como essa população está distribuída no mundo. Há uma desigualdade neste sentido, pois enquanto algumas regiões são amplamente ocupadas, outras não são ocupadas por grandes quantidades populacionais. Essa questão gera um problema de uso e ocupação massivo do meio em algumas áreas, enquanto outras tantas ficam ociosas.

  • Densamente povoadas: áreas que tenham como característica uma densa ocupação populacional, ou seja, altos índices de concentração demográfica.
  • Vazios demográficos: são assim reconhecidos os espaços com baixíssimos índices de ocupação populacional, ou seja, baixa concentração demográfica. As causas da desigual ocupação são várias, desde históricas até naturais. Existem áreas densamente povoadas tanto em países desenvolvimentos quanto em subdesenvolvidos (explicados geralmente por causas históricas). O fator econômico é um dos mais relevantes para explicação da distribuição espacial da população.
  • População Absoluta: número total de habitantes, independentemente do tamanho do território.
  • População Relativa: número de habitantes por quilometro quadrado.

 

Referências

» DAMIANI, Amélia. População e Geografia. 10ª Ed. São Paulo: Contexto, 2015.

» VESENTINI, José William. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2011.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).