Crescimento vegetativo

Os estudos da população são essenciais para que seja possível o conhecimento sobre a estrutura de uma dada sociedade, sendo que a partir disso é possível se pensar em políticas públicas direcionadas à cada realidade. Para conhecer as condições da população, os indicadores sociais são informações relevantes e um dos principais elementos de análise é o crescimento vegetativo, podendo ser este positivo, nulo ou negativo.

Crescimento demográfico

As mudanças populacionais estão atreladas aos contextos do desenvolvimento dos países, de modo que é comum um elevado índice de natalidade, por exemplo, em países subdesenvolvidos. Enquanto em países desenvolvidos é comum um envelhecimento populacional.

Assim, as características demográficas são reflexos das condições sociais num dado local. Durante um expressivo período da história da humanidade houve um crescimento populacional lento, o qual começou a ser mais expressivo a partir do século XIX com alguns eventos importantes como a Revolução Industrial e o consequente processo de urbanização.

O índice de crescimento vegetativo pode ser considerado como um reflexo das várias sociedades

Em países desenvolvidos é comum um envelhecimento populacional (Foto: depositphotos)

Um crescimento mais elevado foi registrado durante os séculos XIX e XX, o que ocorreu primeiramente nos países desenvolvidos e depois nos subdesenvolvidos.

Houve uma desaceleração que também ocorreu primeiramente nos países desenvolvidos e continuou bastante intensa nos países subdesenvolvidos e naqueles que mantinham questões culturais com altos índices de natalidade. Houve um momento específico na história da humanidade que ficou denominado como “explosão demográfica” ou ainda “boom demográfico”, o qual se estendeu entre 1950 e 1987, quando houve um elevado índice de natalidade no mundo.

O que é crescimento vegetativo?

O crescimento vegetativo é um importante índice, o qual representa uma relação entre as taxas de natalidade e as taxas de mortalidade. Ou seja, uma relação entre a quantidade de pessoas que nascem e aquelas que morrem em uma determinada sociedade.

O crescimento vegetativo pode ser positivo, quando os índices de natalidade são maiores do que os índices de mortalidade, podem ser ainda nulos, quando os índices de natalidade e mortalidade são equilibrados e ainda podem ser negativos, quando os índices de mortalidade são mais elevados do que os índices de natalidade. O índice de crescimento vegetativo pode ser considerado como um reflexo das várias sociedades, mostrando a estrutura demográfica destas.

De modo geral, as taxas de mortalidade são essenciais para a compreensão das taxas de natalidade, sendo que é comum uma mudança primeiramente nas taxas de mortalidade, ou seja, primeiro alteram-se os índices de mortalidade para somente depois alterarem-se as taxas de natalidade.

Quando são utilizadas pirâmides etárias para visualização destes índices, nota-se que há primeiramente um alargamento do topo das pirâmides, os quais representam as pessoas em idades mais avançadas. E, somente depois é que se nota um estreitamento da base da pirâmide, ou seja, aumenta-se a quantidade de idosos e consequentemente diminui-se a quantidade de crianças.

E esse fenômeno ocorre primeiramente nos países mais desenvolvidos, depois nos países em processo de economia emergente, sendo que nos países subdesenvolvidos continua havendo um elevado índice de natalidade, sendo que a mortalidade se mantém elevada. 

O que é a Transição Demográfica?

Existe uma importante teoria sobre a população, a qual explica das dinâmicas pelas quais passa a demografia de uma dada sociedade em quatro etapas. A teoria da Transição Demográfica pode explicar vários fenômenos demográficos ocorridos em momentos específicos da história, e se divide nas seguintes fases:

  • Primeira fase: é uma fase de crescimento lento, também chamada de pré-transição. Neste momento, há um equilíbrio entre as taxas da natalidade e mortalidade, ambas se mantendo elevadas. Ou seja, os índices de nascimentos e de mortes são elevados neste processo. Esse momento da transição demográfica representa uma sociedade com um baixo desenvolvimento econômico e social, ou seja, sociedades subdesenvolvidas. As causas para os elevados índices de mortalidade são casos de epidemias, baixa expectativa de vida e precárias condições sanitárias. Enquanto as elevadas taxas de natalidade são comuns por conta das precárias condições de acesso aos métodos contraceptivos e o escasso acesso à saúde. Na prática, essa situação vai desde os primórdios da humanidade até o final do século XVIII nas regiões mais desenvolvidas do globo.
  • Segunda fase: neste momento da transição demográfica ocorre o chamado “boom demográfico”, quando as taxas de natalidade ainda se mantêm bastante altas e as taxas de mortalidade reduzem. Ou seja, na prática, aumenta a expectativa de vida da população, com mais pessoas chegando a idades mais avançadas. No entanto, isso ainda não se reflete nas taxas de natalidade. As taxas de mortalidade podem reduzir por vários fatores, como as melhorias nas condições de acesso aos recursos de saúde, um avanço em relação ao saneamento, bem como o acesso à água de qualidade. Vários países ainda subdesenvolvidos encontram-se nesta fase, com índices ainda bastante elevados de natalidade.
  • Terceira fase: nesta fase do desenvolvimento demográfico, segundo a teoria da transição demográfica, há uma redução das taxas de natalidade e também das taxas de mortalidade. Verifica-se que as taxas de mortalidade caíram primeiramente, para somente depois das taxas de natalidade reduzirem. As taxas de mortalidade continuam caindo nesse processo, no entanto, as taxas de natalidade caem em velocidade mais intensa. Vários países desenvolvidos encontram-se neste momento do processo, quando alguns autores compreendem que a transição demográfica esteja concluída.
  • Quarta fase: neste momento, entende-se que as taxas de natalidade e as taxas de mortalidade estejam equilibradas, há, portanto, uma estabilização. Neste momento, há uma tendência ao envelhecimento populacional, pois os índices de natalidade irão se manter baixos, no entanto, é inevitável que as pessoas venham a falecer. Assim, um dos principais problemas gerados neste sentido é a diminuição da População Economicamente Ativa (PEA), que é a parcela da população em idade apta ao mercado de trabalho. Essa é uma condição comum aos países desenvolvidos, como é o caso da Alemanha. Nessa situação, alguns países têm flexibilizado a questão migratória, aceitando populações estrangeiras por conta da escassez de mão-de-obra. Essa população de imigrantes acaba influenciando na constituição da população de um dado local, podendo influenciar na pirâmide etária dos locais analisados.

 

Referências

» MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia. São Paulo: Scipione, 2011.

» VESENTINI, José William. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2011.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).