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Dia do fico: saiba o que foi e a data exata

Certamente você já ouviu na escola sobre o Dia do Fico. Porém, pouca gente lembra a importância histórica que teve esse dia para o Brasil e para o futuro da nossa nação. Nesse artigo você saberá mais detalhes sobre o que foi o Dia do Fico, quem o proclamou e em quais condições.

Entenderá ainda por meio deste resumo onde aconteceu o Dia do Fico e qual era a situação social e política para esse acontecimento. Se você tem curiosidade de saber mais sobre a Independência do Brasil, vale salientar que esse dia marcou profundamente as transformações que levaram o país a se libertar de Portugal. Veja mais agora.

O que foi o Dia do Fico?

O Dia do Fico faz parte da história do Brasil quando Portugal dominava as nossas terras. O Dia do Fico sucedeu-se em 9 de janeiro de 1822 e passou a existir por conta do príncipe regente Dom Pedro de Alcântara.

Foi ele quem disse: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”. Por isso, essa data ficou conhecida como o Dia do Fico.

Dom Pedro I

Dom Pedro I foi autor da frase que marcou o dia do Fico (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Porém, você tem que entender por que o príncipe precisou declarar que iria ficar por aqui e como se deu essa escolha. É o que você saberá agora.

Contexto histórico do Dia do Fico

Desde que foi “descoberto”, o Brasil passou a ser colônia de Portugal. Essa nação europeia sempre carregou consigo o espírito aventureiro e foi por conta das grandes navegações que aconteceram no século 15 e 16, que o Brasil recebeu a visita de Pedro Álvares Cabral.

Foi no dia 22 de abril que o navegador português avistava as terras de Vera Cruz, como o Brasil foi chamado primeiramente. A porta de entrada foi o estado da Bahia, próximo a Porto Seguro.

Foram muitos anos entre idas e vindas de portugueses e, principalmente, exploração das nossas riquezas naturais e especiarias.

Porém, no século 19, a Europa vivia dias de perdas por conta do avanço das tropas de Napoleão Bonaparte. A ideia do francês era simplesmente invadir países, destituir o governo e subordinar a população ao seu domínio. Ele já expandia muito o seu poder e sua intenção era unificar todo o Velho Mundo.

Veja também: Biografia de Dom Pedro I [7]

E foi nessa época que Portugal passou a ser ameaçada por Bonaparte, pois ele já se aproximava das suas terras para dominá-las. Essa possibilidade ganhou força e, em 1808, a corte portuguesa simplesmente não viu outra saída se não deixar o seu próprio território por conta das tropas napoleônicas.

E o que restou para o império português? Refugiar-se em terras brasileiras! Foi assim que toda a Coroa Portuguesa desembarcou no Brasil. O rei Dom João VI e sua família aportaram no Brasil e tornaram o Rio de Janeiro o centro do Império Português.

Assim sendo, o Brasil deixou de ser uma colônia de Portugal para se tornar Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, por conta da presença de toda a corte em nosso território, em 1815.

Mas, a presença da corte portuguesa não significava que eles estavam interessados na prosperidade do nosso país, mas sim na exploração das nossas riquezas. Embora tenha sido uma época de muitas obras de infraestrutura para dar mais qualidade de vida à corte, a população em geral, pouco sentiu seus efeitos.

O jornalista Laurentino Gomes fez um relato da época da chegada da corte ao Brasil no livro 1808. Na obra, ele afirma:

“Os novos hóspedes pouco se interessavam pela prosperidade do Brasil. Consideravam temporária a sua ausência de Portugal e propunham-se mais a enriquecer-se à custa do Estado do que a administrar justiça ou beneficiar o público”.

O que provocou o Dia do Fico

Depois que a ameaça de Napoleão Bonaparte passou, a população portuguesa e os comerciantes do país passaram e exigir o retorno de Dom João VI para as terras lusitanas.

Os portugueses estavam muitos descontentes com a ausência da corte de Portugal e também estavam enciumados com a abertura dos portos brasileiros, uma vez que isso naturalmente abria uma concorrência com os comerciantes portugueses.

A cidade do Porto liderou o motim e seus moradores começaram a se movimentar para chamar atenção da corte que estava no Brasil. A mobilização ganhou duas adesões de peso: Lisboa e dos militares.

Juntos, eles conseguiram sensibilizar a população que também já estava cansada do desgoverno de um império ausente.

O episódio ficou conhecido como a Revolução Liberal do Porot quando eles tiraram Lord Beresford do poder e criaram a Junta Provisória, conclamando uma nova constituição.

E por conta da pressão popular dos portugueses, o Rei teve que voltar para Portugal depois de 13 anos fora. Em 7 de março de 1821 de D. João VI anunciou que iria voltar para Portugal e deixaria D. Pedro como representante do governo português no Brasil. Ele partiu em 24 de abril de 1821 chegando em Portugal dois dias depois.

O retorno de Dom João deixaria o clima no Brasil ainda mais instável.

Porém, os portugueses também não gostaram nada de saber que o príncipe-regente D. Pedro I havia ficado no Brasil. Para você entender os motivos é só imaginar que os portugueses queriam que o Brasil voltasse a ser uma mera colônia.

Porém, a presença real de um herdeiro do trono português no Brasil não permitia que nossas terras voltassem à categoria de colônia. Enquanto estivesse alguém de sangue real por aqui, o Brasil continuaria sendo parte do Reino Unido de Portugal.

As elites portuguesas começaram a pressionar e promulgaram decretos anulando os poderes regenciais de Dom Pedro, que pesou para ele como uma espécie de traição.

Enquanto isso, os comerciantes brasileiros apoiavam o príncipe e entregaram mais de 8 mil assinaturas pedindo que o regente D. Pedro I não deixasse o Brasil.

O príncipe recebeu uma carta oficial ordenando a sua volta imediata a Portugal. E foi nesse contexto que no dia 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I disse a famosa frase: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”.

Essa atitude de D. Pedro foi uma demonstração de rebeldia do príncipe diante da sua própria família que já pedia o seu retorno e do povo português, que há muito queria que ele retornasse à Europa.

Consequências do Dia do Fico

Com a decisão de ficar no Brasil, D. Pedro entraria em choque direto com os interesses dos portugueses e desobedeceria a ordem de voltar para Portugal. Esse foi o mais importante dos passos para que o nosso país se tornasse uma nação independente. A postura de D. Pedro demostrava que ele tinha escolhido defender a causa brasileira. Era o início do Movimento da Independência.

Criação do Partido Brasileiro ou Partido da Independência

Mas esse movimento tinha um grande apoio tanto de conservadores, como de radicais. Os primeiros tinham a intenção de realizar a independência do Brasil somente por interesses comerciais. Eram os grandes comerciantes e proprietários de terras que comandavam grandes negócios.

Já os radicais queriam se livrar de Portugal para realizar mudanças sociais, como a escravidão e a reforma agrária. Esses eram os padres, jornalistas, estudiosos, pesquisadores, funcionários públicos e militares em geral.

Veja também: Biografia de Dom Pedro II [8]

Apesar de terem intenções bem particulares, os dois grupos se uniram a Dom Pedro I. Eles formaram o Partido Brasileiro que viria depois a ser chamado de Partido da Independência.

Depois do Dia do Fico, o Príncipe Dom Pedro passou a ser um grande aliado dos interesses desse partido e, por isso mesmo chegou a receber em maio de 1922, o título oficial de Defensor Perpétuo do Brasil, oferecido pelo Senado da Câmara do Rio de Janeiro.

Convocação de uma Assembleia Constituinte

O Dia do Fico foi responsável por grandes mudanças de postura do Brasil diante de Portugal. Com a decisão do Príncipe Dom Pedro I de decidir ficar no Brasil, ele abriu a possibilidade de estrear em nossas terras uma época diferente de tudo o que ela já havia protagonizado.

Uma delas foi a convocação de uma Assembleia Constituinte no mês de junho de 1822. Esse evento nada mais foi do que um chamado para que os representantes políticos do Brasil se unissem para juntos criarem uma constituição brasileira.

Declaração de guerra contra tropas portuguesas

Vendo que a situação entre Portugal e Brasil se agravara ainda mais depois do Dia do Fico, Dom Pedro decidiu tomar outra decisão radical: a de proclamara que as tropas portuguesas eram inimigas do Brasil.

Essa consideração ocorreu em agosto de 1822, sete meses depois do Dia do Fico. Na prática, ele alertou para que o força militar portuguesa não tentasse invadir e desembarcar no Brasil, pois seria considerada como inimiga na nação.

Independência do Brasil

Essa foi a última das consequências do Dia do Fico. A declaração da Independência do Brasil aconteceu no dia 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, no estado de São Paulo:

O Príncipe Regente Dom Pedro declarou: “Laços fora, soldados! As cortes querem mesmo escravizar o Brasil. Cumpre, portanto, declarar já a nossa independência. Desde este momento estamos definitivamente separados de Portugal: Independência ou Morte seja a nossa divisa!”.

Depois de aclamada a independência do Brasil de Portugal, o fato tornou-se oficial somente em dezembro quando o príncipe regente era coroado como o imperador do Brasil passando a ostentar o título de Dom Pedro I. Era o início do Primeiro Império do Brasil.

Exercícios e ideias para debater o Dia do Fico

Se você quer algumas maneiras criativas de debater o Dia do Fico, eis algumas ideias:

Dia do Fico e sua importância para o Brasil

Ficou claro, ao longo do artigo, o quanto o Dia do Fico foi importante para o Brasil. Foi a partir dele que grandes mudanças começaram a acontecer e que outras passaram efetivamente a ganhar traços.

É inegável que o seu papel para a independência do Brasil foi crucial. Somente depois que Dom Pedro disse a frase: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”, os conservadores e liberais ganharam mais força para apoiar a libertação do Brasil de Portugal.