Economia do Japão

O Japão é um país localizado no extremo Oriente, conhecido como “terra do Sol nascente”, e é constituído por um arquipélago localizado na costa Leste da Ásia, no Oceano Pacífico Norte, banhado pelos mares: Mar do Japão a oeste, ao sul o Mar da China Oriental e ao norte o Mar de Okhotsk. É uma das maiores potências econômicas do mundo, sendo referência na área de tecnologias.

Características históricas da economia do Japão

Durante muito tempo, o Japão se configurou como um território fechado às negociações internacionais, isso porque desde o século XII ele esteve sob um sistema semelhante ao feudalismo, chamado de “xogunato”. Havia um líder central chamado de “xogum”, que se configurava como um chefe político e também militar. A estrutura da sociedade japonesa era constituída também pelo imperador, o qual atuava como uma liderança espiritual, sem poder efetivo.

Houve um importante xogum, denominado “Ieyassu Tokugawa”, o qual unificou os clãs existentes e instituiu o Estado no Japão durante o século XVI. Neste mesmo século os japoneses tiveram o primeiro contato com o ocidente, com a chegada dos navegadores portugueses, porém os dois séculos que se seguiram foram marcados pelo isolamento do Japão em relação ao restante do mundo, formando um sistema extremamente fechado, onde nem mesmo trocas comerciais eram permitidas.

Economia do Japão

Foto: depositphotos

Esse isolamento japonês foi rompido no ano de 1853, quando os Estados Unidos bombardearam o Japão, instituindo ali o imperialismo estadunidense. O acontecimento dividiu as opiniões dos japoneses, muitos dos quais já cansados dos altos impostos pagos e da repressão sofrida. No entanto, havia também temor em relação ao futuro dos japoneses, sob domínio dos Estados Unidos. Houveram conflitos, como a Revolução Meiji. Ainda que na segunda metade do século XIX, o Japão ainda se encontrava em condição praticamente feudal.

Após muitos conflitos e a vitória Meiji, o Japão se constitui como um governo centralizado na figura do imperador submetendo os chefes xoguns ao seu poder. Foi instaurado uma Monarquia Constitucional a qual vigorou até o fim da Segunda Guerra Mundial. Com estabelecimento do Império o território japonês começou a passar por uma rápida modernização das instituições políticas e sociais dos demais campos. Houveram expressivos avanços também na área da Educação, bem como na economia, com um profundo investimento industrial.

O Japão moldou sua economia conforme premissas do sistema capitalista, tendo como referencial o capitalismo asiático, formando um capitalismo tardio, influenciado tanto pelos conceitos asiáticos, quanto pelos ocidentais. O Japão sofreu profundas transformações ao longo do tempo, especialmente durante o século XX. Antes praticamente colonizado e amplamente influenciado pelos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, modernizou o seu sistema político com uma nova Constituição, estabelecendo uma monarquia constitucional parlamentar bicameral e com os poderes do Estado – Executivo, Legislativo e Judiciário – independentes. Rapidamente se reconstruiu do conflito mundial e configurou-se em uma potência imperialista, destacando-se principalmente no campo econômico.

A reestruturação no pós-guerra

O Japão foi um dos países arrasados no contexto da Segunda Guerra Mundial, especialmente por apresentarem em seu restrito território poucos recursos naturais e uma expressiva população vitimadas pelas bombas atômicas. Apesar das dificuldades, o Japão apresentou um rápido e profundo desenvolvimento no contexto após a Segunda Guerra Mundial e, em cerca de vinte anos, se destacou como segunda maior economia do mundo.

Apesar de ter sido arrasado no contexto da Segunda Guerra Mundial, o Japão conseguiu se reerguer, em um primeiro momento, com auxílio dos Estados Unidos, potência mundial no contexto, que visavam conter os avanços socialistas no mundo. O crescimento japonês ocorreu a partir dos incentivos à população japonesa para o trabalho, tendo em vista que estes seriam os responsáveis pela reestruturação do país.

Tendo como pano de fundo uma população disciplinada, baixos salários pagos aos trabalhadores e condições deploráveis de trabalhos nas fábricas, o Japão começou a se desenvolver. Esse desenvolvimento rápido gerou também consequências negativas, como a intensa poluição do meio ambiente e degradação do trabalhador. Essas condições fizeram o Japão repensar sua política industrial, mudando ao longo dos anos o foco da indústria de base e química para indústria de bens de consumo, especialmente àquelas relacionadas à tecnologia.

Ainda na década de 1970, o Japão passou a competir com os Estados Unidos em várias áreas da economia. Ainda, nesta mesma década, o governo japonês sentiu a necessidade de organizar seu espaço industrial, tendo em vista o restrito território físico do Japão. Para isso, indústrias como as de base, foram transferidas para outros países, como a Coreia do Sul, Taiwan e até mesmo o Brasil. Além disso, dentro do próprio Japão foi necessária uma reorganização industrial, com a intenção de redistribuir melhor e descentralizar os polos industriais do país, embora ainda hoje a região de Tóquio seja a mais industrializada.

Atualmente, com a organização multipolar mundial, o Japão continua sendo uma das maiores potências econômicas, disputando o cenário asiático com a China. O Japão possui uma política externa mais modesta do que a China, por exemplo, mas mantém relações comerciais com diversos países, especialmente quanto à necessidade de importação de matéria-prima e produtos agrícolas, tendo em vista que o território do Japão possui recursos naturais limitados.

O Japão foi o país que se desenvolveu mais rapidamente no período após a Segunda Guerra Mundial, e esse crescimento econômico possibilitou uma ascensão social aos japoneses, os quais se tornaram reconhecidos produtores e consumidores de tecnologias da informação. Esse crescimento também atraiu vários imigrantes ao Japão, inclusive muitos brasileiros (em sua maioria descendentes). No entanto, em 2002 o Japão sofreu um decréscimo em sua economia, ocasionado especialmente pelos endividamentos e pelo desemprego crescente.

Outra questão relevante em relação à economia japonesa é quanto ao envelhecimento populacional, o que acabou se tornando um empecilho para o constante crescimento da economia. Com as baixas taxas de natalidade e altas expectativas de vida da população, havia um potencial de pessoas ativas no mercado de trabalho. No entanto, conforme a população ia envelhecendo, e tendo menos filhos, o número de pessoas aptas ao trabalho diminuiu. Houve um desequilíbrio na economia. O que no contexto atual tem sido amenizado pelas massivas levas de imigrantes advindos de países em conflitos, os quais acabam se constituindo também como mão-de-obra em países onde há um envelhecimento da população e redução da população economicamente ativa.

Como está a economia do Japão hoje?

A economia japonesa sofreu interferências dos contextos de crise econômica mundial mais recentes, principalmente após 2008, mas apesar disso, tem se recuperado expressivamente. São destaques da economia japonesa a produção e exportação de carros e de peças eletrônicas, produtos com alta demanda no mercado exterior, nos quais os japoneses se destacam pelo emprego de modernas tecnologias.

Atualmente o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão fica apenas atrás dos Estados Unidos e da China. Durante um bom tempo, no entanto, o Japão esteve na frente da China em relação ao desenvolvimento, com a ascensão da economia chinesa, o Japão passou a ser a terceira maior potência econômica mundial. Apesar disso, a população japonesa continua tendo um elevado padrão de vida, uma vez que o Japão possui uma renda per capita maior, tendo melhor distribuído os recursos econômicos do que a China, no entanto, ainda pior do que os Estados Unidos no quesito da renda per capta.

Apesar de vários países estarem sofrendo um processo de recessão na economia, o Japão tem apresentado uma taxa de crescimento anual na casa de 1%, resultado este advindo do crescimento das exportações e investimentos no país. A moeda japonesa (Iene) encontra-se desvalorizada, o que acabou por diminuir os níveis de consumo entre os japoneses. Esse fator tem gerado uma deflação no país, ou seja, uma queda nos custos dos produtos.

O Japão tem uma economia fortemente industrial e tecnológica, e por isso, uma demanda de importação de matéria-prima, como aço e alumínio, bem como de recursos energéticos, como carvão e petróleo. Além disso, o país tem investido em recursos energéticos alternativos, como energia produzida através das marés (maremotriz), energia produzida a partir de geotermia (calor interno da Terra) e nuclear.

No setor industrial japonês, destacam-se o campo automotivo, eletroeletrônico e de produção de navios. Além do setor industrial, destaca-se a rizicultura de jardinagem (produção de arroz), bem como o plantio de chás, ainda a sericicultura (criação do bicho da seda), dentre outros. Sendo que estes últimos são, em grande parte, para o abastecimento do mercado interno japonês, uma vez que são produtos amplamente utilizados no cotidiano dos japoneses.

Curiosidades

  • São importantes marcas japonesas: Seiko (relógios); Canon, Nikon (câmeras, ótica e imagens); Sony (eletrônicos, entretenimento); Nintendo (videogames); Mazda, Toyota, Nissan (automóveis); Honda, Kawasaki, Suzuki (motocicletas), Yamaha (motocicletas e instrumentos musicais), Panasonic, Toshiba (eletrônicos); Ajinomoto (alimentos).
  • O sistema de organização do trabalho mundial que substituiu o então modelo conhecido como fordismo surgiu na década de 1950 na fábrica de automotores da Toyota, modelo este que ficou conhecido como toyotismo e disseminado no mundo todo.
  • O arroz é produzido desde milhares de anos atrás no Japão, e é parte da dieta cotidiana dos japoneses. Além da alimentação, o arroz possui um caráter místico na cultura dos japoneses.

 

Referências

»BRASIL. Embaixada do Japão no Brasil. A economia do Japão em uma Era de Globalização. Disponível em: < http://www.br.emb-japan.go.jp/cultura/economia.html>. Acesso em: 17 de abril de 2017.

»MIYAZAKI, Silvio. Breve ensaio sobre a economia japonesa e sua relação com o Brasil, 2012. Disponível em: < http://fjsp.org.br/site/wp-content/uploads/2012/11/economia_japonesa-silvio_miyazaki.pdf>. Acesso em 17 de abril de 2017.

»MOURA E CASTRO, Luiz Fernando Damasceno. Sistema de Governo Japonês. PUC Minas, 2007. Disponível em: <http://portal.pucminas.br/imagedb/conjuntura/CES_ARQ_DESCR20070411125859.pdf>. Acesso em 23 de abril de 2017.

»SILVA, Edilson Adão Cândido da; JÚNIOR, Laercio Furquim. Geografia em rede. São Paulo: FTD, 2013.

»VESENTINI, José William. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2011.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).