No texto original de Horácio, tem-se a seguinte recomendação para Leucone:
“Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.”
Neste sentido, o autor aconselha à amiga a não se preocupar com o destino e com o que os deuses reservam para eles. Além disso, o autor avisa o quanto a vida é breve e recomenda não se iludir com esperanças. Por fim, diz para Leucone enfrentar a vida, pois enquanto se fala, ela está passando. Portanto, “aproveite o dia, confia o mínimo possível no amanhã.”
O conselho de amigo é verdadeiro, o tempo passa muito rápido e se prender tentando prever o futuro é uma perda de tempo. Por isso, o hoje deve ser vivido intensamente, sem amarrações com o passado e sem preocupações com o futuro. Viver, sentir e se entregar ao agora é o carpe diem.
Durante os anos, o carpe diem de Horácio tornou-se sentimento e inspiração para outros artistas. Robert Herrick, autor inglês renascentista, escreveu em 1600 um poema que dedicou às virgens chamado de “To the Virgins, to Make Much of Time”. Na obra literária, o autor aconselha as moças que aproveitem suas respectivas juventudes. Na primeira estrofe o escritor diz:
“Gather ye rosebuds while ye may,
Old Time is still a-flying:
And this same flower that smiles to-day
To-morrow will be dying.”
De acordo com a professora de inglês Ana Lígia, uma possível tradução deste primeiro parágrafo é: “Reúna os seus rosebuds (um tipo de flor) enquanto estiverem, tempos antigos continuam voando e essa mesma flor que sorri pra você hoje amanhã estará morrendo.”
Ainda levando em consideração este poema, o diretor Peter Weir criou o filme “Sociedade dos Poetas Mortos”. A obra cinematográfica mostra como um professor de literatura inglesa aborda temas com os seus estudantes. Em uma das cenas do filme de 1989, o educador provoca os alunos com este mesmo trecho do poema de Herrick, fazendo uma analogia com o carpie diem.