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Equinodermos

Os animais do filo Echinodermata (equinodermos ou equinodermas), como as estrelas-do-mar, bolachas-da-praia, estrelas-serpentes, pepinos-do-mar, lírios-do-mar e ouriços-do-mar, são exclusivamente marinhos, invertebrados e de vida livre. 

O nome desse grupo faz referência à presença de espinhos na pele”, característica que deu nome ao filo (echinos = espinhos; derma = pele).

Ouriço-do-mar

Os ouriços-do-mar têm os espinhos bem desenvolvidos, característica do filo (Foto: depositphotos)

Em alguns, como a estrela-do-mar, os espinhos são pouco desenvolvidos, em outros, como o ouriço-do-mar, são fortes e bem desenvolvidos.

Características dos equinodermos

Os equinodermos são animais triblásticos (que possuem três tipos de tecidos), celomados (com cavidade embrionária) e apresentam várias características compartilhadas com os cordados.

Possuem simetria primária (simetria da larva) bilateral e simetria secundária (simetria do adulto) radial, organizada com base em cincos raios, diz-se por isso que a simetria no adulto é pentarradial.

Características comuns aos equinodermos e protocordados

Algumas características mostram parentesco evolutivo entre os equinodermos e os protocordados. São elas:

  • O celoma forma-se de dobras do intestino primitivo do embrião, sendo chamado de enteroceloma (do grego énteron = intestino);
  • O blastóporo origina o ânus, e a boca surge em outra região; são chamados de deuterostômios (do grego dêuteron = secundário);
  • O esqueleto, coberto pela epiderme, é produzido pela derme, camada que se forma da mesoderme; trata-se de um endoesqueleto.

Reprodução dos equinodermos

Os sexos são quase sempre separados e as gônadas desembocam no exterior por orifícios na superfície do corpo. Em geral, a fecundação é externa. O desenvolvimento é indireto, com formação de larvas planctônicas ciliadas, de simetria bilateral, que sofrem metamorfose e transformam-se no adulto.

Capacidade de regeneração

Estrela-do-mar na praia

As estrelas-do-mar conseguem regenerar braços danificados (Foto: depositphotos)

Muitos equinodermos apresentam grande capacidade de regeneração. As estrelas-do-mar podem regenerar braços danificados. Em algumas espécies, um único braço, desde que possua uma parte da região central do corpo, pode crescer e transformar-se em um animal completo. 

Essa capacidade de regeneração pode funcionar como reprodução assexuada, em que a divisão do corpo origina novos indivíduos.

Morfologia e fisiologia do equinodermos

A maioria dos equinodermos apresenta simetria pentâmera, também chamada simetria pentarradial (do grego penta = cinco). Isso significa que o corpo dos equinodermos pode ser dividido em cinco planos em volta de uma área central onde fica a boca. Esses planos são demarcados pelas zonas ambulacrárias.

Os órgãos sensoriais estão distribuídos pela periferia do corpo e os animais recebem informações de todas as direções do ambiente, o que é uma adaptação à vida séssil (o animal vive fixo a um substrato) ou com pouca mobilidade.

Os equinodermos fazem parte da comunidade bentônica ou bentos (do grego bénthos = profundo), que é o conjunto de seres que vivem no leito do mar. Alguns equinodermos são sésseis, ou seja, vivem fixos, como os lírios-do-mar e as esponjas. Outros equinodermos, como as estrelas-do-mar, movem-se.

Nos ouriços-do-mar, os espinhos são longos e móveis, participando da locomoção, além disso, muitos equinodermos também apresentam pedicelárias: pequenas estruturas que geralmente possuem um pedúnculo, na extremidade do qual existem peças que se articulam como uma pinça. As pedicelárias têm por função remover detritos e fragmentos que se depositem sobre o animal.

Nos equinodermos representados pelas estrelas-do-mar e pelo ouriço-do-mar distinguimos uma região oral, onde se situa a boca e uma região aboral, onde se situa ânus, oposta à boca. Em outros representantes do grupo há variação na posição relativa de ânus e boca.

Locomoção

Os equinodermos possuem um sistema exclusivo, relacionado basicamente com a locomoção: o sistema ambulacrário, hidrovascular ou vascular aquífero. É um sistema de canais pelo qual circula água do mar. Os canais comunicam-se com pequenos tubos, os pódios, também chamados de pés ambulacrários (do latim ambulare = caminhar), ligados a dilatações chamadas ampolas.

No sistema ambulacrário há uma placa madrepórica, situada na região aboral que permanece em contato com o meio externo. A água penetra pela placa, que é perfurada, passa para o canal pétreo e chega ao canal circular, de onde é distribuída pelos canais radiais às ampolas e aos pés ambulacrários.

O sistema ambulacrário é inteiramente revestido por cílios, que promovem a movimentação da água dentro dos canais. A musculatura é mais desenvolvida nas ampolas e nos pés ambulacrários. A contração dos músculos das ampolas empurra a água para os pés, que se alongam e se fixam ao substrato como ventosas. Em seguida, a musculatura do pé sofre contração, empurrando a água para a ampola, que se distende, nesse momento, os pés retraem-se.

A ação combinada de milhares de pés move lentamente o corpo do animal sobre rochas ou areia.

Classificação dos equinodermos

Tradicionalmente, os equinodermos têm sido divididos em cinco classes, que podem ser caracterizadas com base na estrutura externa do corpo.

Classe Asteroidea (asteroides)

Duas estrelas-do-mar

As estrelas-do-mar fazem parte da classe dos asteroides (Foto: depositphotos)

É representado pela estrela-do-mar, que possui uma região central da qual saem cinco braços (às vezes, mais) com ocelos nas extremidades. Os braços apresentam movimento e ajudam na captura de presas.

As estrelas-do-mar são carnívoras: alimentam-se de corais, moluscos, crustáceos e até peixes. Algumas causam grandes danos aos recifes de corais.

Echinoidea (equinoides)

Ouriço-do-mar

Os ouriços-do-mar fazem parte da classe dos equinoides (Foto: depositphotos)

É representado pelo ouriço-do-mar e pela bolacha-do-mar ou ouriço-escudo, animais que não possuem braços.

Na boca, os equinoides apresentam cinco dentes calcários fortes, integrados a uma estrutura denominada lanterna de Aristóteles. Esta parte é muito desenvolvida nos ouriços, que a empregam para arrancar pedaços de alga, dos quais esses animais se alimentam.

Os ouriços são frequentes em pedras e recifes do litoral e podem ocorrer acidentes quando as pessoas pisam em seus espinhos. Nesses casos, deve-se limpar e desinfetar o local e remover os pedaços de espinhos.

Em alguns países, os ouriços-do-mar são usados como alimento.

Ophiuroidea (ofiuroides)

Serpente-do-mar

As serpentes-do-mar fazem parte da classe dos ofiuroides (Foto: depositphotos)

Apresentam um disco central nitidamente separado dos cinco braços, que são finos e muito ágeis. Os ofiuroides não possuem ânus, são conhecidos por serpentes-do-mar, estrelas-serpentes ou ofiúro.

É um equinodermo parecido com a estrela-do-mar, mas com braços mais longos e flexíveis, usados para locomoção.

Crinoidea (crinoides)

Lírio-do-mar

Os lírios-do-mar fazem parte da classe dos crinoides (Foto: depositphotos)

É representado pelo lírio-do-mar, que vive preso por ramificações (cirros) em rochas ou em outros suportes.

Holothuroidea (holoturoides)

Pepino-do-mar

Os pepinos-do-mar fazem parte da classe dos holoturoides (Foto: depositphotos)

Possuem o corpo alongado e espinhos reduzidos. Os holotúrias possuem no interior do corpo uma estrutura especial chamada árvore respiratória relacionada com as trocas gasosas. São os pepinos-do-mar.

Esses animais não possuem carapaça. Seu esqueleto está reduzido a placas microscópicas, por isso seu corpo é mole.

Risco de extinção

O filo dos equinodermos surgiu durante o período Cambriano, há cerca de 600 milhões de anos. No Brasil, a maioria possui distribuição costeira e muitas espécies foram incluídas na lista de ameaçadas de extinção.

Tais extinções podem decorrer de várias ações impactantes, como: alterações da estrutura costeira, destruição dos recifes, fortes processos de sedimentação originada por atividades de dragagem, crescimento urbano sobre a linha da praia, pisoteio pelos banhistas, descargas de esgotos e atividades turísticas não regulamentadas.

Algumas estrelas-do-mar, por exemplo, são comercializadas in natura nos mercados públicos de Recife (PE), causando drástica diminuição das populações no ambiente natural. O mesmo ocorre com as carapaças de ouriço-do-mar que também são utilizadas como artefatos decorativos ou até religiosos nas cidades litorâneas.

Resumo do Conteúdo
Nesse texto você aprendeu que:

  • Os equinodermos são marinhos, invertebrados e de vida livre. 
  • Os representantes dessa classe são: as estrelas-do-mar, os ouriços, as serpentes-do-mar, entre outros.
  • Uma característica dos equinodermos é a presença de espinhos na pele.
  • Muitos equinodermos apresentam grande capacidade de regeneração.

Exercícios resolvidos

1- Cite três características do equinodermos.
R: São animais marinhos, invertebrados e de vida livre.
2- Cite exemplos de equinordermos.
R: Estrela-do-mar, ouriço-do-mar e pepino-do-mar.
3- Os equinodermos são divididos em quantas e quais classes?
R: Em cinco classes: asteroides, equinoides, ofiuroides, crinoides e holoturoides.
4- Como os equinodermos se locomovem?
R: A partir do sistema ambulacrário.
5- O que quer dizer equinodermo?
R: Significa animais com espinhos na pele.
Referências

» BENÍTEZ-VILLALOBOS, F.; CASTILLO-LORENZANO, E.; GONZÁLES-ESPINOSA, G. S. Listado taxonómico de los equinodermos (Echinodermata: Asteroidea y Echinoidea) de la costa de Oaxaca en el Pacífico sur mexicano. Revista de Biología Tropical, v. 56, n. 3, p. 75-81, 2008.

» ALVARADO, J. J.; SOLÍS-MARÍN, F. A.; AHEARN, C. Equinodermos (Echinodermata) del Caribe Centroamericano. Revista de Biología Tropical, p. 37-55, 2008.

» SOLÍS-MARÍN, Francisco A.; LAGUARDA-FIGUERAS, Alfredo. Equinodermos (Echinodermata).

» Melgarejo, F. Camacho-Rico, KC Nájera-Cordero (Eds.). La biodiversidad en Chiapas. Estudio de Estado, p. 181-185, 2013.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.