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Escritores do Realismo

Nesse artigo você vai conhecer os principais escritores do Realismo. Mas antes de mais nada, é importante entender o contexto que fez surgir esse movimento no mundo todo. Na segunda metade do século XIX, desenvolveu-se na Europa, mais especificamente a partir da França, um movimento artístico e cultural denominado Realismo.

Entre suas características estavam o uso de linguagem política e de denúncia dos problemas sociais – como pobreza, miséria, exploração, corrupção, entre outros. Além de possuir forte caráter ideológico, com a descrição dos costumes em uma linguagem coloquial e regional.

Os escritores, com uma linguagem clara e objetiva, iam direto ao foco da questão, contrário ao romantismo que era subjetivo, e suas críticas eram direcionadas às instituições, Igreja Católica e burguesia.

De acordo com o crítico literário Alfredo Bosi, há nos escritores antirromânticos um esforço de aproximar-se impessoalmente dos objetos e das pessoas, numa sede de objetividade, devido à influência dos métodos científicos das últimas décadas do século. Os temas eram opostos aos do Romantismo, não mais engrandecendo os valores sociais, mas sim combatendo-os ferozmente.

No Brasil, o Realismo nasceu em consequência da crise causada pela queda da economia açucareira, o crescimento da influência dos estados do sul do país e o crescente descontentamento da burguesia.

Principais escritores do Realismo

Considera-se que o francês Flaubert é o primeiro escritor a sustentar a preocupação científica na prosa, com o intuito de captar a realidade tal como ela é. Por esse motivo, sua obra é o marco inicial do movimento na Europa.

Gustave Flaubert

A obra ‘Madame Bovary’, de Gustave Flaubert, é tida como marco do Realismo (Foto: Wikipédia)

Confira a seguir quais são os principais escritores da literatura realista.

Gustave Flaubert (1821 – 1880)

Nascido em Rouen, na França, Flaubert foi um importante prosador. Entre as características marcantes de suas obras estão a profundidade de suas análises psicológicas, a lucidez sobre o comportamento social e a força de seu estilo.

Madame Bovary”, sua obra mais famosa, foi impressa na “Revue de Paris” em outubro de 1856. Ela é considerada o marco inicial do movimento literário denominado Realismo. Outras obras do escritor incluem os títulos “A Educação Sentimental” (1869) e “Salambô” (1862).

Charles Dickens (1812 – 1870)

Charles John Huffam Dickens, mais conhecido como Charles Dickens, foi o mais popular dos romancistas ingleses da era vitoriana. É considerado um dos principais escritores do Realismo [1] Inglês, tendo contribuído para a introdução da crítica social na literatura de ficção inglesa.

Dentre as obras destacam-se “Oliver Twist” e “David Copperfield”.

Eça de Queiroz (1845 – 1900)

Um dos escritores mais importantes da literatura portuguesa, Eça de Queiroz foi autor de renomados romances, como “Os Maias” e “O Crime do Padre Amaro”. Porém, esse primeiro é considerado, por muitos estudiosos, o melhor romance realista português do século XIX.

Guy de Maupassant (1850 – 1893)

A obra do escritor e poeta francês destaca-se pelas situações psicológicas e de crítica social com técnicas realistas. Escreveu romances e teatros, além de 300 contos, dentre os quais se destacam os títulos “Mademoiselle Fifi”, “A Pensão Tellier” e “O Horla”.

Machado de Assis (1839 – 1908)

Considerado um dos melhores romancistas da literatura brasileira [2] de todos os tempos, Machado de Assis sempre teve em suas obras a predominância do pessimismo e da ironia. Sua complexa obra expõe a caracterização psicológica das personagens e o retrato social da época, e os temas comuns giram em torno de adultério e a exploração do homem pelo próprio homem.

Joaquim Maria Machado de Assis [3] nasceu na cidade do Rio de Janeiro, e foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. As obras do grande escritor brasileiro passaram por muitos gêneros literários, entre eles o Realismo.

Machado de Assis

Machado de Assis é um dos principais escritores realistas do Brasil (Foto: El País)

A peculiar narrativa machadiana demonstra a preocupação do escritor com a linguagem, convocando o leitor a interagir com a sua criação.

Entre suas principais obras da fase realista de Machado de Assis estão Memórias Póstumas de Brás Cubas [4] (1881), “Quincas Borba” (1891), “Dom Casmurro” (1899) e “Memorial de Aires” (1908).

Raul Pompeia (1863 – 1895)

Participante ativo de agitações estudantis, Raul Pompeia sempre foi ligado aos ideais republicanos e abolicionistas. Estudou jornalismo, escrevendo crônicas, folhetins e contos para o jornalismo profissional.

Sua consagração definitiva como escritor se deu com O Ateneu [5]”, obra realista, publicada pela primeira vez em 1888. Entre suas principais obras estão, além de “O Ateneu”, “Uma tragédia no Amazonas”, “Canções sem Metro” e “As Joias da Coroa”.

Artur de Azevedo (1855 – 1908)

Irmão mais velho de Aluísio de Azevedo, também escritor, Artur de Azevedo era jornalista, dramaturgo, poeta e contista. Escreveu diversos poemas satíricos sobre as pessoas de São Luís, o que lhe custou seu emprego. Ao lado de seu irmão Aluísio, o escritor nascido em São Luís foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Grande defensor da abolição da escravatura, publicava em artigos de jornais e cenas de revistas os seus ideais, proibidos na época. Suas peças principais foram “O Liberato” e “A família Salazar”. Esta última, proibida pela censura imperial, foi escrita em colaboração com Urbano Duarte, e publicada mais tarde com o título “O Escravocrata”.

Aluísio de Azevedo (1857 – 1913)

Jornalista, escritor e cronista, Aluísio de Azevedo seguiu, primeiramente, uma linha romântica – com intuito apenas de vender para poder pagar suas contas. Em sua fase Realista-naturalista, procurava publicar suas obras com representações dos problemas do Brasil em evidência.

A obra intitulada “O Mulato” foi a que causou maior repercussão na população. Outras obras importantes do autor foram “O Cortiço” e “Casa de Pensão”.

Influenciado por naturalistas [6] europeus, incluindo Émile Zola, o escritor capta a mediocridade rotineira e preconceitos, demonstrando a influência do meio social e da hereditariedade na formação dos indivíduos.