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O homem infectado pela doença libera os ovos do platelminto [5] (verme) através de suas fezes. Quando as fezes entram em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas no meio ambiente. As larvas infectam os caramujos do gênero Biomphalaria, hospedeiros intermediários que vivem em águas doces.
Após algumas semanas, as larvas saem do caramujo na forma de cercárias (larvas com cauda) e ficam nadando livremente nas águas. Quando o ser humano entra em contato com água contaminada pelas cercárias, ele é infectado. Na fase adulta, o parasita vive nos vasos sanguíneos do intestino e do fígado do homem, o hospedeiro definitivo. Se a doença não for tratada corretamente, o indivíduo pode vir a óbito nos casos mais severos.
1- As fezes de um indivíduo infectado com esquistossomose contêm pequenos ovos dos parasitas que são eliminados em água doce, pequenos açudes e até mesmo em represas de água parada;
2- Os ovos se rompem (eclodem) na água liberando pequenos miracídios (larva ciliada) que penetram nos caramujos do gênero Biomphalaria (hospedeiro intermediário);
3- Dentro dos caramujos, as larvas se desenvolvem, perdem os cílios e passam por um ciclo de reprodução assexuada, formando as cercárias. As cercárias possuem cauda bifurcada e são liberadas para a água novamente;
4- As cercárias têm um tempo de vida curto e precisam rapidamente penetrar na pele do ser humano (hospedeiro definitivo) para completar o ciclo. Ao penetrarem na pele do homem através de enzimas digestivas, é comum este apresentar coceira no local. Desse modo, as cercárias conseguem atingir a corrente sanguínea;
5- As cercária migram pela corrente sanguínea até o fígado, onde irá se desenvolver e se tornar um verme adulto;
6- O verme adulto segue para o intestino e, assim, o homem infectado irá liberar as fezes contaminadas para o meio ambiente, reiniciando o ciclo de transmissão da esquistossomose.
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A fase aguda da doença é caracterizada por febre, dor de cabeça, tosse, diarreia, calafrios, sudorese, dor muscular, falta de apetite e fraqueza. Também pode ocorrer alterações e inflamações no fígado e baço. A fase crônica é marcada por diarreia e também por momentos de prisão de ventre, podendo ter sangue nas fezes.
Além disso é comum o indivíduo sentir tonturas, palpitações, dor de cabeça, prurido anal, emagrecimento, impotência, enrijecimento e aumento do volume do fígado. Em situações extremas, ocorre magreza acentuada e aumento abdominal, a famosa barriga d’ água.
O diagnóstico clínico é feito com base na sintomatologia e nas alterações na barriga do indivíduo, mas também é importante o diagnóstico laboratorial. Este é feito através de exame parasitológico das fezes, através do método Kato-katz. Esse método permite a observação e contagem dos ovos do parasita.
O tratamento é feito pelos médicos de acordo com a gravidade do problema. Para os casos mais simples, é administrado medicação de acordo com a idade e o peso do paciente. Geralmente é feito com remédios antiparasitários como Praziquantel e Oxaminiquine, que eliminam os parasitas do hospedeiro (o homem). Em casos mais extremos é preciso que o indivíduo fique internado e, se necessário, passe por alguma intervenção cirúrgica.
A prevenção (profilaxia) é feita evitando o contato com a água contaminada, onde existam caramujos (hospedeiros intermediários). Deve-se redobrar a atenção em áreas rurais, onde não existe tratamento de água adequado, havendo assim, maiores riscos de contrair a doença.
A prevenção pode ser realizada através de simples hábitos, tais como:
1- Evitar o contato com águas de enchentes;
2- Evitar andar descalço na rua e principalmente em regiões próximas a riachos de água doce;
3- Consumir somente água potável, fervida ou filtrada;
4- Controle dos caramujos através de saneamento básico;
5- Evitar se banhar em rios de água doce que tenha caramujos nas proximidades;
6- Combater o caramujo, pois sem o hospedeiro intermediário, o ciclo não irá se completar.
A esquistossomose tem cura sim, desde que devidamente tratada dentro de tempo hábil. Através de medicamentos contra os parasitas, o indivíduo infectado ficará livre da doença. Contudo, se o tratamento for muito demorado, algumas complicações podem acontecer. Essas complicações incluem sangue nas fezes, na urina e nos vômitos, aumento do tamanho do fígado, quadros de anemia e até mesmo atraso no desenvolvimento da criança.
É importante destacar que uma pessoa que ficou curada da esquistossomose pode adquirir a doença novamente, caso seja infectada de novo pelo parasita. As medidas de prevenção e higiene são muito importantes para evitar quadros de reincidência da doença.
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A esquistossomose é uma doença mundial, que atinge cerca de 54 países, principalmente os da América do Sul, África, Caribe e Leste do Mediterrâneo. No Brasil, os estados mais atingidos são: Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal.
» KATZ, Naftale; ALMEIDA, Karina. Esquistossomose, xistosa, barriga d’água. Ciência e Cultura, v. 55, n. 1, p. 38-43, 2003.
» CARMO, Eduardo H.; BARRETO, Maurício L. Esquistossomose mansônica no Estado da Bahia, Brasil: tendências históricas e medidas de controle. Cadernos de Saúde Pública, v. 10, p. 425-439, 1994.