,

Fenícios – resumo sobre política, economia e religião

Nesse artigo você vai conhecer os povos Fenícios, qual religião seguiam, como se organizavam em sociedade, quais costumes e legado cultural deixado para a contemporaneidade. Isso e muito mais você confere a seguir!

A Fenícia não era a mais poderosa, sequer a mais numerosa. Não possuía o maior território e manteve a paz com outros povos por meio de negociações. Suas cidades foram, por mais de 1000 anos, grandes polos comerciais. Inicialmente era voltada para a agricultura, usufruindo da vantagem de seu posicionamento geográfico até alcançar o comércio externo.

A ascensão dessa civilização aconteceu após a queda de Creta, conquistada pelos aqueus em 1400 a.C., estendendo-se até o século VII a. C., surgindo a Fenícia, conquistada pelos assírios, babilônios e persas.

Os povos Fenícios e suas características

Os fenícios eram de origem semita e por volta de 3000 a. C., povoaram as Costas do Mediterrâneo. Foram dominados pelos egípcios e hititas, após a derrota, conseguiram a independência coincidentemente com a queda de Creta e uma nova dominação estrangeira.

Habilidosos nos negócios, os fenícios transformavam as matérias primas estrangeiras em produtos manufaturados e os reexportavam, incluindo armamento de ferro e bronze.  

Mapa povos fenícios

Mapa do domínio dos povos fenícios (Foto: Reprodução | Wikimedia Commons)

Localização geográfica

Esses povos viviam em uma estreita faixa de terra com 200 km de extensão por 40 km de largura, limitada ao norte com a Ásia Menor, ao sul com a Palestina, a leste com a cordilheira do Líbano e a oeste com o mar Mediterrâneo. Contida entre a montanha e o mar, as poucas terras e o solo árido dificultavam o desenvolvimento da agricultura e do pastoreio. Por outro lado, as florestas de cedro do interior e os portos do litoral proporcionavam a construção de navios e o desenvolvimento da navegação.

Religião e Sociedade

Sua religião era animista, atribuía poderes sagrados às montanhas, e diversas manifestações naturais, centradas em ritos e deuses locais. Cada cidade tinha seu deus, acreditavam na vida após a morte e praticavam sacrifícios humanos e sangrentos para agradar aos deuses.

Este povo não possuía divindades marinhas e os principais espíritos eram Baal, deus do trovão e da chuva; Astarte, deusa da fecundidade; Adônis, o deus da vegetação; El Dagon, representava os rios e anunciava as chuvas e Ayan e Anat, filhos de Baal, representavam as águas subterrâneas e a guerra. Erguiam altares nas partes altas de suas cidades para sacrificar pequenos animais em oferenda aos deuses.

Cidades-estados

No território fenício a forma de governar era descentralizada, dispensavam um território unificado. A Fenícia era formada por 25 cidades. As principais cidades-estados fenícias eram Arad, Ugarit, Beirute, Sidon, Biblos e Tiro, as três últimas foram as destacáveis.

Estendiam feitorias e colônias em pontos estratégicos almejando o comercio por todo o Mediterrâneo. O motivo da separação de poderes estava associado a uma disposição geográfica da grande área de extensão das terras, o relevo era montanhoso e acidentado, dessa maneira, mantinha o distanciamento e comunicação entre as cidades.

Biblos

Situava-se ao norte da Fenícia e mantinha relações comerciais aprazíveis com Chipre e Egito, de onde importava papiro para a fabricação de livros. O nome original da cidade era Gubla, mas foi rebatizada pelos gregos como Biblos porque seus comerciantes revendiam os rolos de papiro egípcio para fabricar livros.

Sidon

A mais antiga cidade fenícia, considerada uma das principais bases dos faraós para suas inserções na Ásia. Com a decadência do Egito, passou a ser a mais importante cidade comercial da região, fundando entrepostos nas ilhas do mar Egeu e nas costas do ar Negro.

Tiro

Dominou o comércio no Mediterrâneo. Foi a mais importante cidade fenícia por sua localização, sua expansão comercial e colonial. Fundada em 2700 a. C., teve seu apogeu entre os anos 1000 e 700 a.C.. Acumulou riqueza e sofreu muitas reformas, principalmente no porto, com concentração nas atividades comerciais.

Governo dos povos Fenícios

Os reis controlavam as cidades auxiliados pelos ricos negociantes e proprietários das embarcações (canoas, botes, caiaques, navios, pirogas, balsas, etc) denominados plutocratas.

Assim, as cidades fenícias eram livres umas das outras, com governos, leis e comércio próprios. Os fenícios organizavam-se em colônias, e dispunham de centros de armazenamento dos produtos para o comércio, que compravam e vendiam. Conquistaram as Ilhas Sicília e Sardenha no Mediterrâneo e fundaram Cartago, no norte da África.

Cartago

Principal colônia erguida no Mediterrâneo pelos tírios em 814 a. C.. (atual Tunísia) designada “cidade nova” por proporcionar aos navegadores condições de invadir as ilhas Canárias e a Inglaterra em busca de estanho. Os comerciantes chegaram à ilha de Malta, onde estabeleceram uma de suas principais bases e três sistemas comerciais: simples entrepostos, associação com outros povos e colônias de dominação.

Em 332 a. C., a hegemonia fenícia passa para Cartago. Os conflitos entre romanos e cartaginenses ficaram conhecidos como Guerras Púnicas. A primeira entre 264 a.C. e 241 a.C, os romanos venceram Cartago na Sicília e a região foi transformada em província romana.

Veja também: Destruição de Cartago

A segunda entre 247 a.C. e 218 a.C.  o exército de Cartago derrotou cerca de 60 mil homens romanos, deixando 15 mil mortos, aproximadamente. E a Terceira, entre 149 a.C. e 146 a. C., Roma realizou uma ofensiva contra os cartaginenses e a cidade foi totalmente destruída, seus sobreviventes, na maioria mulheres e crianças, foram feitos de escravos e a região transformada em mais uma província, obrigada a pagar anualmente um tributo aos cofres de Roma.

Ruínas de Cartago

Na imagem é possível ver as ruínas da civilização na ilha de Cartago (Foto: depositphotos)

Relações sociais

Nas cidades-estados, os mercadores tinham destaque no quadro social da sociedade fenícia, e a sociedade era divida em:

  • privilegiados: reis e familiares, negociantes de posse e a frente das embarcações, sacerdotes e a casta religiosa;
  • não privilegiados: pequenos comerciantes, artesãos, pescadores, marinheiros, escravos, agricultores, pequenos negociantes.

Esta divisão firmava a sociedade fenícia diferente dos conjuntos de pessoas que compartilhavam propósitos, gostos, preocupações e costumes. Sua sociedade era de castas (sacerdotes, aristocratas, comerciantes, homens livres e escravos).

O sistema de governo das cidades era a monarquia. O soberano, escolhido entre as famílias ricas, transmitia o cargo por hereditariedade. O monarca era auxiliado por um conselho de anciãos.

Características

O termo fenício é de origem grega – phoinix refere-se a cor vermelho-purpura do tecido fabricado para as roupas de vestuário e complementos por este povo. Eram os melhores comerciantes da Idade Antiga. Sua rota de comércio localizava-se entre o Mar Mediterrâneo, a Síria e a Palestina.

A presença de portos naturais facilitavam as navegações e a troca de ideias entre os povos. O cedro e a púrpura fomentavam as atividades comerciais na Fenícia. Eles também eram hábeis construtores de barcos da Antiguidade. Em suas viagens, orientavam-se de dia pelo sol e a noite pela Ursa Maior (é uma das constelações mais conhecidas do hemisfério norte celeste). Utilizavam em seus barcos a combinação de remos e velas, o que lhes garantia maior velocidade

Os fenícios trabalhavam com escassez de terras, o que dificultava a criação dos animais. De outro lado, contavam com uma amplitude litorânea, contribuindo para o desenvolvimento da caça e da pesca, de fornecimento comercial e de sobrevivência. Considerados os maiores navegadores da Antiguidade, atingiram o Mar Negro, o oceano Atlântico e o mar do Norte, chegando às costas da Inglaterra.

Por volta de 600 a.C., navegadores fenícios, realizaram a primeira viagem de circunavegação (viagem marítima em torno de um lugar, que pode ser uma ilha, um continente ou toda a Terra) da África, partiram do mar Vermelho, contornaram o sul do continente africano e, retornaram ao Egito pelo mar Mediterrâneo.

Embarcação fenícia

Silhueta das embarcações produzidas pelos povos fenícios (Foto: depositphotos)

Os fenícios desenvolveram uma próspera indústria de produção naval têxtil e metalúrgica.

Cedro, riqueza fenícia

Na divisa com a Síria havia montanhas e longas florestas que disponibilizavam uma riqueza sem igual, o cedro, madeira usada em construções para fins de negociação com outras populações da época.             

O cedro libanês atinge no máximo 40 metros de altura, originária do oriente, com estimativa de vida de até dois mil anos, Sua madeira era utilizada nas execuções de projetos elaborados de templos e palacetes na Antiguidade.

Cultura

A herança complexa sobre o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, a política, a religião, a ética do povo fenício foi retirada dos povos da Mesopotâmia e dos gregos. A constante presença de potências estrangeiras na vida cultural da Fenícia causou sua pouca originalidade. As sepulturas fenícias, por exemplo, expressavam razões egípcias ou mesopotâmicas. Habilidosos e pouco criativos, sobressaíram-se:

  • na pintura, escultura, artesanato, objetos de vidro transparente e colorido, cerâmicas, joias, tinturaria de tecidos;
  • na escrita hieroglífica dos egípcios (sinais da escrita de antigas civilizações, tais como os egípcios, os hititas, e os maias);
  • na escrita cuneiforme (escrita feitas com auxílio de objetos em formato de utensílio de metal ou madeira dura) dos sumérios;
  • no alfabeto: os fenícios deram origem ao alfabeto utilizado pelos ocidentais simplificado e reduzido a 22 símbolos consolidados, os gregos somaram cinco vogais às 22 consoantes e difundiram o Alfabeto pelo Ocidente.

Veja também: Como se deu o surgimento do alfabeto?

Alfabeto

O alfabeto Fenício provavelmente surgiu em Ugarit e foi fortemente influenciado pela escrita cuneiforme sumeriana. Consistia em um sistema de 22 sinais consonânticos sendo mais tarde aperfeiçoado pelos gregos. A invenção fenícia tornou mais práticas as relações comerciais e retirou das mãos de poucos o privilégio da leitura e escrita.

Alfabeto fenício

O alfabeto fenício era composto de 22 sinais (Foto: depositphotos)

Em suas andanças pelo mundo antigo, os fenícios divulgaram hábitos, costumes, culinárias, crenças, conhecimentos e línguas que usamos até hoje. Além do alfabeto, passaram aos gregos os conhecimentos de matemática e astronomia assimilados com os egípcios e os mesopotâmicos, desempenhando importante papel na construção naval e na navegação.

Herança dos povos fenícios

As tradições comerciais e as múltiplas culturas sobrevivem ainda hoje no Líbano e a parte da Síria, país que compreende a antiga Fenícia. A revelação do sarcófago do rei Ahiram, em Biblos, decifrou a escrita fenícia. Atualmente, encontra-se no Museu Nacional de Beirute, no Líbano.

Referências

» PETIT, Paul. História antiga. São Paulo, Difel, 1971.

» www.slideshare.net