Fuso horário: Mapa e conceito em geografia

Para entender fusos horários, é necessário retomar o conceito de coordenadas geográficas. As coordenadas são uma rede de linhas imaginárias, estabelecidas pelo homem, que permitem a localização de qualquer ponto na superfície terrestre.  Essa “rede” é formada por linhas horizontais, a que chamamos de paralelos, e por linhas verticais, chamadas de meridianos. Cada um desses traçados possui valores, medidos em graus, conhecidos como latitude (para os paralelos) e longitude (para os meridianos). Dessa forma, ao cruzar um paralelo e um meridiano, temos um ponto da superfície que pode ser localizado com exatidão a partir dos valores de latitude e longitude.

Fusos horários

Devido ao movimento de rotação, no qual a Terra gira ao redor do seu próprio eixo, há níveis de incidência solar diferentes ao redor do planeta, o que permite que tenhamos dias e noites. Para dar essa volta completa, a Terra leva 24 horas. Este é o tempo necessário para todas as linhas imaginárias verticais (meridianos) sejam, em um determinado momento, atingidas pela luz do sol.

Os meridianos, portanto, delimitam a mudança de horário à medida em que o planeta gira. O intervalo entre dois meridianos consecutivos é chamado “fuso”. A Terra foi dividida em 24 fusos. Cada um possui 15º e equivale a uma hora. Para entender essa conta, é simples: pense na forma esférica do planeta,medindo 360°. Se uma volta completa dura 24 horas, então 360º dividido por 24 resulta em 15º por hora.

O meridiano de Greenwich, que passa sobre o antigo Observatório Real de Greenwich, a leste de Londres, é considerado o meridiano de referência, cuja longitude é de 0º. É a partir dele que se calcula o horário dos outros locais do planeta – os países que estão a oeste de Greenwich, como o Brasil, estão “atrasados” em relação ao horário daqueles que estão a leste.

É importante salientar que nem sempre os fusos se limitam às faixas de 15°. Alguns países podem adotar o seu fuso horário de acordo com as próprias normas políticas, podendo aumentar ou diminuir essa área de abrangência. É por isso que, na prática, as linhas dos fusos horários não são retas e uniformes, conforme demonstra a imagem abaixo.

Fuso horário: Mapa e conceito em geografia

Mapa: IBGE

Os fusos horários no Brasil

A ampla dimensão territorial do Brasil, no sentido leste-oeste, possibilita que ele seja atravessado verticalmente por vários meridianos e possua, ao todo, quatro fusos horários. O poder público é o grande responsável por traçar os limites que definem aHora Legal (ou Oficial) do país. Por isso, ao longo dos anos, o país passou por algumas alterações nas marcações dos fusos.

No ano de 2008, um projeto de lei sancionado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva extinguiu o fuso -5GMT (Greenwich Mean Time), ou seja, o 5º fuso a oeste de Greenwich, do qual fazem parte o Acre e parte do Amazonas. A região foi incorporada ao fuso -4GMT. Além disso, todo o estado do Pará passou a integrar um único fuso: o -3GMT.

A determinação durou até o ano de 2010, quando um referendo realizado no estado do Acre demonstrou que a população preferia voltar ao antigo horário, com duas horas de diferença em relação a Brasília. Mais de 56% da população votou contra a mudança de horário, enquanto pouco mais de 43% votou a favor. No caso do Pará, não houve mudança: todo o território do estado continua a ser regido pelo – 3GMT.

Horário de verão no Brasil

O horário de verão foi instituído pela primeira vez no verão de 1931/1932, pelo presidente Getúlio Vargas. Nos primeiros dois anos de vigência, a mudança vigorou por quase seis meses. Depois, a medida foi utilizada em períodos não consecutivos e segue sem interrupções nos dias atuais desde 1985. A média de duração tem sido de 120 dias e abrange os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste – onde há uma diferença mais significativa na quantidade de horas com luminosidade solar entre verão e inverno. Norte e Nordeste, por estarem mais próximos à Linha do Equador, não participam da mudança.

O principal objetivo do horário de verão é aproveitar por mais tempo a luz natural do sol, na estação do ano em que os dias são naturalmente mais longos, adiantando-se os relógios em uma hora. Dessa forma, a política energética visa reduzir a concentração de consumo entre 18h e 21h.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, nos últimos anos o horário de verão gerou uma economia no consumo de energia elétrica agregada (em megawatt/hora) de 0,5%, que permitiu uma economia da ordem de R$ 7,0 bilhões.

Referências

» FITZ, Paulo Roberto. Cartografia básica. São Paulo: Oficina de Texto, 2008.

» REGIONAL, Tribunal Eleitoral do Acre. Plebiscitos e referendos, 2012. Disponível em:<http://www.tre-ac.jus.br/eleicoes/plebiscitos-e-referendos>. Acesso em: 10 de abril de 2017.

» MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Horário de verão brasileiro [sem data].  Disponível em: <http://www.mme.gov.br/en/web/guest/destaques-do-setor-de-energia/horario-brasileiro-de-verao>. Acesso em: 1 de maio de 2017.

Sobre o autor

Lydia Minhoto é professora graduada em geografia pela Universidade de São Paulo e também possui formação no curso de Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).